quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

David Novak



Texto de Antonio Carlos Popinhaki

(Atualizado em 5 de maio de 2022)


Conheci o professor de matemática David Novak em 1978, quando estudei na Escola de Educação Básica Casimiro de Abreu de Curitibanos. Naquele ano, o nosso mestre tinha 53 anos. Era mesmo um tempo diferente, com peculiaridades estranhas e próprias, mesmo em sala de aula. Fico imaginando como os jovens de hoje se sairiam se fossem ensinados da maneira de outrora, realizando cálculos de uma infinidade de equações e trigonometria no ensino fundamental. David Novak foi muito mais do que um brilhante professor de matemática, ele foi uma das principais personalidades da história de Curitibanos. Descendente de imigrantes ucranianos, oriundos da região de Lviv, que chegaram ao Brasil em 1894, nasceu na Linha Iracema, na época, região pertencente ao novo município de Canoinhas, Santa Catarina, no dia 15 de dezembro de 1925.

Iniciou o curso primário em 1934, na escola rural da Linha Iracema. Estudou na instituição por três anos. Em 1937, ingressou no quarto ano na escola rural da Linha Montaury, localizada na Colônia de Xavier da Silva, município de Itaiópolis. Por alguma razão, não concluiu o ano, sendo novamente matriculado no Grupo Escolar General Osório, na vila de Três Barras, onde concluiu o primário.

Em 1942, foi matriculado na Escola Prática de Agricultura Vidal Ramos, da cidade de Canoinhas. Iniciou assim, os estudos de “Mestria Agrícola”, equivalente ao terceiro ano do curso ginasial, em 3 de dezembro de 1944, dessa forma, concluiu o “Curso de Prático Rural”. Esse foi, efetivamente, o início da sua vida profissional. Como Prático Rural, prestou serviços no Campo de Sementes, localizado nas dependências da Escola Prática de Agricultura Vidal Ramos, no período de 10 de fevereiro a 31 de dezembro de 1945.

Depois que terminou os estudos naquela escola, David Novak trabalhou como “auxiliar de escritório” na empresa “Força e Luz AS”, de Canoinhas, no período de 16 de agosto de 1946 até 14 de julho de 1952. Local, onde aprendeu a ter gosto pelos registros, controles, fichários, cálculos matemáticos e a própria contabilidade com os seus conceitos e técnicas aplicadas na época. Precisou sair da empresa porque participou de um concurso de provas para o Ministério da Agricultura, sendo aprovado para exercer o cargo da “Classe D”, da carreira de Prático Rural. Foi nomeado em 18 de junho de 1952 para a Divisão de Defesa Sanitária Animal em Curitibanos, pela Portaria n.º 159, de 1.º de agosto de 1952. Foi exonerado, a pedido, em 23 de junho de 1969.

Filho de Basílio Novak e Brunislava Novak, casou-se no dia 24 de maio de 1947, em Canoinhas, com a jovem Hildegard Koehler. Na ocasião, ele tinha 22 anos e ela, 20. O Juiz de Paz da cidade de Canoinhas se chamava Alexandre Novak e, por ser parente próximo do nubente, foi substituído pelo suplente, conforme anotação na margem do livro de registro de casamentos do Cartório de Registro Civil de Canoinhas. O casamento foi realizado no regime de “comunhão de bens”. David declarou que exercia a profissão de “Prático Rural”.

Antes da data do casamento, no ano anterior, mais precisamente em 1.º de fevereiro de 1946, foi incorporado ao 20.º Regimento de Cavalaria do exército brasileiro, aquartelado na cidade de Curitiba, Paraná. Deu baixa das fileiras do exército, seis meses depois, em 31 de julho de 1946, com a patente de “Cabo de Fileira”.

Adulto, casado, sempre ligado à agricultura, assumiu o cargo de chefe do Posto da Divisão de Defesa Sanitária Animal em Curitibanos, trabalhou nesse serviço por anos, destacando-se com novas amizades entre os curitibanenses. Apesar do cargo e do trabalho na área agrícola, continuou os seus estudos em Curitibanos. No ano de 1957, concluiu o “Curso Normal Regional”, equivalente ao Ginasial. Em 1960, foi para Curitiba, onde fez o curso Técnico em Contabilidade, no renomado Instituto Kolber.

David Novak se preocupava com a educação das pessoas que estavam à sua volta, por essa razão, mesmo estudando em Curitibanos, no ano de 1956, notou que os jovens curitibanenses precisavam deslocar-se para outros centros, geralmente, a capital paranaense, para obter, através de exames, o diploma do curso ginasial. No final dos anos da década de 1930 e início dos anos de 1940, na legislação de ensino secundário, existia o “Artigo 91”, que autorizava a prestação de exame e que permitia a conclusão do ginásio, inicialmente em 5 séries, depois reduzidas para 4, com a inclusão da criação dos cursos “Clássico” e “Científico”, que levavam aos vestibulares. Junto com outros abnegados, David Novak criou um curso noturno em Curitibanos, visando a preparação de alunos para os exames do “Artigo 91”.

No ano de 1965, pela Faculdade de Ciências Econômicas do Paraná, concluiu o curso de Ciências Contábeis e Atuariais (ciência que analisa e gerencia riscos e expectativas de quaisquer naturezas: econômicas, financeiras e biométricas, com o objetivo de prover proteção social. Para isso, as metodologias mais tradicionais são baseadas em teorias econômicas, modelos matemáticos, probabilísticos, estatísticos com o objetivo de descrever e representar fenômenos dotados de incerteza a respeito de suas causas, realizações e impactos. Portanto, a Atuária é uma área de conhecimento multidisciplinar). No mesmo ano, iniciou o Curso Superior de Matemática pela Fundação Educacional Alto Vale do Rio do Peixe — FEARPE, em Caçador, Santa Catarina. Por alguma razão desconhecida, concluiu apenas a primeira fase do curso.

Para alguns, o curso noturno criado em 1956 por David Novak em Curitibanos, foi o precursor da Escola Técnica de Comércio, o que viria a se tornar, anos depois, no Colégio Comercial Cardeal Câmara. Em 14 de maio de 1958, de forma independente, foi oficialmente fundada em Curitibanos a Escola Técnica de Comércio. David tinha dois gostos ou paixões indiscutíveis, a prática agrícola e o ensino das técnicas comerciais.

Na década de 1950, havia em Curitibanos uma explosão de oportunidades para quem pudesse se especializar em cálculos e práticas de escritórios, uma vez que a região estava se tornando num importante pólo madeireiro. Indústrias de beneficiamento, serrarias, lojas e casas comerciais estavam se instalando e consolidando suas permanências no local. Precisavam de pessoas para a contabilidade, para a folha de pagamento, para assuntos burocráticos, que envolviam escrever, calcular, controlar, coordenar, arquivar, etc., dessa forma, uma escola que ensinasse os jovens curitibanenses sobre os conceitos básicos na área, seria muito salutar e bem vinda.

Em 1957, David Novak, junto com outros intelectuais da sua época: Emiliano Pinho, Doutor Alderico Burtet e o engenheiro-agrônomo Paulo Londero Sperb, fundaram a “Escola Técnica do Comércio Cardeal Câmara”, inicialmente utilizava o material e os métodos do Instituto Kolber de Curitiba. Em 14 de março de 1958, atuou de forma independente, com sistematização peculiar. De acordo com os escritos do próprio David Novak:


Em março de 1957 realmente foi instalada a filial da Escola Técnica de Comércio do Instituto Kolber. Com o início das aulas do ano seguinte, sem que houvesse o mínimo sinal que nos garantisse a instalação da nossa própria escola, ficamos muito preocupados. Havia em Curitibanos, nessa época, um Curso Regional que vinha funcionando regularmente já fazia algum tempo. Nesse mesmo ano iniciava as suas atividades um novo ginásio, com grande afluência. Sentimos, então, a necessidade de criar um curso do segundo ciclo, porém independente, sem auxílio do Professor Kolber. Estimulados por certas pessoas, imediatamente procuramos a direção do novo ginásio, e uma reunião foi marcada para às 17 horas do mesmo dia. Na hora marcada, à Rua Hercílio Luz, n.º 9, compareceram as seguintes pessoas: Emiliano Pinho, Alderico Burtet, Paulo Londero Sperb e David Novak. Era dia 14 de maio de 1958. A Escola Técnica de Comércio, o primeiro curso do segundo ciclo de Curitibanos, estava fundada. Nessa mesma data recebemos a incumbência de providenciar o Estatuto e iniciarmos o devido processo, o que fizemos no menor lapso de tempo possível. No dia 22 do mesmo mês, nova reunião foi realizada na Rua Cel. Vidal Ramos, 379, para a qual foram convidadas mais as seguintes pessoas: Dr. Walter Tenório Cavalcanti, Orizimbo Caetano da Silva, Ivan Dolberth, Juarez do Pirajabas Furghieri, Dra. Ivone Therezinha Magalhães, Leo José Chies, Zulma Marodim e Maria de Lourdes Ferreira, que assinando a ata da fundação, foram considerados fundadores. Na mesma reunião foram aprovadas as seguintes proposições: 1º) - Nome da Escola: Escola Técnica de Comércio "Cardeal Câmara", em homenagem ao primeiro Purpurado Catarinense; 2º) - Indicação do Diretor e Secretário, que recaiu, respectivamente, nas pessoas de Emiliano Pinho e David Novak; 3º) - Aprovação do ESTATUTO e 4º) - Responsável pela confecção do Processo e a sua entrega no Ministério da Educação e Cultura, que recaiu na pessoa desse que está escrevendo.

Nos dias que se seguiram, o trabalho foi intenso. Registramos no Cartório de Títulos e Documentos o Estatuto, que alguns dias mais tarde (18 de julho de 1958) foi publicado no Diário Oficial do Estado de Santa Catarina. No dia 22 do mesmo mês e ano o Processo foi protocolado no Ministério da Educação e Cultura. No dia 26 de março de 1959 fomos surpreendidos pela presença do Inspetor Federal do Ensino Comercial, Dr. Pedro Pereira o qual tinha a incumbência de proceder a inspeção prévia, a qual foi feita. Em 1º de abril do mesmo ano, devidamente autorizada pelo senhor Inspetor Federal, em caráter provisório, iniciava as suas atividades, com nove alunos apenas, a Escola Técnica de Comércio "Cardeal Câmara". Nessa mesma data, o Diretor senhor Emiliano Pinho por não mais residir em Curitibanos, foi substituído pelo Professor Alderico Burtet. Pela Portaria Ministerial nº 397, de 04 de novembro de 1960, foi reconhecido o funcionamento da Escola, com o Curso Técnico de Contabilidade. Com a promulgação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961 (Diretrizes e Bases da Educação Nacional), a Escola passou a denominar-se: Colégio Comercial “Cardeal Câmara”.



Em 24 de março de 1964, por motivos particulares, o professor Alderico Burtet pediu demissão do cargo de Diretor do colégio. Nesse mesmo dia, ocorreu uma importante reunião em Curitibanos com o objetivo de tratar da substituição do Diretor demitido. Após deliberação, foi nesse mesmo dia, empossado o senhor David Novak, para o cargo de Diretor do Colégio Comercial Cardeal Câmara. Nessa reunião, David Novak secretariou a reunião, tratando da elaboração da Ata, assinada pelos presentes.

Sob a nova administração, por necessidade, foi criado, anexo ao Colégio Comercial “Cardeal Câmara”, mais dois cursos: Técnico de Administração (2.º Ciclo) e Ginásio Comercial (1.º Ciclo). Esses dois novos cursos foram autorizados a funcionar, conforme a Portaria Ministerial n.º 65, de 13 de maio de 1969. Dessa forma, o estabelecimento tornou-se no primeiro ginásio noturno em funcionamento na cidade de Curitibanos, que estava vinculado ao Sistema Federal de Ensino.

No ano de 1971, foi promulgada no contexto da ditadura civil-militar, a Lei n.º 5.692/1971, que modificou a estrutura de ensino do país, na qual o curso primário e o antigo ginásio se tornaram um só curso de 1º grau. Essa Lei, trouxe permanências e mudanças nas concepções de educação que vinham se desenhando naquele tempo. O Estado recebeu o poder de fiscalização total nos estabelecimentos de educação particulares.

A construção do edifício próprio, na Rua Barão do Rio Branco começou em 1972. foi um desafio enorme para o Diretor David Novak e seu corpo de colaboradores. Em 1973, as instalações estavam praticamente prontas e aproveitáveis para o ensino, com amplas salas de aula, banheiros, secretaria, e outras dependências para o uso geral. Naquele mesmo ano, a cidade de Curitibanos, através do envolvimento de quase toda a população, comemorou através de desfile cívico, com carros alegóricos, o centenário da instalação definitiva do município de Curitibanos, a direção do Colégio Comercial Cardeal Câmara, juntamente com o corpo de docentes e alunos participaram das atividades comemorativas, dessa forma, expressaram gratidão à população curitibanense, por terem concluído o tão sonhado prédio para o funcionamento do colégio. O orgulho estava estampado nos rostos de todos que os viram naqueles dias de euforia.

Dessa forma, a área educacional e profissional do município cresceu, muitos jovens tinham opções diversas, após a conclusão do ensino fundamental, poderiam seguir o magistério, através do curso Normal, oferecido pelo Colégio Santa Teresinha, poderiam atuar em diversas áreas do conhecimento, através do curso científico, oferecido pela Escola de Educação Básica Casimiro de Abreu, ou poderiam tornarem-se contabilistas, através do curso de Técnico em Contabilidade, oferecido pelo Colégio Comercial Cardeal Câmara. Assim, muitos rapazes e moças puderam ter, profissionalmente, melhores condições de vida, incluindo o bem-estar das suas famílias. Mais ainda, depois de concluída essa etapa, estiveram aptos para dar continuidade com seus estudos, através de submissão a provas de vestibulares.

O diretor David Novak era um homem determinado, visionário e incansável. Percebeu que Curitibanos necessitava de algo maior para oferecer aos alunos que concluíam o ensino médio ou o 2.º Grau, como era chamado na época. Reuniu algumas autoridades locais que tinham influência e prestígio, com o objetivo de fundarem uma Faculdade, com a finalidade de oferecer aos alunos, cursos de cunho Superior. Juntaram-se a esse movimento, as seguintes autoridades locais: Hélio Anjos Ortiz, Wilmar Ortigari, Onofre Santo Agostini, o Presidente da Câmara de Vereadores da época, Felipe Abrahão Neto, o Deputado Evaldo Amaral, Ivo Peretto, Alcides De Carli, Paulo Henrique Kern e o Movimento Feminino Pró-Faculdade. Todos em harmonia, tiveram o apoio do Governador do Estado de Santa Catarina, Antonio Carlos Konder Reis. Bem como, o empenho das entidades de classe.

Curitibanos necessitava urgentemente de uma Faculdade de ensino superior, isso era certo aos olhos de todos. Uma grande maioria de jovens, ao terminar o Ensino Médio, mudava para outros centros para poderem dar continuidade com seus estudos. Curitiba era o destino da maioria deles. David Novak sabia há anos, que não bastava apenas plantar e cultivar a semente, era necessário colher os frutos. Os profissionais eram os frutos, e esses frutos só seriam colhidos se houvesse uma Faculdade em Curitibanos. Então, começou a preparar os documentos e atender as exigências e as burocracias da Lei. Viajava constantemente, indo bater na porta de autoridades que ele julgava, que poderiam ajudá-lo. O trabalho foi lento, entretanto, após alguns anos de lutas, sacrifícios e batalhas, em 1976 veio a compensação.

Em 24 de junho de 1976, através da Lei Ordinária Municipal n.º 1229/1976, o então prefeito Onofre Santo Agostini instituiu a Fundação Educacional do Planalto Central Catarinense — FEPLAC. No mesmo dia, através da Lei Ordinária Municipal n.º 1230/1976, o então prefeito Onofre Santo Agostini aprovou os Estatutos da Fundação Educacional do Planalto Central Catarinense — FEPLAC. com a emissão dessas duas Leis, houve a publicação no Diário Oficial do Estado de Santa Catarina, no dia 6 de julho de 1976, sob o n.º 10.770. Foi assim, criada a tão sonhada Faculdade de ensino superior de Curitibanos.

No dia 8 de novembro de 1976, Curitibanos passou definitivamente a ter aprovada a sua qualificação para o Ensino Superior, baseado no Decreto n.º 78.675/1976, que foi publicado no Diário Oficial da União de 9 de novembro de 1976, com a criação da Faculdade de Ciências Contábeis de Curitibanos — FACC. Em 1977 aconteceu a primeira prova de vestibular em Curitibanos, vindo para a submissão, candidatos de várias cidades catarinenses, sendo classificados 50 alunos. Em 1978, a instituição contava com 94 acadêmicos em Ciências Contábeis, 53 alunos do primeiro ano e 41 alunos do segundo ano.

O primeiro a dirigir a Fundação Educacional do Planalto Central Catarinense — FEPLAC, foi o renomado professor Hans Werner Hackradt, homem de vasta cultura. Após esse, assumiu o cargo, o Dr. Reinaldo Assis Pellizzaro. David Novak, pioneiro da Faculdade de Ciências Contábeis de Curitibanos — FACC, foi o terceiro diretor da instituição, de 28 de junho de 1978 até 27 de junho de 1980. Além de lecionar, praticamente, pelo mesmo período de dois anos, como professor-assistente nas disciplinas de Matemática e Estatística Metodológica.

No dia 31 de janeiro de 1990, o Conselho Federal de Educação acolheu a carta consulta, quando cinco Instituições de ensino superior de Santa Catarina,  a Fundação Educacional do Alto Vale do Rio do Peixe — FEARPE, de Caçador, a Fundação das Escolas do Planalto Catarinense — FUNPLOC, de Canoinhas, a Fundação Educacional do Alto Uruguai Catarinense — FEAUC, de Concórdia, a Fundação Educacional do Planalto Central Catarinense — FEPLAC, de Curitibanos e  a Fundação Educacional do Norte Catarinense — FUNORTE, de Mafra, associaram-se para constituir um projeto unificado de Universidade. Dessa forma, através do Parecer 589/91, foi criada a Universidade do Contestado — UnC, pela via da autorização. O formato adotado foi o de manter as estruturas previamente construídas nas cidades sedes, oferecendo diversos cursos na modalidade "multicampi”, com o rodízio de reitores e diretores através de eletividade e consenso ao longo dos anos.

Dessa forma, o professor e diretor David Novak sentiu-se realizado por ter contribuído com a área educacional da cidade de Curitibanos. A colheita agora estava correta e era abundante. Muitos renomados contabilistas que atuam em Curitibanos, formaram-se na instituição de ensino superior, criada com a fundamental ajuda deste brilhante homem.

Em meados dos anos da década de 1980, o colégio Comercial Cardeal Câmara começou a enfrentar algumas dificuldades de concorrência, com a instalação de um outro colégio que oferecia cursos semelhantes, com estrutura física moderna, em comparação. Em 1.º de março de 1987, em função de um convênio com a prefeitura de Curitibanos, o então prefeito Armando Costa autorizou o funcionamento da Escola Básica Municipal Simpliciano Rodrigues de Almeida, no período diurno, nas instalações do Colégio Comercial Cardeal Câmara. David Novak foi escolhido para ser o Diretor dessa instituição de ensino fundamental. A escola funcionou até o dia 31 de dezembro de 1996. Antes, em 16 de novembro de 1991, através da Lei Ordinária Municipal n.º 2591/1991, o então prefeito Ulysses Gaboardi Filho, celebrou um novo convênio, assumindo e ocupando definitivamente as instalações físicas. Dessa forma, o querido Colégio Comercial Cardeal Câmara encerrou as suas atividades. Ao longo dos anos, a Prefeitura Municipal de Curitibanos utilizou as instalações para diversas finalidades, inclusive como depósito de móveis velhos ou estragados. Em 2017, foi reformado e transformado na sede da Secretaria de Assistência Social.

Paralelamente, enquanto atuava na área educacional, David Novak mantinha em Curitibanos, um hobbie ligado à sua primeira profissão, a de Prático Rural. Foi um grande admirador da fruticultura e da arboricultura local. Por essa razão em 1958 adquiriu um terreno situado a poucos quilômetros do centro urbano da cidade de Curitibanos. David iniciou uma plantação de árvores frutíferas. O local se chamava “Granja Alvorada”. Era um exemplo da eficiência da terra e do clima da região. David Novak tinha aproximadamente 2.500 ameixeiras e pessegueiros que demandavam cuidados especiais, dominados pelo proprietário. David Novak orgulhava-se das suas abundantes colheitas: a média por safra era de mais ou menos 60 quilos por ameixeira e 150 quilos de pêssego em cada árvore. O elevado número de frutos tinha o seu consumo em diversas cidades, inclusive em outros estados da federação. O cuidado com que as árvores eram tratadas, bem como os frutos, proporcionava ao mercado, produtos de primeira qualidade, perfeitos à vista e saborosos. O esmero da apresentação conquistava a freguesia. Os frutos eram fornecidos para comerciantes e industriais de muitas cidades, principalmente, para a confecção de doces enlatados, ou compotas. A fruticultura no terreno do professor David Novak envolvia cuidados rotineiros, pois os frutos precisavam ser envolvidos em papéis apropriados, para defendê-los do que lhes era nocivo. Ele lembrava a todos, que era um trabalho árduo realizado na sua “Granja Alvorada”,  acondicionar fruta por fruta. Entretanto, era um belo espetáculo para os curitibanenses visitarem a Granja, principalmente, nas épocas de floração e de colheita. Estando lá, podia-se avaliar mentalmente, o “quanto é pródiga a terra curitibanense e como é altamente recompensado o trabalho do pomicultor”.

David Novak gostava também de viajar. Aproveitou algumas atividades planejadas com as formaturas de seus alunos, conheceu o Chile, Argentina e vários países da Europa. Era excêntrico e gostava de tradições. Invariavelmente, podíamos encontrá-lo fumando um charuto, ou cachimbo, ou ainda, usando um chapéu estilo alemão, austríaco ou suíço, que trouxera das suas viagens à Europa.

Em 17 de maio de 1996, através do Decreto-Legislativo n.º 8/1996, recebeu o “Título de Cidadão Curitibanense”, em cerimônia realizada na cidade de Florianópolis, Santa Catarina. Dois anos após essa homenagem em vida, no dia 10 de julho de 1998, conforme a Certidão de Óbito, emitida pelo Cartório de Registro Civil do Distrito de Tatuquara, Comarca de Curitiba, faleceu com 72 anos, num dos leitos da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, de Infarto Agudo do Miocárdio. Seu corpo foi movido para o sepultamento em Curitibanos.

Como forma de expansão das homenagens a esse homem que muito contribuiu para o progresso local, a nova Biblioteca Pública Municipal instalada próxima ao Mercado Público Municipal, deverá ter o nome do ilustre professor David Novak. Merecidamente, mais essa homenagem que foi feita pelo prefeito idealizador José Antonio Guidi, em 19 de dezembro de 2017, mesmo antes de ser construída, através da Lei Ordinária Municipal n.º 5978/2017, e construída e concluída na gestão do prefeito Kleberson Luciano Lima.



Referências para o texto:

ALMEIDA, Coracy Pires de. Curitibanos, terra promissora. Curitibanos, 1971, p.113-116.

ALVES, Sebastião Luiz. Memórias Curitibanenses: David Novak, A Semana, Curitibanos, Edição nº 1776, Caderno Livre, p. 03, 05 de janeiro de 2018.

Brasil — Diário Oficial da União de 9 de novembro de 1976.

Brasil — Ministério da Educação, Portaria Ministerial n.º 65, de 13 de maio de 1969. Autoriza funcionamento de cursos.

Brasil — Processo n.º 5858/1952. Nomeia…

CAMPAGNOLA, Aldo B. Colégio Ruy Barbosa, uma escola de liberdade. Jornal do Comércio, Porto Alegre, 24 de maio de 2012.

Certidão de óbito emitida no dia 24 de agosto de 2017, pelo Cartório de Registro Civil do Distrito de Tatuquara, Comarca de Curitiba.

Curitibanos — Lei Ordinária Municipal n.º 1229/1976, institui a Fundação Educacional do Planalto Central Catarinense — FEPLAC.

Curitibanos — Lei Ordinária Municipal n.º 1230/1976, aprova os Estatutos da Fundação Educacional do Planalto Central Catarinense — FEPLAC.

Curitibanos — Câmara de Municipal de Vereadores. Decreto-Legislativo n.º 8/1996.

Curitibanos. Lei Ordinária n.º 5978/2017, de 19 de dezembro de 2017. Denomina Biblioteca Pública Municipal de Professor David Novak.

Jaime de Barros Câmara. On-line, disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jaime_de_Barros_C%C3%A2mara#Biografia

Lista de Prefeitos de Curitibanos. Portal Wikipedia. On line: Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_prefeitos_de_Curitibanos

NOVAK, David. A História da Escola Técnica de Comércio Cardeal Câmara. Acervo do Museu Histórico Antônio Granemann de Souza de Curitibanos

O que são as ciências atuariais? 75FEAUSP — On-line, disponível em: https://www.fea.usp.br/contabilidade-e-atuaria/graduacao/bacharelado-em-atuaria/o-que-e-atuaria

POPINHAKI, Antonio Carlos Popinhaki. A Biblioteca Pública Municipal Desembargador Edgard Pedreira. Blog pessoal de Antonio Carlos Popinhaki. On-line, disponível em: https://antoniocarlospopinhaki.blogspot.com/2021/05/texto-de-antonio-carlos-popinhaki-hoje.html

QUEIRÓS, Vanessa. A Lei n.º 5.692/71 e o ensino de 1º Grau: Concepções e Representações — XI Congresso Nacional de Educação. Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 23 a 26 de setembro de 2013. On-line, disponível em: https://educere.bruc.com.br/CD2013/pdf/8356_5796.pdf

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Santa Catarina — Diário Oficial do Estado de Santa Catarina de 6 de julho de 1976.

Texto anônimo publicado na página do Facebook “Curitibanos Memórias da Nossa Terra”, criada e mantida por Sebastião Luiz Alves (in memoriam). On-line, disponível em: https://www.facebook.com/memoriasdecuritibanos/photos/a.1519404225018417/1584006018558237/

Universidade do Contestado — Portal Wikipedia. On-line, disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_do_Contestado

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