Célia na ocasião da Formatura - 1944 Instituto Coração de Jesus |
Texto de Antonio Carlos Popinhaki
Célia de Andrade Lemos nasceu no dia 6 de outubro de 1923, na cidade de Curitibanos/SC. Seus pais se chamavam Romário de Oliveira Lemos e Auracelia Quadros de Andrade Lemos. Passou a maior parte da sua vida na cidade de Curitibanos, a sua terra natal, à qual amava muito. Realizou o curso “Primário” e o “Complementar” no Colégio Santa Teresinha. Depois, seguiu para os internatos das cidades de Porto União/SC, Lages/SC e Florianópolis/SC. Concluiu o curso “Normal” no Instituto Coração de Jesus de Florianópolis.
Em 1945, começou a lecionar no então “Grupo Escolar Arcipreste Paiva”, em Curitibanos. Teve que interromper por algum tempo o seu trabalho como professora por ingressar no “Convento das Irmãs Carmelitas”, da cidade de Teresópolis/RJ. Deixou o convento por motivos de saúde.
Voltou a lecionar em Curitibanos até o dia 1.º de março de 1957, quando foi designada para responder pela direção do “Grupo Escolar Antonio Francisco de Campos”, permanecendo nesse cargo por dois anos.
Nas férias de 1957, realizou o curso intensivo de Exame de Suficiência do Ministério da Educação e Cultura, na cidade gaúcha de Caxias do Sul, nas disciplinas de Português, Trabalhos Manuais e Economia Doméstica, recebendo o registro n.º D27933, do Ministério da Educação e Cultura, da então capital federal, Rio de Janeiro. Processo n.º 56412/58 e também o registro em Trabalhos Manuais e Economia Doméstica, necessários para o funcionamento da Escola de Educação Básica Casimiro de Abreu, de Curitibanos. Inicialmente, o educandário era de âmbito Federal, sendo estadualizado em 1964.
No dia 31 de outubro de 1963 foi nomeada, conforme a Lei n.º 2293/60 de 27 de fevereiro de 1960, “Lente Catedrática”, uma espécie para os nossos dias de professor universitário ou Professor Titular de uma instituição acadêmica. Célia foi nomeada no Padrão MM31, para exercer a cadeira (disciplina) de Português no novo colégio curitibanense.
A Escola de Educação Básica Casimiro de Abreu foi fundada em 11 de março de 1958, pela “União Pró-Ginásio Curitibanense” e autorizada a funcionar a título “precário” até dezembro de 1958, nas dependências do Grupo Escolar Antônio Francisco de Campos. Essa “União Pró-Ginásio” foi composta por pessoas da comunidade curitibanense, que desejavam complementar a educação dos seus filhos, visto que no município havia apenas o curso primário (do 1.º ao 4.º ano). Muitas famílias não tinham condições financeiras para enviar seus filhos para continuar seus estudos em outros centros urbanos.
O nome “Casimiro de Abreu” foi uma homenagem dada ao poeta do romantismo brasileiro, por sugestão da senhora Auracelia de Andrade Lemos, mãe de Célia de Andrade Lemos, que foi a diretora nessa época.
Para Curitibanos, era um sonho que começou a se tornar realidade, a comunidade desejava que a escola tivesse uma sede própria, principalmente, após a emissão da autorização de funcionamento em caráter definitivo.
Em 8 de março de 1962, foi nomeada para assumir a direção do Colégio Secundário Casimiro de Abreu, cargo que ocupou até o ano de 1968, quando pediu demissão por motivos de saúde. Mesmo assim, continuou a ministrar aulas de Português e de Religião até o dia 17 de dezembro de 1976, quando se aposentou.
Ela escreveu que na sua vida no magistério, teve gratas recordações, como as festividades à bandeira, aos sábados, festas de aniversários, comemorações ao dia do professor, teatrinhos e bailados com os alunos em benefício do Colégio e também, dos alunos pobres.
Com o auxílio dos demais professores e dos alunos, conseguiu adquirir um piano para uso no Colégio Secundário Casimiro de Abreu, construiu um gabinete para aulas de Ciências e Biblioteca.
Também organizou a famosa banda “Guarani”, auxiliada pela professora Ieda Hartmann e a sua amiga Coracy Pires de Almeida, bem como um Coral de 4 vozes, abrilhantando as missas noturnas, na Igreja Católica Imaculada Conceição (a igreja matriz).
Nessa época, o Colégio também tinha o privilégio de ter essa banda abrilhantando suas festividades em geral. Nos desfiles de sete de setembro, em concurso organizado, geralmente o Colégio ganhava o primeiro lugar entre os educandários que desfilavam nas ruas centrais da cidade, quer pela disciplina e organização, quer pela banda organizada ou então pelos uniformes.
Os professores sempre apoiaram a Diretora Célia, como um braço direito que a sustentava nas suas tomadas de decisões pertinentes à função, bem como, no seu próprio cargo à frente do estabelecimento de ensino. Eram eles: David Novak, Alcides Delayti, Audrey Formighieri, Anidir Bortolon, Ivone Teresinha Magalhães, Plínio Calomeno, Sebastiana Medeiros Becker, e outros não nominados em seus escritos.
A secretaria do Colégio estava sob a responsabilidade de pessoal competente, como Aldérico Burtet, Zuleica Marodim Pires e Mercês Maria Rossa, essa última, permaneceu por 30 anos até a sua aposentadoria.
Célia escreveu que todos os membros da sua família, principalmente seus irmãos, sempre a incentivaram no seu trabalho no Magistério. Foram muitas noites sem dormir, corrigindo pilhas e mais pilhas de cadernos dos alunos em sua própria casa, sempre pensando no melhor para os seus alunos e no próprio crescimento do conceituado colégio. Isso a levou a buscar junto às esferas superiores da educação, a implantação do Curso Científico. O curso foi implantado após uma longa jornada burocrática de três anos de trâmites e documentos.
Os irmãos e irmãs de Célia se chamavam: Zélia, Áurea, Mário e Rômulo. O último faleceu com três meses de idade. Aurea, com dezessete anos, e Zélia, com sessenta e quatro. Zélia de Andrade Lemos foi a primeira historiadora do município de Curitibanos. Ela pesquisou, buscou fontes e conhecimentos sobre a história regional. Acabou publicando dois livros que são utilizados até hoje como fonte de pesquisa e orientação histórica. Os nomes dos livros de Zélia são “Curitibanos na História do Contestado” e “Guerra dos Fanáticos — Memórias da minha vida”, uma co-autoria baseada nos escritos do tio, Alfredo de Oliveira Lemos. Mário foi Promotor Público da Justiça. Residiu em Balneário Camboriú/SC.
Morava na casa de Célia uma afilhada de nome Geni Ramos. Essa, a ajudava em quase todas as suas necessidades. Muito católica, Célia de Andrade Lemos esteve associada desde o ano de 1974 ao Instituto Secular de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, com sede na cidade de Porto Alegre. Local onde cotidianamente ia em caravanas de Retiros e Encontros da organização. Célia também esteve associada em diversas outras organizações católicas, como: Filhas de Maria, Apostolado da Oração, Legião de Maria e Renovação Carismática. Sempre foi catequista, primeiro das crianças, depois dos adultos. Também, no catolicismo, foi Ministra Extraordinária da Eucaristia.
Célia de Andrade Lemos faleceu no dia 9 do mês de abril de 2010. Lutou contra um câncer por algum tempo. Ela residiu por muitos anos numa casa da família, que ficava em frente à Praça da República. Após a sua morte, o edifício da sua residência foi vendido por parentes que tiveram direito ao espólio, e posteriormente, demolido. Hoje existe um prédio no local. Muitos curitibanenses lamentaram, na ocasião, essa ação, pois a residência poderia se tornar uma espécie de extensão do Museu Histórico, uma vez, que estavam próximos e eram edificações parecidas.
Casa da família de Célia de Andrade Lemos Demolida |
Referências para o Texto:
ALVES, Sebastião Luiz, FOSSATTI, Alexandre. Curitibanos, memórias da nossa terra. Portal Facebook. On-line: Disponível em: https://www.facebook.com/memoriasdecuritibanos/photos/a.1519402961685210/1527999510825555
ALVES, Sebastião Luiz, FOSSATTI, Alexandre. Curitibanos, memórias da nossa terra. Portal Facebook. On-line: Disponível em: https://www.facebook.com/memoriasdecuritibanos/photos/a.1450582395233934/1468648766760630
Curitibanos. Lei Ordinária n.º 2317/1989. Denomina-se rua de Rua Auracelia de Andrade Lemos.
Curitibanos. Moção de Congratulações n.º 0004/2018 de 27 de abril de 2018. Câmara Municipal de Vereadores de Curitibanos.
Fotografia: Álbum de Formatura do Instituto Coração de Jesus, Florianópolis, 1944 - Acervo do Museu Histórico Antonio Granemann de Souza de Curitibanos/SC
Histórico Fornecido pela E.E.B. Casimiro de Abreu.
LEMOS, Célia de Andrade. Autobiografia para Sebastiana Medeiros Becker. Caderno encontrado no acervo histórico do Museu Histórico Antônio Granemann de Souza.
Lente. https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/lente
Professor Catedrático: Portal Wikipédia. On-line: Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Professor_catedr%C3%A1tico#:~:text=Professor%20catedr%C3%A1tico%20ou%20professor%20titular,%2C%20%22que%20l%C3%AA%22).
Santa Catarina. Lei estadual n.º 701/1952 de 24 de julho de 1952.
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