Christiano Pellizzaro e Verginia Vedana casaram-se no dia 26 de abril de 1911. Depois do casamento, o casal estabeleceu-se na cidade de Antônio Prado, na Linha 10 de Julho, interior do Rio Grande do Sul. Verginia era italiana, nascida em Treviso. Já Christiano, era filho de imigrantes italiano. Seus pais se chamavam Catherino Pellizzaro, originário da comuna Rotzo, vindo em 28 de março de 1890 para o Brasil, e Angela Cadore, da comuna de Belluno. Os pais de Verginia se chamavam Felice Vedana e Cristina Spader.
Moraram naquela localidade até o ano de 1947, quando um terrível incêndio destruiu a casa e o armazém da família. Após esse incidente, vários membros da família de Christiano passaram por aperto e dificuldades. Um de seus filhos, de nome José Pellizzaro, se estabeleceu na cidade de Caçador, em Santa Catarina.
Em Caçador, para a família de José Pellizzaro, o principal meio de subsistência era a produção e a comercialização do trigo. O trigo tinha um valor muito elevado e era controlado devido à sua escassez. Naquela época dos anos das décadas de 1940 e 1950, era proibido por lei um estado vender trigo para outro estado devido ao racionamento. José tinha um cunhado de nome Ernesto Bortolotto, esse, tinha um caminhão que fazia fretes e costumeiramente, alguns pequenos contrabandos. José e Ernesto acertaram uma viagem para transportar trigo para fora de Santa Catarina, escondido sob vasilhames de cerveja. Se a fiscalização parasse o caminhão, a carga exposta era evidentemente de cerveja, pois o trigo estava escondido. Na nota só constava cerveja, visto que não poderiam comercializar trigo para outro estado.
Na volta dessa viagem, tiveram que parar forçadamente, devido a uma forte chuva, na cidade de Curitibanos. Não tinha como prosseguir até Caçador. Pernoitaram no Hotel Coninck. Enquanto estavam hospedados naquele hotel, foram abordados por alguns representantes da empresa Driessen & Almeida. Esses homens ofereceram para José e Ernesto um “pinhal”, como se costumava dizer, para um “Capão de Araucárias”. Esse pinhal estava localizado na localidade de Marombas, próximo à estrada que liga Curitibanos a Lebon Régis.
José Pellizzaro não tinha poder aquisitivo para a compra dos pinheiros, por isso, propôs uma sociedade, onde ele entraria com a serraria e a produção seria dividida em partes iguais, com uma condição, a empresa Driessen & Almeida deveria pagar da sua parte, 35 cruzeiros por cada dúzia de 168 pés, como ajuda de custos para a manutenção e o funcionamento da serraria. Os representantes da empresa concordaram com os termos e as condições. Para a montagem e o funcionamento da serraria, José chamou três cunhados e propôs-lhes sociedade no empreendimento: 40% para José, 20% para Ângelo Colombo, 20% para Ernesto Bortolotto, 20% para Santo Agostini.
Uma vez acertados, começaram no árduo trabalho. José se embrenhou nas matas fechadas, abriu estradas e construiu uma pequena casa para moradia, vindo assim, toda a sua família residir na localidade de Marombas. Foi além, procurou o seu pai, na cidade de Antônio Prado e propôs dar-lhe metade da sua parte da empresa, ou seja, 20%, desde que ele viesse morar em Marombas com sua família. O pai poderia abrir um pequeno armazém para fornecer mercadorias para os empregados da serraria. Os irmãos poderiam trabalhar na serraria.
Então foi assim: José Pellizzaro era o mais experiente no ramo madeireiro, por isso além de sócio, era também o gerente. Não demorou muito, no ano de 1950, convenceu o seu irmão Catharino que morava e trabalhava na agricultura na cidade de Seara/SC a mudar-se para Marombas. Aceita a proposta, o irmão veio e comprou uma casa em Marombas, onde abriu com o pai um comércio de secos e molhados. Além do pai, a sociedade tinha ainda os irmãos Achyles, Alcides e Olympio.
No ano de 1956, adquiriram outra serraria, a “Madeireira Consulbrama Ltda.”, que passou a denominar-se “Madeireira Pellizzaro, Bortolotto Ltda.”. A serraria funcionou até o ano de 1960, quando foi destruída por um incêndio. A partir da compra dessa serraria, vários membros da família Pellizzaro, a maioria, filhos de Christiano tornaram-se sócios e trabalharam unidos para o negócio prosperar.
Olympio Pellizzaro foi um deles. Ele nasceu no dia 25 de junho de 1918, entretanto, o seu registro foi efetuado no dia 8 de julho, na cidade de Antônio Prado, no Rio Grande do Sul. Casou-se com Gervásia Madalena Varaschin, natural de Vacaria, Rio Grande do Sul, no dia 28 de agosto de 1942, na cidade de Antônio Prado. O casal teve sete filhos, aos quais deram os seguintes nomes: Anilce Mercedes, Nilza Helena, Walter Alceu, Onivaldo Luiz, Ilda Maria, Arnaldo e Mariza.
Foi após o nascimento do seu terceiro filho, que deixaram a cidade de Antônio Prado, em 1948, para morar na localidade chamada Marombas, município de Curitibanos, Santa Catarina, onde trabalhou no ramo madeireiro com a família. Olympio adorava participar ativamente das atividades daquela localidade. Gostava também de futebol, tendo sido, inclusive, árbitro em algumas partidas disputadas nos precários e apressados campos, construídos para aquele esporte, nos planos terrenos de campos nativos do interior. Certa ocasião, contam ainda alguns, que Olympio, num dia de chuva, apitou uma partida de futebol, munido de um guarda-chuva. Até hoje, essas pessoas que lembram do fato, riem com carinho nostálgico desse dia.
No mesmo ano do incêndio da serraria, ou seja, em 1960, Olympio e a sua família mudaram-se para Curitibanos, onde o seu pai e familiares montaram uma nova serraria, denominada “Madeireira Pellizzaro Ltda.”, que operou até 1980. Desde a sua chegada, estabeleceu a residência na Rua Hercílio Luz, n.º 525, na parte elevada da área urbana, próximo ao antigo Hospital Frei Rogério, local propício para acompanhar o crescimento e o progresso de Curitibanos, cidade que adotou como sua segunda terra-natal, e onde morou até o seu falecimento.
Foi sócio de uma fábrica de aberturas e beneficiamento de madeiras em geral. Também atuou no ramo da pecuária, adquirindo fazendas na região de Curitibanos. Olympio Pellizzaro também foi um dos fundadores da “Sociedade Recreativa e Cultural Quel Mazzolin Di Fiori”, sócio do “Pinheiro Tênis Clube” e do “Clube Sete de Setembro”. Por doar parte dos brinquedos do playground do antigo “Parque do Capão”, hoje, “Praça Centenário”, foi designado pelos representantes da administração municipal da época, para a solenidade de inauguração dos mesmos. Olympio desatou a fita de inauguração daqueles brinquedos (balanças, gangorras e outros) do parque de recreação.
Em vida, fez várias doações para a comunidade curitibanense, entre elas, católico fervoroso, as portas laterais de madeira maciça da Igreja Matriz Imaculada Conceição, além de doar gado e de trabalhar nas festas da paróquia em várias edições, também contribuiu com doações para a modernização do Colégio Santa Teresinha, onde todos os seus filhos estudaram.
Como autodidata, desenvolveu habilidades no manejo do couro e na área da cutelaria. Apreciava a música e adorava cantar, principalmente as que o conectavam com a sua origem italiana. Era um contador de histórias, qualidade que encantava, principalmente, os seus netos, que reunidos ao seu redor, os escutavam atentamente, nos mais diversos causos que carregava, vívidos, em sua memória.
Olympio tinha uma capacidade singular de compreender o semelhante, tendo sempre palavras valiosas para serem ditas, em diversas ocasiões. Foi um homem bondoso e abnegado, que nunca se omitiu em prestar ajuda a quem precisasse. Era querido por todos, foi um grande pai, avô e bisavô. Teve 15 netos e 11 bisnetos, sendo esse número aumentado, conforme os anos avançam. Tinha um caráter ímpar, nunca titubeou diante dos muitos obstáculos que a vida lhe impunha. Mantinha a tenacidade inabalável, conseguindo invariavelmente, alcançar os seus objetivos de ser um vencedor na vida.
Faleceu com invejáveis 86 anos, no dia 19 de julho de 2004, permanecendo viva, através de sua herança histórica, a exemplar família. Como legado histórico, deixou a sua marca, como uma contribuição para o progresso da cidade de Curitibanos. Entre os bens que deixou como herança a seus filhos, estão os lotes urbanos, nos quais foram construídas as edificações de um Centro de Educação Infantil no ano de 2019, situado na Rua Capitão Potiguara, no Bairro Bom Jesus, que leva o seu nome.
O educandário foi inaugurado naquele bairro, em 19 de junho de 1988, sendo o quarto do município. Iniciou as suas atividades com o nome de “Creche Bom Jesus” no dia 20 de janeiro de 1989, atendendo cerca de 80 crianças, distribuídas em três turmas, sendo, berçário e maternal. Em 16 de dezembro de 2002, a “Creche Bom Jesus” passou a se chamar "Centro de Educação Infantil Bom Jesus”, através da Lei Ordinária n.º 3556/2002.
Através da Lei Ordinária n.º 6112/2019, de 21 de março de 2019, o então prefeito José Antonio Guidi, denominou de “Olympio Pellizzaro”, o “Prédio Público” construído na Rua Capitão Potiguara, bairro Bom Jesus, no município de Curitibanos/SC, onde se encontrava instalado o Centro de Educação Infantil — CEI Bom Jesus.
Através da Lei Ordinária n.º 5485/2021, de 22 de março de 2021, o prefeito Kleberson Luciano Lima alterou a nomenclatura do Centro de Educação Infantil Bom Jesus para Centro de Educação Infantil Olympio Pellizzaro, nome esse, que homenageia o antigo proprietário do terreno onde foi construído o CEI. Atualmente, é um dos mais modernos educandários de Curitibanos para a sua faixa etária proposta.
Referências para o texto:
CURITIBANOS. Câmara Municipal de Vereadores. Pasta Digital - Autógrafo nº 0001/2018 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 0001/2018.
CURITIBANOS. Lei Ordinária n.º 5986/2018. Denomina via pública de “Rua José Pellizzaro”. 26 fev. 2018.
Fotografias cedidas gentilmente do acervo da família por Mariza Pellizzaro Marques.
MARQUES, Pellizzaro Mariza. escritos biográficos sobre Olympio Pellizzaro.
PELLIZZARO, José. Resgatando as Origens. Família Pellizzaro. Gráfica Thipograf. Curitibanos. 2000 54p.
PELLIZZARO, Reinaldo Assis. A Saga da Família Pellizzaro no Brasil. 8ª ed. 2012. On line: Disponível em: https://issuu.com/churrasquim/docs/asaga
POPINHAKI, Antonio Carlos . José Pellizzaro. blog Curitibanenses. On line: Disponível em:
http://curitibanenses.blogspot.com/2021/02/jose-pellizzaro.html
CURITIBANOS. Lei Ordinária n.º 6112/2019. Denomina Prédio Público. 21 mar. 2019.
CURITIBANOS. Lei Ordinária n.º 3556/2002. Altera denominação. 16 dez. 2002.
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