terça-feira, 21 de setembro de 2021

Gualdino Domingos Busato


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Conheci o senhor Gualdino Domingos Busato quando eu ainda era um rapaz e invariavelmente, comprava materiais escolares na “Gráfica e Papelaria Iara”, que ficava estabelecida nos anos 1970/1980, na esquina das Ruas Dr. Lauro Müller com a Coronel Albuquerque em Curitibanos. Bem em frente da Farmácia Frei Rogério.

Como a maioria dos biografados que adotaram Curitibanos como o seu lar, Gualdino nasceu noutras paragens. Apesar de sempre afirmar que nascera em Guaporé, na verdade, nos seus documentos, os registros apontavam para a cidade gaúcha de Júlio de Castilhos. Nasceu no dia 6 de maio de 1934. Seus pais se chamavam Maximino Busato e Gelsomina Dal’Acqua. Mudou-se para o estado vizinho de Santa Catarina ainda na sua juventude, quando teve a oportunidade de estudar no “Ginásio Municipal Aurora (Colégio Marista Aurora)” da cidade de Caçador. Mais tarde, nos anos 1960, após se ter casado, veio residir em Curitibanos. O seu objetivo era explorar o ramo hoteleiro. Arrendou, por algum tempo, o Pálace Hotel. Ao lado, funcionava uma gráfica, que aos poucos, influenciou Gualdino a adquiri-la. O interesse foi aumentadndo, até o dia em que resolveu comprá-la. Entrou em entendimentos comerciais com o proprietário, senhor Abrelino Ribeiro, e em janeiro de 1966, tomou posse da sua nova aquisição.

Era um empreendedor dedicado ao comércio. Foi proprietário da empresa “Gráfica e Papelaria Iara” e da “Amil Artefatos de Madeira”. Como citado anteriormente, administrou em 1965 o Pálace Hotel. Foi, por algum tempo, proprietário da “Copa” do Clube 7 de setembro.

 Ao entrar para o ramo da tipografia e da indústria gráfica, vislumbrou novidades para Curitibanos. No mesmo ano de aquisição, em 1966, imprimiu o jornal curitibanense “O Farol da Serra”, periódico que manteve algumas características dos demais jornais que o antecederam na região. Ele utilizou nas suas edições cotidianas, a ajuda de pessoas colaboradoras consideradas intelectuais para a elaboração dos artigos e editoriais. 

O jornal “O Farol da Serra” circulou em Curitibanos até o ano de 1970, quando encerrou suas atividades devido às dificuldades pertinentes aos periódicos interioranos. A cidade era pequena, a empresa necessitava de novos investimentos publicitários para a manutenção das atividades e a auto-sustentação do empreendimento. Algo que não foi possível na ocasião. Por essa razão, a impressão foi paralisada.

No ano de 1972, o empreendedor Gualdino Domingos Busato tentou uma vez mais, voltar a imprimir e distribuir o periódico na região de Curitibanos. Essa tentativa perdurou mais de um ano, quando foram definitivamente encerradas as suas atividades jornalísticas, pelos mesmos motivos anteriores de falta de publicidade capaz de manter e sustentar o negócio. Entretanto, em 1978, voltou por um pequeno espaço de tempo, a imprimir e distribuir um novo periódico, dessa vez, chamado “O Farol”.

No ano de 1976, houve eleições em Curitibanos. Gualdino Busato tentou eleger-se Vereador na legislatura que iniciou em 1.º de fevereiro de 1977. Ele ficou como suplente, não conseguindo a quantidade necessária de votos. Entretanto, no mês de setembro de 1977, o Vereador eleito, Pedro Ronchi faleceu, abrindo a oportunidade para que Gualdino assumisse uma das cadeiras legislativas, chegando a tornar-se Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Curitibanos, na gestão estendida compreendida entre os anos de 1977 até 1982.

No ano de 1990, Gualdino lançou na região a revista “Curitibanos Hoje”, com matérias e propagandas das empresas curitibanenses. No ano de 1995, lançou o livro em formato de apostila: “Revolução Farroupilha” em espécie de caderno, com o apoio de patrocinadores locais. Também foi o responsável pela revista “Curitibanos e região hoje — 1995”, revista que tinha como redator, o senhor Murilo Machado. 

No ano 2000, ele lançou o livro em formato de apostila: “Contestado — Da Questão de Limites à Guerra Santa”, onde retratou a sua visão, segundo os relatos colhidos entre os anos de 1966 até 1972, sobre a História da Guerra do Contestado. O livro teve a ajuda de revisão do texto do Professor Dézio Dalsenter, colaboração do Professor Enori Pozzo, criação da capa feita por sua filha, Tatiana Busato Medeiros, digitação do texto por Ivete Carvalho Palhano. Apoio político do então Deputado da Assembleia Legislativa, Onofre Santo Agostini. A impressão e encadernação com grampo e cola foi realizada na Gráfica Princesa de Lages. Ele também escreveu um romance com o título: “Angelika — a judia”.

Foi também sócio do “Pinheiro Tênis Clube”, do Clube 7 de setembro, do Lions Clube. Presidente do Clube de Diretores Lojistas — CDL/SPC de Curitibanos.

No ano de 2005, na ocasião da posse do Prefeito Wanderley Theodoro Agostini, Gualdino Busato foi convidado, devido aos seus conhecimentos técnicos, para compor o quadro funcional da Prefeitura, atuando na Tesouraria do Posto de Saúde no Bairro do Bosque. Ocupou os cargos de Diretor de Tributação e de Diretor da Secretaria da Saúde. 

Gualdino Domingos Busato casou-se no dia 16 de dezembro de 1955 na cidade de Lages com Nilva Aparecida Busato, filha do senhor João Neves da Silva e da senhora Adélia Couto Neves. Do casamento, tiveram uma filha que sobreviveu apenas 1 dia, conforme o registro de óbito do Cartório de Registro Civil de Lages, de nome Maria Aparecida Busato, e duas filhas que cresceram entre os curitibanenses. Uma, chamada Iara Maria Busato. Outra, chamada Tatiana Busato Medeiros (nome, após o casamento). Gualdino foi um dos muitos personagens de Curitibanos que trabalhou intensamente para a preservação da história regional e ficou quase no anonimato. Era uma pessoa calma e fácil de se socializar. Suas produções literárias foram realizadas com muitas dificuldades, principalmente por falta de apoio cultural por parte dos vários segmentos público e privado.

Ainda, antes de encerrarmos, lembro aqui suas brilhantes atuações como professor do Colégio Comercial Cardeal Câmara de Curitibanos. Também foi palestrante. Ministrou diversas palestras em universidades, escolas particulares e públicas de várias cidades de Santa Catarina, principalmente sobre os temas históricos: Revolução Farroupilha, Guerra do Contestado e sobre Anita e Giuseppe Garibaldi. Faleceu no dia 19 de junho de 2009 na cidade de Blumenau, Santa Catarina.



Referências para a produção do texto



ALMEIDA, Coracy Pires de. Curitibanos, terra promissora. Curitibanos, 1971, p.93


NERCOLINI. Maria Batista. Livro de registro da história de Curitibanos. Acervo do Museu Histórico Antônio Granemann de Souza.


FOSSATTI, Alexandre. Biografia. Curitibanos Memórias da Nossa Terra. On line: Disponível em: Facebook https://www.facebook.com/memoriasdecuritibanos/posts/2719855778306583


Fotografia cedida por sua filha, Iara Busato.


Óbito de Maria Aparecida Busato. Portal FamilySearch. On line: Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-XC6K-74?i=138&cc=2016197

Informações biográficas da filha, Iara Busato.

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