Texto de Antonio Carlos Popinhaki
Nascido em 15 de maio de 1873 na pequena Mel, província de Belluno, no norte da Itália, Antônio Rossa chegou ao Brasil como muitos de seus conterrâneos, trazendo na bagagem sonhos de prosperidade e mãos hábeis para o trabalho. Filho de Domenico Rossa e Prudenzia Philomena Sommacal Rosso, estabeleceu-se inicialmente em Caxias do Sul/RS, onde em 1897 uniu-se em matrimônio com Domênica Thereza Behs, a quem todos conheceriam em Curitibanos como Tereza Bêss Rossa.
O casal Rossa transferiu-se para Curitibanos no alvorecer do século XX, tornando-se um dos pilares do desenvolvimento local. Antônio não foi apenas um imigrante, foi um verdadeiro arquiteto do progresso regional. Com visão pioneira, introduziu as primeiras parreiras no município, lançando as bases da indústria vinícola local. Suas habilidades múltiplas revelaram-se ainda na criação da primeira oficina de selaria e curtume, atendendo às necessidades da cultura tropeira, e na construção no riacho Pessegueirinho do primeiro moinho (atafona) para trigo e milho, revolucionando o processamento de grãos na região.
A família Rossa cresceu e floresceu em terras curitibanenses. Antônio e Tereza tiveram doze filhos: Rosalina, Fioravante, João, Eugênio, Antônio, Venglio, Miguel, Maria Talia, as gêmeas Olga e Ilda, e Pompílio, que dariam continuidade ao legado familiar. O registro de pagamento de impostos de 1936 atesta seu espírito empreendedor, mostrando-o como proprietário de uma serraria, diversificando assim suas atividades econômicas.
O ano de 1914 testou a fibra do casal Rossa. Durante a Guerra do Contestado, quando fanáticos incendiaram Curitibanos em 26 de setembro, Antônio e Tereza estavam entre os poucos que permaneceram na vila, enfrentando a destruição liderada por Agustin Perez Saraiva e seus 250 homens armados. O comércio de Antonio Rossa na Rua Vidal Ramos foi saqueado, com perdas estimadas em dois contos de réis. Seu emocionante depoimento no inquérito militar revelou tentativas de negociar com os atacantes para poupar propriedades vizinhas, destacando sua coragem e amor pela comunidade que adotara.
A importância de Antônio Rossa para Curitibanos materializou-se não apenas em seus empreendimentos, mas também na propriedade de vastas áreas que hoje constituem o centro urbano da cidade. Seu falecimento em 16 de abril de 1954, aos 80 anos, não apagou sua memória. Em 21 de maio de 1959, o prefeito José Bruno Hartmann imortalizou seu nome na Lei Ordinária Municipal n° 399/1959, batizando uma importante via pública como “Rua Antônio Rossa”, justa homenagem ao homem que tanto contribuiu para o desenvolvimento local.
Tereza, sua companheira de vida e lutas, havia falecido antes, em 15 de outubro de 1946, vítima de colapso cardíaco. O inventário de seus bens atestava o sucesso do casal, deixando um legado que se estendeu por gerações. Os restos mortais de Antônio Rossa repousam no Cemitério Público Municipal São Francisco de Assis de Curitibanos, mas sua história permanece viva na memória da cidade que ajudou a construir, do imigrante italiano ao bem-sucedido empresário e patriarca familiar, sua trajetória encapsula a própria história do desenvolvimento do Sul do Brasil. Bem como do sucesso dos imigrantes italianos em solo brasileiro.
Referências para o texto:
Blumenau em Cadernos (1971), edição histórica sobre Curitibanos.
BRASIL, Dinarte Pereira. Algo sobre Curitibanos, Blumenau em Cadernos. Tomo XII — Fevereiro de 1971, n.º 2, p. 25
Certidão de Óbito de Tereza Rossa (1946), Cartório de Curitibanos/SC.
Curitibanos — Lei Ordinária Municipal n.º 399/1959
Curitibanos — Livro n.º 236 - Livro de lançamento de contribuintes do Imposto de Indústria e Profissões. 1936, p. 2.
Inquérito Militar sobre o Incêndio de Curitibanos (1914), Arquivo Público de SC.
Livro de Impostos de Indústria e Profissões (1936), Prefeitura de Curitibanos.
Página Pessoal do FamilySearch. On-line, disponível em: https://www.familysearch.org/tree/person/details/LKDG-7JF
Registros Familiares, FamilySearch (acesso em: FamilySearch).
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