segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Casemiro Dalbello Baldin


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Às 15 horas do dia 20 de maio de 1926, na localidade de Rio Carvão (Núcleo Colonial do Rio Carvão), município de Urussanga/SC, nasceu Casemiro Dalbello Baldin. Seus pais se chamavam Luiz Baldin e Cândida Dalbello. A sua infância foi de árduo trabalho, juntamente com seus irmãos, Jandira, Romano, Rubens e Rômulo, nos serviços da roça. Seus pais possuíam uma área agrícola na localidade do Núcleo Agrícola Colonial da Rocinha Alta, atualmente, território do município de Lauro Müller/SC. Esse lugar ficava “aos pés da Serra do Rio do Rastro”. Foi lá, que Casemiro e os irmãos passaram a infância e juventude.

Enquanto trabalhava com a família, estudou na Escola Isolada Mista de Novo Horizonte. A sua primeira professora chamava-se Ida Medeiros, pessoa nunca esquecida por Casemiro. Foi considerado por aqueles que o conheceram naquela época, como um rapaz estudioso e trabalhador. Quando estava com 17 anos, resolveu se aventurar no serviço de abertura de estradas de rodagem. Seu pai, quando jovem, trabalhara nessa atividade. Casemiro sonhava em, no mínimo, igualar-se ao pai. No seu sonho, também havia espaço para aspirações de trabalho na construção civil. Almejava ir para o Rio Grande do Sul, lugar de muitas oportunidades. Assim o fez: primeiramente, trabalhou na abertura de um trecho da rodovia BR-101, no sentido sul Santa Catarina/Rio Grande do Sul. Depois, trabalhou na região de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, como operário das empresas encarregadas das aberturas das novas rodovias e nas construções de pontes. Permaneceu nesse serviço por três anos. O serviço, além de árduo, serviu-lhe de aprendizado. Casemiro aprendeu as técnicas de construção, especializando-se, de forma empírica, na construção de estruturas de pontes, utilizando madeira e concreto.

Entre os cansativos dias de trabalho, havia também alguns de folga, como finais de semana, feriados e oportunidades de visita aos pais e à localidade de Novo Horizonte. Em casa, auxiliava os pais nos serviços agrícolas. Também, de alguma forma, nesses feriados prolongados, trabalhou na Mineradora de Carvão Barro Branco, em Lauro Müller. Foi nesse tempo, que conheceu a filha de Otávio Benedet, a bela jovem que seria a sua futura esposa.

No dia 9 de março de 1946, na sede do Cartório da então vila de Lauro Müller, Comarca de Orleães, às 11 horas, casou-se com a jovem Iva Benedet, nascida em 20 de setembro de 1926, portanto, 4 meses mais nova. Do casamento, nasceram três filhos, aos quais receberam os nomes de Nelma Baldin, Nilo Antonio Baldin e Neuza Luzia Baldin.

Após casado, viajou novamente para o Rio Grande do Sul, para trabalhar e aprender mais sobre a arte da construção civil. Permaneceu no vizinho estado gaúcho por um ano. Foi, novamente, uma época de maior aprendizado sobre as construções de pontes e as técnicas de aberturas de estradas nas regiões interioranas. Casemiro aproveitou todo o tempo livre, que era escasso, para estudar e especializar-se.

Ao retornar do Rio Grande do Sul, trabalhou na construção civil de Lauro Müller e no alargamento da picada ou na abertura da nova estrada que desafiaria a inteligência humana para transpor os obstáculos naturais, os paredões da Serra do Rio do Rastro. Sentia que lhe faltavam oportunidades em Novo Horizonte, no Núcleo Agrícola Colonial da Rocinha Alta, e mesmo, na vila de Lauro Müller. Casemiro era um homem inquieto e buscava sempre novas oportunidades. Estava atento a elas, pois desejava que seus filhos pudessem estudar e progredir, entendia que para isso, ele mesmo, precisava dar algum conforto e meios para que pudessem se desenvolver. Ao contatar antigos colegas do Rio Grande do Sul, surgiu-lhe uma oportunidade de emprego na região do planalto catarinense. 

No ano de 1950 foi convidado para trabalhar no 10.º Batalhão de Engenharia e Construção, aquartelado em Lages/SC. Os serviços consistiam na abertura da nova rodovia de integração Norte/Sul, a BR-116. Casemiro foi designado para os trabalhos de construção das novas pontes, sendo a maior delas, a do Rio Canoas. Esse batalhão do exército, após a conclusão da rodovia, mudou-se para outra região do Brasil. Estabelecendo-se em seu lugar, o 1.º Batalhão Ferroviário, responsável pela construção de ferrovias, viadutos e pontes. 

Como estava residindo com a família, na localidade de Correia Pinto/SC, trabalhou para o exército, além das construções de rodovias e pontes, na construção de bueiros sob a malha ferroviária, para a canalização de águas, visando um melhor assentamento dos dormentes e da própria montagem da ferrovia. O viaduto férreo Rio Canoas, foi construído ao norte de uma pequena ilha fluvial, entre as estações ferroviárias Fazendas Tributo e Canoas. Lugares, hoje, com pouco fluxo, praticamente, abandonados.

No final do ano de 1951, Casemiro Dalbello Baldin mudou-se para a vizinha cidade de Curitibanos. Os demais membros da família se instalaram no município em 1953. O local, era, naqueles anos, um importante polo madeireiro, com a crescente implantação de serrarias e fábricas de produtos manufaturados, tendo como matéria-prima, a madeira. Em Curitibanos, Casemiro se estabeleceu, com residência, próximo de onde seriam construídas, em 1958, as edificações do novo Colégio Casimiro de Abreu.

Foi assim que a família Baldin permaneceu em Curitibanos, tendo as filhas e o filho estudado nos principais colégios do município. Fizeram amizades duradouras no lugar. Hoje, passados muitos anos, os curitibanenses mais antigos lembram que a cidade passou por severas transformações nas suas construções residenciais e comerciais a partir de 1950. Um dos responsáveis por esse avanço foi Casemiro Dalbello Baldin. A primeira construção que passou por suas mãos foi o prédio do antigo Hotel Palace. Depois, o prédio Coninck.

Muitas residências, nos diversos bairros de Curitibanos, tiveram as obras executadas por Casemiro e sua competente equipe de pedreiros e carpinteiros. Ele ganhou a popularidade no local por tratar-se de pessoa de palavra. Jamais retrocedia num acordo com o proprietário. Quando afirmava como seria a obra e o que precisaria, sempre cumpria. Na maioria das vezes, não precisava de nenhum contrato, a sua palavra era honrada.

Também ingressou na Maçonaria, sendo um assíduo estudioso dos textos do movimento filosófico da ordem Rosacruz. Foi um dos pioneiros na Loja Maçônica Estrela do Planalto de Curitibanos. No caminho do seu progresso de desenvolvimento intelectual e profissional, houve a necessidade de transpor um obstáculo moroso para a época. Fez um curso de “desenho arquitetônico” por correspondência. As lições eram enviadas pelos correios, levando dias, entre uma lição e outra, por isso, era um obstáculo. Tinha que ser paciente com o tempo. Esse curso ajudou muito Casemiro, pois ele se tornou, talvez, o melhor construtor de casas e prédios de Curitibanos por décadas. Tanto que o prefeito da época, o senhor Wilmar Ortigari o escolheu para supervisionar e coordenar a construção do novo edifício da Prefeitura Municipal de Curitibanos (1966/1969). O edifício foi inaugurado em 1970. Também, foi responsável pelas obras das arquibancadas do Estádio Ortigão.

Casemiro Baldin, além de ser um exímio construtor, aprendeu, com o tempo e com o curso de desenho arquitetônico, a elaborar as plantas de construção, que se transformariam nas mais belas obras de arte curitibanense. A passagem deste brilhante personagem por Curitibanos, fez com que o município tivesse um elevado padrão de construções. Isso ficou evidente, antes e depois de Casemiro Dalbello Baldin.

Apesar dos extenuantes trabalhos na sua empresa, a “Construtora Novo Horizonte”, sempre achava tempo para os seus estudos e reflexões dos textos da Ordem Rosacruz e da maçonaria.

No dia 26 de agosto de 1976, conforme anotações do livro de registro civil, de posse do Cartório de Registro Civil de Curitibanos, Casemiro Dalbello Baldin e Iva Benedet Baldin desquitaram-se amigavelmente. A averbação do desquite também está anotada na página 89, do livro de registro civil de casamentos do Cartório de Lauro Müller, local onde se casaram.

No dia 18 de junho de 1987, a senhora Iva Benedet, faleceu, na cidade de Araranguá/SC. Ela estava morando com a filha Neuza Luzia, que tivera gêmeas. Anos depois, desquitado e viúvo, Casemiro casou-se, em Curitibanos, com a senhora Helga Wilma Gröne, com quem não teve filhos. Foi um casamento de mais de 30 anos de convivência, companheirismo e amor. Depois de 62 anos em Curitibanos, a cidade que o acolheu como um dos seus filhos, faleceu no dia 10 de outubro de 2013, às 18:15 horas, num dos leitos da Fundação Hospitalar de Curitibanos. Casemiro Baldin tinha, na ocasião, 87 anos.

No dia 9 de junho de 2020, o então prefeito José Antonio Guidi, como forma de reconhecimento, denominou, através da Lei Ordinária Municipal n.º 6302/2020, uma rua de Curitibanos, localizada no bairro Nossa Senhora Aparecida, de “Rua Casemiro Baldin”. Uma justa homenagem a este homem que muito realizou por Curitibanos e região.



Referências para o texto:


BALDIN, Nelma. Tão fortes quanto a Vontade – História da Imigração Italiana no Brasil: Os Vênetos em Santa Catarina. 2ª edição revista e ampliada. Florianópolis/SC : Editora Insular, 2021, 304 p.


BALDIN, Nelma. Casemiro Dalbello Baldin - (Breve Biografia) - Texto utilizado no plenário da Câmara Municipal de Vereadores de Curitibanos.


Cartório de Registro Civil de Curitibanos.


Cartório de Registro Civil de Lauro Müller.


Cartório de Registro Civil de Araranguá.


Cartório de Registro Civil de Urussanga.


Com informações de Aldair Goetten de Moraes


Com informações de Nelma Baldin


Curitibanos — Lei Ordinária Municipal n.º 6302/2020.


Fotografia: Acervo da família Baldin


Histórico da cidade de Urussanga/SC: Portal do IBGE. On-line, disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/urussanga/historico

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