Ceslau Silveira de Souza

Texto de Antonio Carlos Popinhaki

Ceslau Silveira de Souza nasceu na cidade de Lages, estado de Santa Catarina, no dia 16 de julho de 1881. Foi batizado no dia 10 de setembro daquele mesmo ano pelo vigário Antonio Luiz Esteves de Carvalho na igreja Nossa Senhora dos Prazeres. O registro está no livro de Batismos daquela paróquia de 1881 — 1883, n.º 36. Seus pais se chamavam Israel Paulo da Silveira e Marcolina Maria dos Prazeres.

Por se tratar de um nome um pouco incomum, foram encontradas várias formas de grafia do antropônimo do nosso biografado: Seslau Silveira de Souza, Ceslaus Silveira de Souza, Ceslao Silveira de Souza, Ceslau Silveira de Souza.

Registros mostram que, quando jovem, trabalhou como marceneiro em companhia de um irmão, ocasião em que ainda morava com os seus familiares. Eles fabricavam cadeiras, mesas e armários esculpidos à mão, utilizando a ponta de um canivete. Era também desenhista, desenhou algumas plantas de casas e administrou as suas construções, desde a medição dos terrenos.

Em 12 de fevereiro de 1907, conforme o livro de registros de casamento do Cartório de Registro Civil (livro de registros dos anos de 1904 — 1907, folha 44 verso, n.º 005), na localidade Painel, antes Distrito de Lages, hoje, município emancipado, casou-se com a jovem Adautina de Souza Nunes, com 21 anos na ocasião. Ele tinha 26. Consta também no registro, que Ceslau já trabalhava como funcionário público nessa época.

Ainda naquele mesmo ano de 1907, começaram a nascer os filhos para a alegria do jovem casal. Foram onze no total, um não sobreviveu, falecendo ainda bebê. Nove filhas e um filho. Os nomes são os seguintes, na ordem de nascimento: Anita, Zenita, Nair, Elza, Geni, Edir, Ari, Delminda, Iva e Erenita. Todas e o filho homem, tiveram, após o primeiro nome, os sobrenomes “Silveira de Souza”.

No ano de 1909, a convite do Superintendente Municipal, Coronel Francisco Ferreira de Albuquerque, mudou-se para Curitibanos, para assumir o cargo de Secretário da Superintendência. Cargo mantido na futura gestão do Coronel Marcos Gonçalves de Farias, que governou Curitibanos entre os anos de 1914 — 1918.

No dia 26 de setembro de 1914 um grupo de fanáticos atacou a vila de Curitibanos, sob o comando do líder Agustín Perez Saraiva, o Castelhano, incendiando mais de duas dezenas de imóveis, inclusive, a residência de Ceslau. A família conseguiu refugiar-se na chácara de um amigo, de nome Florencio França. Após esse fato histórico, Ceslau teve a árdua tarefa de tentar reconstruir a escrituração da Superintendência Municipal, pois uma grande quantidade de documentos foi destruída pelos fanáticos no violento ataque.

Reabriu a sua modesta casa comercial e um escritório de contabilidade, onde trabalhava no período noturno, fazendo a contabilidade de alguns comerciantes da cidade. A sua casa comercial foi reaberta na esquina das ruas Doutor Lauro Müller, com a Coronel Henrique de Almeida, onde permaneceu até o ano de 1951, ocasião em que vendeu o seu comércio para a empresa Olimpio Almeida & Cia.

Na vila de Curitibanos, além de funcionário público, também foi comerciante e esteve presente como membro da Câmara ou Conselho Municipal (uma espécie de Câmara Municipal de Vereadores para os dias atuais), na gestão que se encerrou em 1926. No dia 13 de janeiro de 1927, foi novamente empossado como Conselheiro eleito para servir nos anos de 1927 até 1930.

Substituiu o chefe do poder executivo por diversas ocasiões. Ceslau foi um dos sócios-fundadores do “Clube 7 de Setembro” no ano de 1924, ocupando o cargo de presidente do clube por três ocasiões.

Sempre foi muito estudioso. Ele gostava muito da leitura! Dessa forma, montou uma grande biblioteca pessoal. Foi professor particular, contribuindo para que muitos pudessem se formar em Advocacia e Contabilidade. Lecionou cursos de preparação para concursos públicos, um de seus alunos foi o Sr. Altir Weber de Melo, outro conhecido personagem da História Curitibanense. Foi também correspondente comercial da empresa Carlos Hoepcke S.A., de Florianópolis.

Ceslau Silveira de Souza também trabalhou no setor bancário, como correspondente do Banco do Brasil S.A., até o ano de 1944, ano em que assumiu a gerência local do Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina S.A. — INCO. Inicialmente, essa agência bancária funcionou numa sala da sua própria casa, depois, mudou-se para a esquina das ruas Henrique de Almeida com a Coronel Vidal Ramos (onde hoje está localizada a agência do Bradesco).

Tinha pelo povo curitibanense, grande estima e admiração, adotando o local como a sua terra de coração. Era também prestigiado e não esquecido por todos, principalmente, em ocasiões especiais. Numa dessas, no dia 13 de outubro de 1949, no jornal de Canoinhas, chamado “Correio do Norte”, o diretor-proprietário, senhor Silvio Alfredo Mayer estampou em texto o convite recebido de várias personalidades curitibanenses para visitar, no mês de novembro daquele ano, a vila de Curitibanos, local onde ocorreriam as solenidades do centenário do nascimento do jurista Ruy Barbosa. Entre os nomes que assinaram tal convite, estava o de Ceslau Silveira de Souza. Também, argumentaram para tal visita, a solenidade de inauguração da novíssima Biblioteca Municipal Desembargador Edgar Pedreira que funcionaria numa das salas do edifício da Prefeitura. O prefeito na ocasião era o senhor Salomão Carneiro de Almeida.

O nosso biografado faleceu em 26 de março de 1969. Trabalhou quase todos os seus dias como funcionário público, comerciante e bancário. Foi sepultado no cemitério público municipal. Acompanhou as grandes transformações locais, desde os tempos em que o povo chamava “vila de Curitibanos” até os dias em que foi chamada “cidade de Curitibanos”. O Registro do seu falecimento está assentado no Livro de Registros do Cartório Civil de Curitibanos (livro de registros dos anos 1965 — 1972, folha 145 verso, n.º 2297).

Em 18 de maio de 1973, o então prefeito Onofre Santo Agostini, através das Leis Ordinárias n.º 1012/1973 e 1013/1973 denominou a Praça localizada na região extremo oeste da Rua Quintino Bocaiuva, próximo ao Estádio Municipal, de “Praça Ceslau Silveira de Souza. Justa homenagem para esse homem que contribuiu com o seu trabalho, abnegação e dedicação com a história de Curitibanos.

Referências para o texto:

ALVES, Sebastião Luiz; FOSSATTI, Alexandre. Portal Facebook, página Curitibanos memória da nossa terra. On-line: disponível em: https://www.facebook.com/memoriasdecuritibanos/photos/a.1450582551900585/1456977231261117

Cartório de Registro Civil de Curitibanos. Livro de registros dos anos 1965 — 1972, folha 145 verso, n.º 2297.

Cartório de Registros Civis, Painel, SC, Painel, SC, Casamentos 1904-1907, 044 verso, n.º 005.

Curitibanos. Lei Ordinária n.º 1012/1973 — Denomina Praça

Curitibanos. Lei Ordinária n.º 1013/1973 — Denomina Praça

Famílias Mafra. On-line: Disponível em: http://www.mafra.com.br/genealogia/getperson.php?personID=I033474&tree=arfamis001

Famílias Mafra. On-line: Disponível em: http://www.mafra.com.br/genealogia/familygroup.php?familyID=F012452&tree=arfamis001

Livro de Editais da Superintendência Municipal de Curitibanos (1903 - 1923).

MAYER, Silvio Alfredo. Curitibanos — Inauguração da Biblioteca Municipal. Correio do Norte - Canoinhas 13 de outubro de 1949. disponível em: https://drive.google.com/file/d/1NopKWD5mdvrKzY9R4uaB6TJxUeDJAjXL/view

POPINHAKI, Antonio Carlos. Blog Curitibanenses. On-line. Disponível em: http://curitibanenses.blogspot.com/2021/03/marcos-goncalves-de-farias.html

POPINHAKI, Antonio Carlos. Blog Curitibanenses. On-line. Disponível em: https://curitibanenses.blogspot.com/2018/03/francisco-ferreira-de-albuquerque.html

POPINHAKI, Antonio Carlos. Blog pessoal. On-line: Disponível em: http://antoniocarlospopinhaki.blogspot.com/2021/05/texto-de-antonio-carlos-popinhaki-hoje.html

Registros da Igreja Católica, Lages, SC, Nossa Senhora dos Prazeres, Livro de Batismos 1881-1883, 036.

Registros da Igreja Católica, Lages, SC, Nossa Senhora dos Prazeres, Livro de Casamentos 1880-1882, 004.

Registros da Igreja Católica, Lages, SC, Nossa Senhora dos Prazeres, Casamentos 1905-1917, livro 020, 165, 037.