terça-feira, 14 de novembro de 2023

Manoel Heck


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Manoel Heck nasceu em 18 de dezembro de 1905, na localidade de Braço de São João, Santo Amaro do Cubatão, território pertencente ao município de Santo Amaro da Imperatriz, Santa Catarina. Seus pais se chamavam João Joaquim Heck e Leonídia Pereira. Casou-se no dia 23 de março de 1929, na sede do Distrito de Catuíra, em Alfredo Wagner, Santa Catarina, com Maria de Almeida, com quem teve 4 filhos: Alécio, Antonio, Ana Maria e Rogério.

Depois do casamento, Manoel e a família moravam em Lages, Santa Catarina. Juntamente com um cunhado, trabalhou com o comércio de bebidas. Devido a essa atividade, começaram a explorar a região de Curitibanos, para atender os proprietários de estabelecimentos comerciais. Certo dia, conversaram e decidiram montar uma casa comercial no interior da vila de Curitibanos, na beira da estrada de Horizolândia, na localidade de Rio dos Cachorros. Era um armazém que comercializava “Secos & Molhados”. Na localidade, Manoel, devido ao bom relacionamento que mantinha com os moradores da região, tinha cerca de 20 afilhados. Na época, acreditou que as melhores oportunidades se encontravam no centro urbano da vila de Curitibanos, por essa razão, vendeu o seu estabelecimento comercial no interior e alugou uma casa que, hoje, seria ao lado da agência da Caixa Econômica Federal, na Rua Dr. Lauro Müller. Após alguns anos, na década de 1930, começou a construir a sua residência, que serviu também de armazém, na Rua Dr. Lauro Müller, no centro de Curitibanos. Inicialmente, deu ao seu estabelecimento, o nome de “Casa Santo Antonio”. Iniciou as atividades em 1937. A sociedade com o cunhado encerrou porque esse irmão da sua esposa, certa vez, decidiu ir para o Rio de Janeiro, ocasião em que comprou, naquela cidade, uma máquina de falsificar dinheiro. Uma espécie de impressora. Acabou sendo preso por falsificação. Felizmente, a sociedade havia acabado e Manoel Heck nada teve a ver com essa atividade ilícita do seu cunhado. 

Vários terrenos ao redor da referida casa comercial de Manoel Heck foram adquiridos por ele. Os terrenos não tinham muito valor, a região abrigava várias ruínas de casas incendiadas, quando houve o incêndio de Curitibanos em 26 de setembro de 1914. Posteriormente, em 1945, houve uma sociedade com outro cunhado, o senhor Olímpio Almeida e o estabelecimento teve a razão social alterada para “Heck & Almeida Ltda.”. O negócio funcionou até o ano de 1951, quando foi dissolvida a sociedade familiar. A Heck & Almeida comercializava, além dos “Secos & Molhados”, vários produtos de uso em geral. "Secos & Molhados" eram, além dos produtos, estabelecimentos comerciais existentes antes do surgimento dos supermercados. Esses estabelecimentos tinham esse nome porque vendiam produtos com tais características. Os secos clássicos eram os grãos (como feijão, lentilhas e castanhas), além de farinhas diversas. Os molhados, por sua vez, eram bebidas, azeites e alimentos imersos em líquidos, como azeitonas.

O edifício construído por Manoel Heck foi um dos primeiros, com fins residenciais, de alvenaria erigido em Curitibanos. A areia foi transportada em cargueiros (bruacas), provenientes das margens do Rio Marombas. O cimento e a cal vieram de Rio do Sul. Os tijolos vieram de uma olaria estabelecida em Curitibanos. Conforme o senhor Laucir Roberto Scopel, a casa foi declarada terminada em 22 de janeiro de 1947, havia uma placa numa marquise com essa data. Foram cerca de 10 anos de trabalho e construção. Naquela época, nos anos das décadas de 1930 e 1940, os primeiros automóveis, camionetas e caminhões começaram a surgir na região. Manoel Heck montou uma bomba de gasolina da Shell ao lado da sua casa comercial. Era o único local, em Curitibanos, onde era possível encontrar gasolina para abastecer esses veículos. 

Manoel Heck, em 5 de fevereiro de 1956, participou da primeira Assembleia Geral da fundação da Associação Comercial de Curitibanos. Nessa ocasião, ele foi escolhido para compor a Comissão Diretora Provisória, juntamente com os senhores, Lucindo Domingos Gava e Walter Tenório Cavalcanti. No dia 19 de fevereiro do mesmo ano, numa nova Assembleia, realizada nas dependências do Salão Frei Rogério, realizou-se a eleição para compor a primeira presidência e diretoria da Associação Comercial de Curitibanos. Após a apuração, foram escolhidos os nomes de Afonso Dotti para ser o primeiro presidente e Manoel Heck, para ser o primeiro vice-presidente da Associação.

O senhor Manoel Heck, juntamente com alguns influentes curitibanenses (Albino Col Debella, Afonso Dotti, e outros), solicitaram a instalação de uma agência do Banco do Brasil em Curitibanos. A resposta que receberam, dizia-lhes que "para a instalação de uma agência do Banco do Brasil, haveria a necessidade da criação de uma Associação Comercial estabelecida e formalizada". O Banco do Brasil só abria agências em locais onde os comerciantes e industriais eram organizados e formalizados. Foi então que Manoel Heck, Afonso Dotti, Lucindo Domingos Gava, Walter Tenório Cavalcanti, e outros, fundaram a Associação Comercial de Curitibanos, órgão conhecido presentemente como Associação Comercial e Industrial de Curitibanos — ACIC.

O genro de Manoel Heck, senhor Laucir Roberto Scopel, relatou que a gasolina comercializada provinha de outros centros, transportada em cargueiros de mulas e pequenos caminhões ou carroças, em latas de 20 litros. A cada vez, eram compradas várias latas de gasolina, que após abertas, o precioso líquido era despejado no recipiente embaixo da bomba da Shell. Dessa forma, o comerciante de Curitibanos tinha a gasolina para suprir a pequena demanda. Havia a necessidade de tomar extremo cuidado porque a gasolina, naquele tempo, era mais pura do que a existente atualmente. Dava bastante trabalho para despejarem o conteúdo de várias latas de 20 litros no reservatório da bomba.

O senhor Manoel Heck era uma pessoa empreendedora. Percebeu, em Curitibanos, a falta de uma farmácia. Certo dia, numa visita à sua terra natal, Santo Amaro da Imperatriz, convidou o jovem Ivandel Macedo, que trabalhava no ramo farmacêutico, para vir a Curitibanos e fundar uma farmácia para atender os habitantes da pequena cidade com a comercialização de medicamentos. A farmácia era de propriedade de Manoel Heck, administrada por Ivandel Macedo, que era casado com uma sobrinha da sua esposa. Mais tarde, esse senhor, de nome Ivandel Macedo, foi proprietário da Farmácia São José, localizada na esquina das Ruas Hercílio Luz e Salomão Carneiro de Almeida.

Manoel Heck foi um dos idealizadores e fundadores da Usina Hidrelétrica de Salto Pery. Foi um dos fundadores da Associação Comercial e um dos homens que se mobilizou para trazer a agência do Banco do Brasil para Curitibanos. Faleceu em 17 de novembro de 1977, em Curitibanos, com 71 anos.

Através da Lei Ordinária Municipal n.º 1463/1980, em 19 de setembro de 1980, o então prefeito de Curitibanos, senhor Wilmar Ortigari, nomeou uma rua do município com o nome de “Rua Manoel Heck”, no bairro Universitário.



Referências para o texto:


Com informações de Laucir Roberto Scopel;


Com informações de Cesar Almeida


Curitibanos — Lei Ordinária Municipal n.º 1463/1980


Registro de batismo de Manoel Heck. Portal FamilySearch. On-line, disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:9Q97-Y3S9-9SZ2?i=52


Registro do óbito de Manoel Heck. Portal FamilySearch. On-line, disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-62Y9-Y9M?i=265&wc=MXYP-86F%3A337701401%2C337701402%2C338892601&cc=2016197

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