quarta-feira, 7 de abril de 2021

Graciliano Torquato de Almeida



Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Graciliano Torquato de Almeida foi o nono e o décimo primeiro gestor público da cidade de Curitibanos. O seu primeiro mandato foi granjeado de forma eletiva. Já o segundo, foi através da nomeação feita pelo interventor do Estado de Santa Catarina, o senhor Nereu Ramos. As datas de início e término dos mandatos foram: de 8 de maio de 1935 até 27 de setembro de 1937. De 24 de dezembro de 1937 até fevereiro de 1940.

Graciliano, depois que assumiu o cargo de prefeito municipal, logo iniciou a construção de uma usina geradora de eletricidade, sabendo de antemão, que não seria uma solução definitiva para aquela Curitibanos que estava em fase de crescimento. A cidade começava a dar sinais de querer progredir, após um período de refrigério, devido ao incêndio de várias casas em 1914. Por essa razão, em 1937, o prefeito reuniu alguns empresários e a sociedade organizada e decidiram instalar uma usina na Rua Hercílio Luz, movida a lenha. A ideia inicial era gerar energia elétrica para a área urbana de Curitibanos. As informações históricas nos contam que num dia de janeiro do ano de 1938, às 19 horas, se acenderam pela primeira vez na história, algumas lâmpadas em Curitibanos. De acordo com os escritos do Frei Valentim Tambosi, em seu livro “Franciscanos em Curitibanos”, na página 55, encontramos: “em março, já muitas casas tinham ‘aposentado’ as lâmpadas de querosene. A matriz (igreja sede) tinha retirado os lampiões e colocado lâmpadas. A alegria não durou. Na noite de 30 para 31 de março queimou tudo. Assim que começou o incêndio, tocaram-se os sinos da matriz durante meia hora para prevenir a todos. De nada adiantou. Não sobrou nada”. A usina energética à lenha foi consumida pelo fogo.

Naqueles anos, era muito comum nas cidades emergentes como Curitibanos, incêndios ocasionados por descuido do manuseio do fogo. Fogões à lenha, velas, lampiões e lamparinas eram causadores desses sinistros. Em 1941, houve uma nova tentativa de geração de energia elétrica para Curitibanos, dessa vez, com carvão. Não demorou muito e a usina queimou novamente. Uma lástima! A usina ficava na esquina da Rua Hercílio Luz com a Rua Conselheiro Mafra. Hoje, não há sequer nenhuma evidência dessa usina.

Talvez, essas tentativas de suprir a demanda por energia elétrica em Curitibanos tenha sido a maior ‘marca’ das gestões do prefeito Graciliano Torquato de Almeida.

Ele foi pecuarista. Filho do Coronel Henrique Paes de Almeida Sênior, “o Velho Almeida”, como também era chamado naqueles tempos, o mesmo que foi o terceiro Gestor Municipal de Curitibanos. A sua mãe se chamava Felicidade Placidina de Almeida. Graciliano nasceu em Sorocaba, interior do estado de São Paulo, onde estava estabelecido o berço da família Almeida, no dia 26 de fevereiro de 1872. Era, portanto, filho e irmão de gestores curitibanenses, consolidando de vez a força política da família Almeida na região.

Chegou em Curitibanos quando tinha 12 anos, acompanhado de seus pais. Viveu todos os seus invejáveis 84 anos na cidade que acolheu a sua família. Em contrapartida, trabalhou arduamente para o progresso dessa que foi a sua segunda terra natal. Foi suplente de Juiz de Direito. Foi também presidente do Diretório do partido político que militou.

A soma das suas duas gestões foi de cerca de cinco anos, com um intervalo de alguns meses, quando o cargo passou para as mãos do Senhor Alfredo Driessen por decisão do interventor catarinense, nomeado pelo governo federal.

Tal como o pai, também fez parte da Guarda Nacional, ocupando o posto de Tenente Coronel. Da família, alguns irmãos também se tornaram famosos em Curitibanos, sendo homenageados com nomes de ruas na cidade: Simpliciano Rodrigues de Almeida, Henrique Paes de Almeida Filho, Fermiano Rodrigues de Almeida.

A cidade de Curitibanos era um lugar agitado naqueles tempos do prefeito Graciliano Torquato de Almeida, por essa razão, como Suplente de Juiz de Direito, como Prefeito e como representante da extinta Guarda Nacional, ocupando o posto de Tenente Coronel, fez tudo o que esteve ao seu alcance para harmonizar os munícipes, independentemente de qual sigla partidária fossem. Foi considerado um homem de bem, de palavra, e raro para aqueles tempos tumultuosos.

Foi casado com Francisca Vieira de Almeida. Do casamento nasceram os filhos: Cristina, Astrogilda, Felicidade, Maria, Iracema, Iolanda, Doraci, João, Juvina, Lenay, Nelson, Teodomiro, Tertuliano, Waldomiro. Ao todo, foram 14 filhos. Felicidade Vieira de Almeida casou-se com Salomão Carneiro de Almeida, outro que viria a ser prefeito em Curitibanos.

Faleceu no dia 2 de novembro de 1956, com 84 anos. Curitibanos sentiu a perda de um dos seus mais importantes gestores. Várias homenagens póstumas foram prestadas. A causa da sua morte foi “Edema agudo do pulmão”.

Em 9 de agosto de 1950, foi homenageado com o nome de uma rua na cidade de Curitibanos.




Referências para o texto


CURITIBANOS. Lei Ordinária n.º 99/1950 - Dispõe sobre dimensões e limites das ruas.


Graciliano T. de Almeida. Jornal Correio dos Campos. Edição de 27 de fevereiro de 1954


Lista de governadores de Santa Catarina. Portal Wikipedia. On line: Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_governadores_de_Santa_Catarina


Lista de Prefeitos de Curitibanos. Portal Wikipedia. On line: Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_prefeitos_de_Curitibanos


Óbito de Graciliano Torquato de Almeida. Portal FamilySearch. On line: Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-62Y9-YML?from=lynx1UIV8&treeref=L8RW-5HC&i=50


POPINHAKI, Antonio Carlos. Antonio Granemann de Souza. Blog Curitibanenses. On line: Disponível em: http://curitibanenses.blogspot.com/2013/07/antonio-granemann-de-souza.html


POPINHAKI, Antonio Carlos. Alfredo Driessen. Blog Curitibanenses. On line: Disponível em: https://curitibanenses.blogspot.com/2021/02/alfredo-driessen.html


POPINHAKI, Antonio Carlos . As primeiras tentativas para gerar energia elétrica para Curitibanos. Blog Antonio Carlos Popinhaki. On line: Disponível em: http://antoniocarlospopinhaki.blogspot.com/2021/01/as-primeiras-tentativas-de-gerar-de.html


POPINHAKI, Antonio Carlos. Popiwniak / Antonio Carlos Popinhaki. - Blumenau: 3 de Maio, 2015. 173 p.


Sociedade Força e Luz Curitibanense (1938) Curitibanos Memórias de nossa terra. Facebook. On line: Disponível em: https://www.facebook.com/memoriasdecuritibanos/photos/a.1450582465233927/1453453088280198 9 de abril de 2015.


TAMBOSI, F. Valentim. Franciscanos em Curitibanos. São Paulo: Edições Loyola, 1993, (páginas 108-109).

Um comentário:

  1. Caramba... Não sabia dessa história... Meu nome completo é Breno Bischoff de Almeida. Será que eu tenho parentesco com esse homem aí?? hahh Muito legal esse blog cara, parabéns !!

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