CURITIBANENSES: Walter Dotti

Texto de Antonio Carlos Popinhaki

Esta é a biografia de Walter Dotti, fundamentada a partir de uma conversa gravada em vídeo com a filha, Juliana Dotti e o pesquisador Sebastião Luiz Alves, publicada em 12 de outubro de 2016, na página “Curitibanos memórias da nossa terra”. Na ocasião, os dois instigaram o senhor Walter a contar-lhes detalhes da sua história familiar e também, da sua participação no desenvolvimento de Curitibanos.

Walter era o segundo filho de uma família de nove. Os pais se chamavam Affonso Dotti e Lucia Mondadori Dotti. A família veio para Curitibanos em 10 de novembro de 1943, antes moravam na localidade de Vila Segredo, que na época, era o 4º Distrito de Vacaria, no Rio Grande do Sul. Os avós de Walter eram imigrantes italianos, da região de Mantova. Em Vila Segredo, a família de Affonso mantinha em funcionamento uma casa comercial, através de uma sociedade com integrantes da família Golim.

A vinda para a região deu-se por causa de um sócio da família que estava em busca de terras com araucárias para a implantação de uma serraria. Ao chegar na região de Curitibanos, optou por se estabelecer na região da antiga Palmares, hoje município de Brunópolis. Esse sócio enviou uma mensagem ao senhor Affonso para que ele pudesse avaliar a possibilidade de se instalar em Curitibanos, pois a pequena vila tinha uma demanda por casas comerciais, uma vez que ele identificou apenas duas que eram consideradas as maiores, a Casa Comercial do senhor Felisbino Alves Ortiz e a Casa Comercial do senhor Napoleão Sbravatti.

Quando a família de Affonso chegou em Curitibanos, encontrou uma pequena vila, mas com perspectivas de crescimento e progresso. Havia na parte norte, ao lado do que hoje, está localizada a Praça Nereu Ramos, um casarão em fase final de construção que tinha a finalidade de tornar-se um hospital. Ao lado desse imóvel, a família adquiriu uma casa que antes era pertencente ao senhor Luiz Dacol. Compraram o imóvel e, imediatamente, inauguraram a “Comercial Dotti”, onde inovaram, vendendo no varejo “secos e molhados”, como se diferenciavam naquele tempo os produtos alimentícios, de outros utensílios em geral. Criaram conta-corrente para os consumidores pagarem de forma mensal, alguns pagavam no término da safra ou na venda do gado. Havia clientes que chegavam a fazer compras das necessidades familiares apenas uma vez durante o ano. Naquela época era comum estocar gêneros alimentícios e produtos.

O local da “Comercial Dotti” ficava na Rua Lauro Müller. Abastecia toda a população urbana, fazendeiros, agricultores e pessoas que tinham e trabalhavam nas indústrias da região de Curitibanos.

Trabalharam duramente. Prosperaram de forma significativa, chegando a adquirir notável popularidade regional. A população de Curitibanos apelidou a Praça Nereu Ramos, de “Pracinha dos Dotti”. Até hoje, todos se referem dessa forma ao local. A praça era cercada por arames e tinha lugar especial para amarrar os animais com os seus cargueiros.

Walter Dotti, juntamente com toda a família, trabalhou arduamente na casa comercial. Alguns anos depois ele foi para Caxias do Sul e naquela cidade, em 1947, casou-se com Zélia Maria Scur. Os anos passaram e o progresso de Curitibanos começou a ficar nítido e evidente. No registro de casamento de Walter e Zélia consta que ele nasceu no dia 2 de dezembro de 1922 e ela nasceu em 18 de dezembro de 1930 em Caxias do Sul. Na ocasião do casamento, Walter declarou que morava em Caxias do Sul e trabalhava no comércio.

Nas ruas que antes não havia calçamento e nenhum tipo de pavimentação, de repente, começaram a ser calçadas de paralelepípedos e posteriormente, receberam pavimentação asfáltica. Os costumes se modificaram e as antigas tradições deram lugar a uma nova cultura de consumismo. Em 1º de janeiro de 1975, a casa “Comercial Dotti” encerrou definitivamente as suas atividades. Após essa data, Walter e sua esposa Zélia, ainda tentaram manter-se no setor, com algumas alterações, abriram em Curitibanos a “Casa das Cortinas” que permaneceu ativa por várias décadas.

No dia 29 de julho de 2013, Zélia Maria Scur Dotti faleceu com 83 anos. Foi sepultada no dia seguinte no Cemitério Municipal São Francisco de Assis. Seis anos depois, no dia 5 de junho de 2019, Walter Dotti faleceu com 96 anos, após viver uma invejável vida repleta de trabalho e de realizações. Foi sepultado no mesmo dia no Cemitério Municipal São Francisco de Assis, de Curitibanos.

Referências para o Texto:

ALVES, Sebastião Luiz. Resgate histórico. Walter Dotti. Portal : Curitibanos memórias da nossa terra, Facebook. On-line: disponível em : https://fb.watch/83mLT_ofBC/

Cartório de Registro Civil de Caxias do Sul. Talão nº 20, página 31, casamento nº 3.872, folha nº 68, livro B13 de registros de casamentos.

POPINHAKI, Antonio Carlos. Blog “Curitibanenses”. On-line: Disponível em: http://curitibanenses.blogspot.com/2015/11/afonso-dotti.html

Registro do Óbito de Affonso Dotti. Cartório de Registro Civil de Curitibanos. Livro talão nº 8, página 323, nº 2204

Registro do casamento de Walter Dotti e Zélia Maria Scur. Portal FamilySearch. On-line: disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:33S7-L1RT-RD1?i=33&wc=QZS2-2RQ%3A264197401%2C1588922107&cc=1985805

Registros da Funerária Nossa Senhora Aparecida na página do Facebook sobre os óbitos de Walter e Zélia.