Nabor Dolberth

Texto de Aldo Dolberth,

com adaptações de Antonio Carlos Popinhaki

Nabor Dolberth, brasileiro, nascido em 08 de dezembro de 1936, no dia da Padroeira do município, natural de Curitibanos, precisamente da localidade do Potreiro dos Franças. Faleceu com 86 anos de idade no dia 14 de julho de 2023, de infarto agudo do miocárdio. Filho mais velho de Sebastião Dolberth e Isulina Mattos Farias Dolberth, com uma família de seis irmãos: Luzardo; Antonio; Dinalda; Bernadete; Joana e Reinaldo, e três meio-irmãos: Osni; Sirlei e Sônia. Estudou até a quarta série primária no Colégio Arcipreste Paiva. Casou-se com Maria Cândida Ribeiro Dolberth em 14/06/1957, e foi residir no interior de Curitibanos, na localidade de Rio dos Cachorros, Orizolândia. Lá exerceu a atividade de agricultor até a idade escolar dos primeiros filhos. Tiveram 8 filhos, Anice, Dirceu, Anete, Aldir, Aldo, Alceu, Cesar e Elizeu, com netos e bisnetos. Gaiteiro por vocação, desde seus 17 anos adquiriu com esforço próprio, uma acordeona Todeschini 120 baixos que deixou de herança para seu neto. Como convidado que era para abrilhantar diversas festas, pixiruns, surpresas de aniversários, carreradas, torneios de laços, festividades religiosas pela região, conheceu sua esposa num desses bailes em casa, e nos finais de semana continuou levando alegria e lazer pelo interior.   

Retornando a residir na cidade no ano de 1965, onde adquiriu um terreno na Rua Capitão Antônio José Pereira no Bairro Bom Jesus, vivendo até seus últimos dias. Aprendeu com o pai o ofício da carpintaria e exerceu com maestria a profissão de carpinteiro por toda a sua existência. Em qualquer canto do município se encontra uma construção, seja Galpão, cobertura, Mangueira para gado, Telhado, Casa, barracão que não tenha sido construído por suas mãos. Sua mão-de-obra ficou eternizada em várias obras da cidade, assim como muitos trabalhadores anônimos, deu sua contribuição no desenvolvimento econômico, social e histórico de Curitibanos. Um trabalhador incansável, mesmo com os acidentes de trabalho sofridos ao longo da profissão, com quebraduras, já aposentado, mas se recusava a parar de trabalhar e assim continuou até seus 80 anos de vida. Nunca rejeitou serviço. Quando não estava em uma obra empreitada, lidava no seu sítio com criação de animais, abelhas, artefatos de madeira, cortando lenha, afazeres do campo. Homem de pouco estudo, mas com muita sabedoria, encaminhou seus filhos para a vida com seu exemplo de trabalho, de honestidade, estimulando o estudo, a fé na vida, alegria, a solidariedade e o amor à família. 

O que mais gostava era se reunir com amigos e familiares para longas conversas, contar causos, lembranças e experiências de vida. 

Por vários anos, participou ativamente como membro da diretoria da capela do Senhor Bom Jesus, ajudando em festas, na manutenção e até na demolição da Igreja de madeira, assim como no início da construção da Igreja nova. Como jovem ainda, ajudou seu pai, inclusive na construção da Igreja Matriz Imaculada Conceição. 

Muitas vezes seu trabalho era voluntário, e não foram poucas às vezes que participou de mutirões para ajudar a construir uma casa para algum parente, um filho ou um amigo que necessitasse.

Por vezes que foi trabalhar em outras cidades, sempre teve orgulho de se apresentar como curitibanense, terra que amou e constituiu sua família.  

Deixou o seu legado, uma história de vida, um exemplo de pai, avô, sogro, esposo que enche de orgulho seus familiares e amigos. Era aposentado, mas nunca teve como objetivo na vida a aposentadoria. Nunca procurou emprego ou vaga, porque nunca lhe faltou trabalho. Não pensava em parar de trabalhar, fazia do trabalho uma arte. Carpinteiro de profissão, sabia que construir era um sacerdócio eterno. Um ser em construção sempre. Mesmo com pouco estudo formal (só o primário), criou os filhos, todos vocacionados para o trabalho e proporcionou-lhes o básico da educação em casa, restando-lhes adquirir instrução e conhecimentos posteriormente na Escola.

Seu neto, André Dolberth, escreveu por ocasião do seu falecimento: “hoje as palavras são poucas por causa da tristeza de te perder. Quero dizer mais, especialmente para quem conheceu Nabor Dolberth. Ele era um grande carpinteiro de Curitibanos, homem honesto, trabalhador, um pai, avô que nos ensinou o que podia. Fez isso a seus filhos e netos e ainda pôde acompanhar os bisnetos. Ainda lutou em suas carpintarias até onde pôde. Se pudesse, estaria lá na lida, mesmo com a idade avançada, não queria se entregar em parar de  trabalhar, mas mesmo parando, ainda foi dedicado em seus trabalhos, fazendo bancos para seus filhos, netos e bisnetos. Somente quem sabe quem foi ele, entende o que estou escrevendo. Vai com Deus, meu meu avô, meu pai. Assim era para mim. Só temos a lhe agradecer por tudo o que nos ensinou. Cuida-nos lá de cima, meu avô, meu pai, pois sabemos que o senhor foi um bom exemplo de vida pra todos nós. Te amo, meu avô. Descanse em paz”.

No dia 17 de novembro de 2023, foi apresentado na Câmara Municipal de Vereadores de Curitibanos, o Projeto de Lei do Legislativo n.º 64/2023 que tinha por objetivo, denominar uma quadra de Futebol Society do Jardim Botânico de Curitibanos de “Quadra de Futebol Society Nabor Dolberth”. Após deliberações e votações, o Projeto de Lei transformou-se na Lei Ordinária Municipal n.º 6951/2023, sancionada em 6 de dezembro de 2023.

No dia 2 de dezembro de 2023, um sábado de sol e calor, foi inaugurada nas dependências do Jardim Botânico de Curitibanos a Quadra de Futebol Society Nabor Dolberth. Um dia memorável para os familiares e presentes na solenidade. Uma justa homenagem a esse curitibanense que ajudou, dentro de suas limitações, na construção da história do município.

Referências:

Com informações de André Dolberth, via Facebook

Fotografias: Acervo da família

Curitibanos — Projeto de Lei do Legislativo n.º 64/2023

Curitibanos — Lei Ordinária Municipal nº 6951/2023