quinta-feira, 23 de maio de 2013

Wilmar Ortigari



Texto de Antonio Carlos Popinhaki

(Atualizado em 17/Agosto/2021)


Wilmar Ortigari foi um dos prefeitos de Curitibanos que imprimiu com certa excentricidade de personalidade, a sua maneira peculiar de comando nos períodos em que esteve à frente do Poder Executivo. Prefeito eleito por duas ocasiões, a primeira gestão iniciada em 31 de janeiro de 1966 e terminada também em janeiro, mas do ano de 1970. A segunda gestão teve posse em janeiro de 1977 e terminou em 31 de janeiro de 1983.

Também foi eleito deputado à Assembleia Legislativa de Santa Catarina na 7.ª legislatura (1971 – 1975), eleito com 10.642 votos, e na 8.ª legislatura (1975 – 1979), eleito com 9.413 votos, pela Aliança Renovadora Nacional — ARENA. Nessa última legislatura, foi 4.º Secretário da Mesa Diretora da Casa, nos anos de 1975 a 1976.

Sempre muito polêmico em suas ações e palavras, já em 1970, na ocasião da construção da Ponte Governador Colombo Machado Salles em Florianópolis, já eleito para Deputado, foi motivo de artigos e debates na imprensa, como forma de repúdio por suas declarações contrárias à obra.

Licenciou-se para concorrer às eleições municipais de 15 de novembro de 1976 para o cargo de Prefeito da cidade de Curitibanos. Eleito, deixou o Parlamento Estadual para assumir como chefe do Poder Executivo Municipal de Curitibanos em 1977. O seu vice, na chapa vencedora, foi o advogado Osny Bittencourt Batista.

Wilmar Ortigari nasceu em 7 de agosto de 1917, em Curitibanos. Seus pais se chamavam Fioravante e Antônia Tissian Ortigari. A mãe era conhecida comumentemente por “Antoninha”. Tem uma curiosidade encontrada no registro de nascimento do Cartório de Registro Civil de Curitibanos, sobre o nome do ex-prefeito: lá diz que “(...) o senhor Fioravante Ortigari, na presença das testemunhas, (...) declarou que na casa da sua residência, na vila de Curitibanos, na Rua Coronel Vidal Ramos, no dia 7 de agosto de 1917, às 8 horas da manhã, nasceu uma criança do sexo masculino, de nome “Walmiro Ortigari”, filho legítimo do declarante e de sua mulher, senhora Antoninha Ortigari, naturais do Rio Gande do Sul”. Ao lado do apontamento do registro tem uma observação feita posteriormente que diz: “aos vinte um dias de agosto de mil novecentos e dezessete, no meu cartório, compareceu o senhor Fioravante Ortigari, na presença de testemunhas, declarou que mudou o nome do seu filho “Walmiro” para “Wilmar”. Para constar, fiz este Termo, Hercílio Moreira da Silva, escrivão interino”.

Wilmar foi pecuarista, balconista e sócio-proprietário de uma casa comercial pertencente à família estabelecida em Curitibanos, na esquina da Rua Coronel Vidal Ramos com a Rua Hercílio Luz. 

No dia 27 de setembro de 1941, casou-se em regime Universal de Bens com Áurea Pereira Arruda, filha do senhor Leopoldo Domingues Arruda e Maria Pereira de Arruda. O casamento foi realizado pelo Juiz de Paz em exercício, o médico Alfredo Lemser que acumulava funções diversas em Curitibanos. Na cerimônia estavam presentes diversas testemunhas, inclusive algumas que tornaram-se famosas em Curitibanos, como o advogado Walter Tenório Cavalcanti, João Granemann de Souza, Nelson Sbravatti, Lauro Costa e Luiz Granemann de Souza. Foi anotado que a partir da data do casamento a senhora Áurea se chamaria Áurea Pereira Arruda Ortigari, no entanto, ao assinar o Termo, fez como “Áurea Arruda Ortigari”. Wilmar e Áurea tiveram dois filhos.

Voltando ao campo político, Wilmar foi eleito Vereador em Curitibanos por duas ocasiões entre os anos de 1956 até 1966. Especificamente foram assim: de 1956 a 1960 (em 3 de fevereiro de 1959 houve uma recondução ao cargo até a eleição de 1960) e de 1961 a 1966. Mais tarde (1997 – 2000), também foi eleito vice-prefeito na chapa com Marilucia da Silva Costa.

Um fato marcante da sua gestão foi a construção do magnífico prédio da Prefeitura na esquina da Rua Coronel Vidal Ramos e Archias Ganz. Também em sua homenagem foi construído o Estádio Municipal, conhecido carinhosamente por “Ortigão”.

Wilmar era amado e odiado em Curitibanos, amado pelo povo, odiado por adversários políticos, principalmente por causa da sua personalidade marcante e determinada. Ele gostava de fazer e não tinha e demonstrava muita paciência. Certa vez, ao observar um tratorista da prefeitura tentando remover uma enorme pedra de uma nova rua da cidade, pediu licença e assumiu o controle do trator, trabalhando como tratorista até conseguir atingir o objetivo. Wilmar era mesmo um homem do povo.

Enquanto esteve no comando do Poder Executivo, sob a sua direção, a estrutura da própria cidade foi melhorada consideravelmente, com a abertura de novas ruas e acessos. Houve também, em algumas delas, pavimentação e conservação, além da criação de novas praças. No interior, novas pontes foram construídas ou reconstruídas, além da devida atenção às estradas vicinais, que sempre tiveram trânsito, não importando as condições climáticas. Nas dependências do setor de obras, foi construída uma fábrica de tubos de concreto para atender a demanda na abertura de valetas e criação de bueiros. Nas administrações de Wilmar Ortigari, as crianças jamais foram esquecidas ou descuidadas, pois foram construídas várias escolas no interior do Município.

Ele também foi o responsável pela construção do Centro de Saúde. Adquiriu uma poderosa frota de tratores, carregadeiras e diversos caminhões basculantes, deu também, a devida atenção ao transporte e à coleta diária do lixo urbano de Curitibanos, para isso, adquiriu caminhão personalizado. Mais do que isso, a segunda gestão de Wilmar Ortigari deixou um saldo positivo no que diz respeito ao serviço de implantação de encanamentos de água. Foi na sua gestão que a CASAN começou a trazer água do Rio Marombas, tratar e distribuir o líquido precioso, de forma potável, às casas dos curitibanenses.

Quando estava em idade avançada e doente, certa vez procurou auxílio na sala de emergência do Hospital Regional de Curitibanos. Enquanto aguardava na sala de espera por seu atendimento, ficou nervoso pela demora. O atendente explicou que o médico estava realizando outro procedimento, também de urgência. Wilmar demonstrou certa impaciência, pois queria atendimento prioritário, alegando que por causa de suas ações enquanto esteve na política, ajudou na construção daquele hospital. Não demorou muito e ele foi atendido, sem prejudicar outras pessoas que também aguardavam a liberação do médico plantonista.

Apesar de ter somente o curso de “Ensino Fundamental Completo”, Wilmar Ortigari esteve à altura de qualquer letrado, em comparação ao seu desempenho profissional e político.

Aos 87 anos, no dia 7 de junho de 2005, tomado pelo câncer, decidiu não mais esperar e deu fim à sua própria vida. De acordo como foi noticiado pelo semanário local curitibanense, "ele deu um tiro contra a sua própria cabeça".






Referências para o texto:



ALVES, Sebastião Luiz; FOSSATTI, Alexandre. (1947) Wilmar Ortigari. Portal Facebook. Curitibanos memórias da nossa terra. On-line: Disponível em: https://www.facebook.com/memoriasdecuritibanos/photos/a.1450582395233934/1474111662881007


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BACELAR, Juvenal Bráulio. Texto de Juvenal Bráulio Bacelar e atualizações de Sebastião Luiz Alves.


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MEMÓRIA POLÍTICA DE SANTA CATARINA. Biografia Wilmar Ortigari. 2020. Disponível em: <http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/929-Wilmar_Ortigari>. Acesso em: 17 de agosto de 2021.


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Wilmar Ortigari, Memória Política de Santa Catarina, em memoriapolitica.alesc.sc.gov.br




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