quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Aristiliano Alves dos Santos


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Aristiliano Alves dos Santos nasceu em 5 de outubro de 1912, no interior, local distante do centro urbano da vila de Curitibanos. Seus pais se chamavam Hipólito Alves dos Santos e Maria Mendes de Souza. Por morar numa região de difícil acesso para a época, principalmente, para a alfabetização de crianças, aprendeu a ler e escrever em casa, com a ajuda dos pais. O nome do lugar onde a sua família residia, chamava-se “Enseada”. Ele morou com a família até a idade adulta, quando conheceu, frequentando alguns bailes do interior, Maria Ávila de Souza, com quem se casaria em 16 de agosto de 1940.

Em meados do ano de 1935, antes mesmo do casamento, na companhia do seu cunhado, Acácio Moraes da Cruz e da sua irmã Francisca, abriram picadas na mata para se instalarem como família num lugar de difícil acesso. O local, antes conhecido comumente por Cabaçais (nome provavelmente originado por conta da existência da cabeceira de um lajeado, possivelmente, o da Barra, ou do "Rio da Barra", que fica entre a vila e a Hidrelétrica do Pery, o nome é uma variante de cabeçal, cabaçal e por fim cabaçais, porque fizeram uma separação de dois lugares, o de baixo e o de cima), região onde está localizada atualmente a sede do Distrito de Santa Cruz do Pery. Dessa forma, foi atribuído a Aristiliano Alves dos Santos e Acácio Moraes da Cruz a fundação da localidade. Não demorou muito e juntou-se a essas duas famílias, Zacarias Pereira de Souza, o terceiro morador. Esses foram os primeiros moradores do pequeno povoado, perto do Rio Canoas.

As atividades iniciais foram de trabalhos duros na agricultura de subsistência familiar. Desmatavam, com foices para abrir espaço de área agricultável, para o plantio de milho, feijão e fumo. Outras famílias se aglomeraram no local, alguns integrantes dessas, eram contratados pela família de Aristiliano, nos trabalhos de rocio, plantio e colheita.

Aristiliano, com o passar dos anos, não se manteve somente com a produção agrícola. Também criou animais. Conforme o rendimento das colheitas das safras anuais, ele iniciou o trabalho de tropeirismo, onde colhia os seus mantimentos e saia para as estradas com a sua tropa, visando comercializar o excedente. Transportava as suas mercadorias, juntando-lhes, muares, gado, porcos e galinhas, em direção de onde seriam construídas as atuais rodovias federais, BR-116 e BR-470. Por essa última, ia até Florianópolis, comercializando.

Após dias e meses, voltava com outros produtos essenciais, como, o café, o açúcar e o trigo. Por causa dessa constância, ficou conhecido na região urbana de Curitibanos e também, pelos lugares que costumava transitar, ao se afastar de sua residência. Os anos passaram rapidamente, a família foi formada e criada no local, que somente em 8 de novembro de 1963, através da Lei Ordinária n.º 543/1963, o então prefeito Hélio Anjos Ortiz, deu nova denominação ao local, passando a ser chamado “Santa Cruz do Pery”. Os filhos do casal receberam os seguintes nomes: Rosalina Souza dos Santos, Valtrudes Souza dos Santos, Alcides Souza dos Santos, Lauro Souza dos Santos, Idalina Souza dos Santos, Antônio Souza dos Santos, Bernadete Souza dos Santos e Teresa Souza dos Santos.

O nome foi devido a um “cruzeiro” assentado pelos primeiros moradores, também, porque o local está próximo do Salto do Pery, no Rio Canoas. Construíram uma capela ou igreja, à qual deram o nome de São Judas Tadeu. Dessa forma, puderam exercitar suas crenças e a fé. Aristiliano foi o fundador e Presidente da Comissão da Igreja Católica do local.

Também se instalou na região, a “Serraria Dias de Oliveira”, de propriedade do senhor Alcino Dias de Oliveira, trazendo oportunidades de emprego e renda para os antigos e novos moradores, que se estabeleceram a partir da instalação desse empreendimento.

A esposa do senhor Aristiliano, ou “Seu Liano”, como ficou conhecido, arrumava com muito zelo um cômodo da casa, para a chegada do Padre, o Frei Narciso Pollmeier, que visitava o local, para rezar as tradicionais missas. Ele permanecia em Santa Cruz do Pery, geralmente, alguns dias. Ficava sempre alojado na casa da família do senhor Aristiliano. Muito católico, todos os anos, no “Sábado de Aleluia”, ele abatia uma vaca e dois porcos, convidava todas as gerações da sua família para uma reunião familiar especial, fazia uma festa de dois dias em sua casa.

Com o passar dos anos a localidade foi crescendo, seus filhos se casaram e por alguns anos também permaneceram na localidade. Houve a necessidade da construção de uma escola para as crianças dos moradores. Quando esse educandário foi construído, foi denominado “Escola Isolada Cabaçais”.

Em 3 de abril de 1998, a Escola Isolada Cabaçais passou a ser chamada “Núcleo Municipal Lauro Antonio da Costa”. Em virtude de uma lei que obrigou a unir todas as pequenas escolas dos interiores dos municípios, em um único núcleo. Dessa forma, ao ocorrer a formação do Núcleo Municipal Lauro Antônio da Costa, esse recebeu o nome da escola que lhe cedeu o nome. Foram fundidas duas escolas do interior numa única. A data da fundação, foi a mesma da Escola Lauro Antônio da Costa, que esteve situada anteriormente, na comunidade do Passo da Balsa, e foi fundada em 20 de março de 1979. Entretanto, em 18 de julho de 2007, o Núcleo Municipal Lauro Antônio da Costa passou a ser denominado como Escola do Campo Lauro Antônio da Costa.

Através da Lei Ordinária n.º 4741/2012, de 16 de fevereiro de 2012, o então prefeito Wanderley Teodoro Agostini denominou a Escola de Campo, localizada em Santa Cruz do Pery, de “Escola de Campo Aristiliano Alves dos Santos”. Essa Lei foi revogada pela Lei Ordinária n.º 5263/2014, de 16 de julho de 2014, amparada no Projeto de Lei n.º 95/2014, que alterou a denominação para “Núcleo Municipal do Campo Aristiliano Alves dos Santos”.

O “Seu Liano”, “Vô Liano”, “Tio Liano”, faleceu em 23 de novembro de 2008, na sua residência em Santa Cruz do Pery, de "falência múltipla dos órgãos, ou seja, de morte natural decorrente pela idade avançada, com seus invejáveis 96 anos. Atualmente, apenas uma filha chamada Teresa, alguns netos e bisnetos de Aristiliano moram em Santa Cruz do Pery. Ele deixou um legado muito forte, no sentido da harmonia e do respeito entre os familiares. Mostrou exemplarmente, honestidade e conduta ilibada por onde passou e por onde viveu. Foi um homem sereno até nos passos, era calmo, estrategista e seguro das suas ações, entretanto, muito acolhedor.



Referências para o Texto:



Curitibanos — Lei Ordinária n.º 543/1963, dá nova denominação ao local.


Curitibanos — Lei Ordinária n.º 4741/2012, denomina Escola de Campo.


Curitibanos — Lei Ordinária n.º 5263/2014, altera a denominação de Escola.


Curitibanos — Projeto de Lei n.º 95/2014, altera a denominação de Escola.


Informações adicionais de Teresa dos Santos Pereira.


Informações adicionais de José Rogério Pereira


Informações adicionais de Maria Aparecida Ullirsch


Informações adicionais de Diones José Pereira


Informações adicionais de Odete Maria Ortiz Kern


Registro de Casamento de Aristiliano Alves dos Santos e Maria Ávila de Souza. Portal FamilySearch. On line. Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-62Y9-5ZC?i=38&wc=MXYG-KM9%3A337701401%2C337701402%2C338535201&cc=2016197 e ainda: "Brasil, Santa Catarina, Registro Civil, 1850-1999," database with images, FamilySearch (https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-62Y9-5ZC?cc=2016197&wc=MXYG-KM9%3A337701401%2C337701402%2C338535201 : 22 May 2014), Curitibanos > Curitibanos > Matrimônios 1939, Abr-1941, Fev > image 39 of 66; cartórios no estado de Santa Catarina (city registration offices), Santa Catarina.

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