Texto de Antonio Carlos Popinhaki
Ernani Osni Rossa nasceu no dia 18 de outubro de 1941. Seus pais se chamavam Miguel Rossa e Hilda Webber do Prado Rossa. Tinha como avós paternos, Antonio Rossa e Tereza Bess Rossa. E maternos, Henrique Webber e Maria do Prado Webber. Em Curitibanos, concluiu o curso “Primário” no Grupo Escolar Arcipreste Paiva, o curso “Normal Regional Professor Egídio Abade Ferreira”, no Colégio Santa Teresinha e o curso de “Técnico em Contabilidade” na antiga Escola Técnica de Comércio Cardeal Câmara. Ernani dizia a todos que o procuravam sobre o assunto, que naquela escola técnica, fez parte da 3.ª turma de estudantes e que a sua turma foi a primeira que cursou os três anos, unicamente em Curitibanos. As demais, anteriores, precisaram fazer exercícios e provas fora da cidade.
Casou na cidade de Tangará/SC, com a jovem Josefina Johann, que depois, assinou como Josefina Johann Rossa. Ela é filha de Pedro Otto e Amália Johann. Da união, nasceram os seguintes filhos: Pedro Miguel, Josiane Rossa e Ernani Osni Rossa Júnior.
No ano de 1953, quando tinha 12 anos, ensinaram-lhe a profissão de tipógrafo na “Tipografia Santa Rita”, local onde era impresso os exemplares do “Jornal Correio dos Campos”, de propriedade de Waldemar Luz. Foi “Jornalista Amador”, microempresário e um dos proprietários da Gráfica Renovação “Rossa & Westphal Ltda.”. Por algum tempo na sua vida, também trabalhou como produtor rural. A vida de Ernani era dinâmica, pois aos 15 anos deixou o antigo serviço para seguir adiante, numa outra missão, já familiarizado com a arte da escrita e da tipografia. Dessa vez, foi convidado para gerenciar a produção e a impressão do “Jornal de Curitibanos”, de responsabilidade do saudoso prefeito Heraclides Vieira Borges.
Nos anos de 1950 até 1956, o “Jornal Correio dos Campos” foi o principal periódico informativo disponível aos curitibanenses. Depois, de 1958 a 1967, o Jornal Renovação preencheu a lacuna deixada pela paralisação das impressões do “Jornal Correio dos Campos”. O “Jornal Renovação” começou a circular em Curitibanos com a edição número 1, no dia de natal de 1958. Ernani Osni Rossa trabalhou nos dois periódicos. Para o “Jornal Correio dos Campos até o ano de 1960, quando assumiu a gerência do “Jornal Renovação”, de responsabilidade de Orozimbo Caetano da Silva, apelidado carinhosamente de “Zizinho”.
Também circularam por Curitibanos, incluindo os já citados jornais: a Voz do Povo, O Trabalho, O Planalto, Jornal Correio dos Campos, o Farol da Serra, Jornal Renovação, Jornal de Curitibanos, Jornal da Madeira (sob a responsabilidade de Walter Tenório Cavalcanti e Reynaldo Assis Pellizzaro), a Voz dos Municípios (sob a responsabilidade de Osny Dolberth), Jornal do Planalto, O Farol, a Tribuna Rural, Jornal Bússula (sob a responsabilidade dos Jovens Unidos em Cristo Encontristas — JUCE), o Informativo Renovação e o Jornal A Semana.
Ernani trabalhou como gerente do Jornal Renovação, de 1960 até o ano de 1968. Após essa experiência, atuou como repórter do Jornal Diário d’Oeste, portando credencial para atuar em Curitibanos e região. O jornal publicava fatos do meio-oeste catarinense. Anos depois, em 3 de abril de 1976, fundou o seu próprio periódico, o “Informativo Renovação” que circulou em Curitibanos regularmente até o ano de 1988. No início dos anos da década de 1960, houve uma briga acirrada em Curitibanos devido à escassa energia elétrica produzida pela empresa “Força e Luz Curitibanense”. Dessa forma, o Jornal Renovação, sob a determinação do jovem Ernani, mudou-se para a cidade de Tangará. Local, segundo dizia Orozimbo Caetano da Silva: “lá, havia energia elétrica de sobra”. Essa mudança ocorreu no final do ano de 1963. Daquela cidade, às margens do Rio do Peixe, os jornalistas e intelectuais curitibanenses editavam colunas e editoriais, tecendo, geralmente, críticas à administração municipal, principalmente, pelo descaso dado em relação ao fornecimento de energia elétrica aos munícipes.
O mesmo critério ideológico foi empregado no Informativo Renovação a partir da sua primeira edição. Entretanto, ao invés de críticas à administração municipal, o que se via nos artigos e editoriais, eram elogios.
Por anos, o trabalho foi árduo. Jornalista amador, tipógrafo e editor de periódicos, Ernani Osni Rossa, era uma pessoa altruísta. Na comunidade curitibanense, prestou serviços gratuitos: 8 anos na Cooperativa de Eletrificação Rural; 2 anos na Associação de Pais e Professores — APP do Colégio Santa Teresinha e mais 2 anos na APP do Colégio Casimiro de Abreu, sendo neste último, reeleito para mais 2 anos. Ainda, fez parte da diretoria da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais — APAE por 10 anos.
Também foi membro da diretoria do Clube Recreativo 6 de Janeiro. Ele tinha grande orgulho de fazer parte desse Clube. Certa vez, o seu filho, Pedro, escutou dois advogados curitibanenses conversar sobre a possibilidade de fecharem juridicamente o Clube 6 de Janeiro, pois segundo os mesmos, o som dos bailes incomodava os vizinhos. Ao chegar em casa, contou para Ernani sobre a conversa dos advogados:
— Pai! Escutei uma conversa hoje que vão fechar o Clube 6.
De forma bem tranquila, Ernani respondeu ao filho:
— Deixe que fechem. Não teremos problemas se também fecharem a sede social do Pinheiro Tênis Clube, por mim estará tudo bem. Será que é só rico que pode se divertir nesta cidade? — Depois dessas palavras, deu uma gargalhada.
O Clube 6 de Janeiro era um clube social que manteve por anos atividades de bailes e matines dançantes. Era comum o barulho, por estar localizado na região central de Curitibanos. Os frequentadores eram, na sua maioria, pessoas de baixa renda. A sede estava localizada próxima à sede social do Pinheiro Tênis Clube, local para bailes e festas das pessoas com poder aquisitivo alto. O barulho que incomodava os vizinhos, era proveniente dos dois clubes.
Apelidado carinhosamente por “Migué-Seco”, segundo ele mesmo, o apelido veio devido a um indigente que vivia nas ruas centrais de Curitibanos, de nome Acácio, nos anos da década de 1970. Segundo Ernani, “quando alguém repetia a mesma coisa muitas vezes, Acácio dizia: ‘Pegou a mania!’”. Dessa forma, o apelido “pegou”.
Quando estava na diretoria da APP do Colégio Casimiro de Abreu, começaram a construção do Ginásio de Esportes daquele educandário. Ernani tinha uma relação de amizade pessoal com o governador da época, Vilson Pedro Kleinübing. No dia da inauguração, Ernani não fazia mais parte da diretoria da APP, dessa forma, não foi convidado para compor a mesa de autoridades. Na hora do discurso do governador, o mesmo ao começar a falar, após os cumprimentos iniciais, disse aos presentes:
— Combinei de encontrar um velho amigo aqui, será que ele não foi convidado para esta solenidade? Hoje à tarde conversei com ele e ficamos de nos encontrar aqui. Ainda não o achei, mas certamente que está no meio de vocês. Onde está o Migué-Seco?
Ernani levantou-se no meio do povo, quase passando despercebido pelo excesso de pessoas que foram prestigiar o evento. O governador Vilson Pedro Kleinübing desceu do local designado às autoridade e dirigiu-se até o meio do povo, indo ao encontro do velho amigo, para cumprimentá-lo. Dessa forma, ficou evidente a todos os presentes, a amizade que os dois mantinham desde os velhos tempos de Tangará e Videira, nos anos da década de 1960.
Em Sessão Solene realizada numa segunda-feira, dia 29 de novembro de 2004, a Câmara Municipal de Vereadores de Curitibanos concedeu o título de Cidadão Curitibanense, individualizadamente a Ernani Osni Rossa e a sua esposa, Josefina Johann Rossa.
Uma justa homenagem. A história da imprensa-escrita de Curitibanos não poderia ser publicada sem que fosse mencionado o nome e os trabalhos realizados por Ernani Osni Rossa. Faleceu em 3 de dezembro de 2005, em Curitibanos.
Referências para o texto:
Câmara concede Títulos de Cidadão Curitibanense. Jornal A Semana. Ano 21. Edição n.º 1107. Curitibanos/SC, 04 a 10 de dezembro de 2004. p. 23.
Com informações de Pedro Miguel Rossa.
BACELAR, Juvenal Bráulio. Dados Biográficos de Ernani Osni Rossa. Texto do acervo do Museu Histórico Antonio Granemann de Souza.
POPINHAKI, Antonio Carlos. A História da Imprensa-escrita de Curitibanos. Blogo pessoal de Antonio Carlos Popinhaki. On-line, disponível em: https://antoniocarlospopinhaki.blogspot.com/2021/08/a-historia-da-imprensa-escrita-de.html
ROSSA, Ernani Osni. Amigos da minha Terra. Informativo Renovação. Ano 13. Edição n.º 142. Curitibanos, setembro de 1988, p. 1.
ROSSA, Ernani Osni. Curitibanenses! Informativo Renovação. Ano 13. Edição n.º 143. Curitibanos, novembro de 1988, p. 1.
ROSSA, Ernani Osni. Curitibanos Uma cidade que sente saudades do passado. Informativo Renovação. Ano 6. Edição Especial. Setembro de 1982. p. 1.
ROSSA, Ernani Osni. Pronunciamento em 17-10-88. Informativo Renovação. Ano 13. Edição n.º 143. Curitibanos, novembro de 1988, p. 4.
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