sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Cirilo Antunes da Cruz


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Cirilo Antunes da Cruz, nascido em Curitibanos em 20 de janeiro de 1920, é uma figura que, apesar de não ter alcançado grande fama, desempenhou um papel significativo. Ele trabalhou na agricultura com seu pai, João Antunes da Cruz, em uma pequena propriedade na região do Cerrado, que antes fazia parte do território de Curitibanos. Essa área foi posteriormente desmembrada, juntamente com o Distrito de Ponte Alta, em 22 de julho de 1964, por meio da Lei Ordinária Estadual n.º 981/1964. Embora não tenha sido amplamente reconhecido pelas autoridades locais na época, a sua contribuição merece ser lembrada.

Sua mãe se chamava Ramília Antunes da Cruz. Ela o ensinou a trilhar o caminho da retidão e a ser um homem honesto e correto em suas ações. Ao completar a idade de alistar-se para servir às Forças Armadas, Cirilo, como um exemplar patriota, o fez, alistando-se para servir nas fileiras do Exército Brasileiro. Em 23 de novembro de 1944, o Soldado Cruz, como era o seu “Nome de Guerra”, foi convocado para integrar o corpo de homens da Força Expedicionária Brasileira — FEB, que deveria atravessar o oceano Atlântico em direção às batalhas na Itália, dentro da Segunda Guerra Mundial. Todos ficaram apreensivos, afinal de contas, quais as chances de se voltar vivo de uma guerra? Não temos as informações necessárias, mas imaginamos a aflição da senhora Ramília e do senhor João, ao saber que seu filho seria mandado para terras estrangeiras além-mar.

Cirilo foi um soldado exemplar, atuando com honra até o término da Segunda Guerra Mundial em missões na Itália. Terminou as suas tarefas para o Exército em 17 de setembro de 1945. Ele relatava a todos os curiosos que o rodeavam após retornar ao Brasil que entre os trabalhos executados na Itália havia o de remover cadáveres de um lugar a outro. Às vezes, esses cadáveres eram empilhados aguardando um destino para sepultamento.

Após retornar ao Brasil, alguns anos depois, no dia 9 de novembro de 1949, recebeu assinado pelo Ministro da Guerra, Joaquim Henrique Coutinho, um Diploma da Medalha de Campanha. Essa honraria é uma condecoração concedida aos militares brasileiros, ou de nações aliadas, quando incorporados a forças brasileiras, que tenham participado de operações de guerra sem nota de desabono. Foi criada pelo Decreto-Lei n.º 6.795, de 17 de agosto de 1944. O documento concedida ao Soldado Cirilo Antunes da Cruz ainda existe e diz: “O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, resolveu, segundo o Decreto de 28 de março de 1946, conceder a Medalha de Campanha ao Soldado Cirilo Antunes da Cruz, por ter, como integrante da Força Expedicionária Brasileira, participado de operações de guerra na Itália. Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1949”. A medalha em si, perdeu-se com um incêndio ocorrido na casa da família de Cirino anos depois, todavia, o documento em papel ainda existe e sobreviveu ao sinistro e através da ação do tempo.

Após viver um tempo junto, no dia 25 de julho de 1972, casou-se com Maria Lourenço, sendo que ela passou a se chamar Maria Lourenço da Cruz. O casamento ocorreu na cidade de Correia Pinto, Santa Catarina. Da união do casal, nasceram seis filhos, sendo três mulheres e três homens, aos quais se chamam, Aírton, Nirce, Neuza, Nerza, Ademir e Amarildo, todos com o sobrenome Lourenço da Cruz. A família sempre morou na região de Ponte Alta, local do nascimento de todos os filhos e filhas do casal Cirilo e Maria.

Em datas comemorativas, como 7 de setembro de cada ano, Cirilo era convidado pelo Batalhão do Exército de Lages para desfilar juntamente com outros colegas da região. Desfilou até que as suas forças físicas não permitiram mais. Faleceu no dia 26 de abril de 1983, com 63 anos, deixando um legado de honestidade e de boas práticas aos familiares e àqueles que fizeram parte do seu laço de amizade. O seu corpo foi sepultado no cemitério da localidade de Cerrado, em Ponte Alta, onde também está sepultada a sua esposa. Um dos desejos de Cirilo é que no seu túmulo constasse uma placa com informações sobre as suas façanhas na FEB para que as pessoas, ao visitar o cemitério, soubessem quem foi ele.

No dia 21 de setembro de 1983, o então prefeito Aurino Welter, através da Lei Ordinária Municipal n.º 403/1983 denominou uma rua do município de Ponte Alta/SC como nome de "Rua Cirilo Antunes da Cruz". Uma justa homenagem a esse homem que levou o nome do lugar a terras distantes.

O presente texto tem por objetivo resgatar a memória de Cirilo Antunes da Cruz, um filho de Curitibanos que defendeu os ideais da república brasileira em terras estrangeiras. Agiu arriscando a sua própria vida para os brasileiros terem um futuro mais promissor, com paz e prosperidade, livres de guerras e conflitos armados. Fez a sua parte, dando importante contribuição de civismo e patriotismo. Sendo assim, seria mais do que justo os representantes legais do povo de Curitibanos, lembrarem de seu filho com alguma homenagem mais robusta e consistente.


Referências para o texto.


Brasil — Banco de Dados do Exército Brasileiro.


Com informações do senhor Amarildo Lourenço dos Santos, seu filho.


Documentos pessoais de Cirilo Antunes da Cruz, disponibilizadas pelos familiares.


Fotografias do acervo do Museu Histórico Antonio Granemann de Souza.


Fotografias do acervo pessoal da família.


Informações do FamilySearch.


Ponte Alta — Lei Ordinária Municipal n.º 403/1983.


Registro de Óbito do Cartório de Registro Civil da cidade de Ponte Alta/SC.


Santa Catarina — Lei Ordinária Estadual n.º 981/1964.


Santa Catarina — Diário Oficial de Santa Catarina. Ano LIV, n.º 13.442. Florianópolis, SC, 28 de abril de 1988. p. 5.


Santa Catarina — Diário Oficial de Santa Catarina. Ano XXXVII, n.º 9.139. Florianópolis, SC, 4 de dezembro de 1970. p. 1.

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