quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

ALFREDO DRIESSEN



Texto de Antonio Carlos Popinhaki


O imigrante Pedro Driessen veio solteiro para o Brasil oriundo dos países baixos (Holanda), “foi criado e educado com a família do Coronel Henrique Rupp, e aprendeu o ofício de tropeiro e comerciante de mulas e cavalos, que os comprava no Rio Grande do Sul, e revendia no Paraná. Por força do ofício e da rota do Caminho das Tropas, costumava descansar ele e a tropa, na propriedade do único comerciante existente na localidade, denominada “Corisco”, de nome Francisco Granemann, o qual mantinha um potreiro para descanso das tropas, (...) Assim, indo e vindo de suas tropeadas, que Pedro Driessen deixou a fazenda da família Rupp, indo residir na casa do comerciante Francisco Granemann, na vila do “Corisco”, no ano de 1865, estando ele então com 19 (dezenove) anos de idade. Foi quando conheceu (...) Anna Granemann, nascida em 28 de outubro de 1856, com a qual casaram em 28 de agosto de 1871, estando ele com 25 (vinte e cinco) anos incompletos, e ela com 15 (quinze) anos incompletos”.

Pedro Driessen, foi o patriarca da família Driessen no Brasil. Ele era tropeiro, depois de casado, adquiriu uma área de terras com aproximadamente quatro mil e quinhentos alqueires, que pertencia a um morador de Curitiba/PR. O local ficou conhecido como “Fazenda da Ilha”, na localidade de “Corisco”, hoje, município de Santa Cecília/SC. O local foi deixado por herança para o seu filho Alfredo Driessen que nasceu no dia 02 de julho de 1895.

Alfredo foi tropeiro, assim como seu pai, e coincidentemente, também casou-se com uma mulher de nome Anna. Sua esposa se chamava Anna Granemann Sobrinha. O casamento deu-se em 27 de setembro de 1919. Ele estava com 24 anos e ela com 19. Desse casamento, o casal teve duas filhas: Ecilda que se casou posteriormente com Antonio Signorelli no dia 18 de maio de 1946, e Jandira que se casou posteriormente com Ivo Balem no dia 05 de novembro de 1949. Anna Granemann Driessen (Sobrinha) faleceu em 16 de março de 1929 com 25 anos de causa ignorada, conforme anotado no termo de óbito do Cartório de Registro Civil de Curitibanos.

Após a morte da esposa, Alfredo casou posteriormente com Izarina Granemann de Souza, no dia 25 de maio de 1935. Ele estava com 40 anos e ela  com 29 anos. Desse casamento, o casal teve os seguintes filhos: Áurea, que se casou posteriormente com o Dr. Osni Caetano da Silva que foi Juiz na cidade de Rio do Sul; Nelva Lurdes Driessen que se casou posteriormente com Hernani Manoel Lemos de Farias, promotor público da Comarca de Curitibanos; Juçara Maria Drissen casou-se com Mauro Chedid; Fernando que se casou posteriormente com Valni Maria Ortigari. Alfredo teve mais de uma dezena de netos.

Alfredo adquiriu enormes quantidades de terras na região de Santa Cecília, e de Porto União, chegando a possuir quase 3 mil alqueires de matas nativas e campos de pastagem. Como era um patrimônio selvagem, para poder usufruir de algum benefício desse patrimônio, era necessário muito trabalho e esforço humano. Tudo era feito de forma braçal com instrumentos rudes, como foices, machados e facões. Dessa forma, em suas terras, foram abertas estradas por onde transitaram cargueiros de cavalos e muares, os únicos meios de condução para os produtos da época.

Ainda, havia a presença constante dos índios, que foram os primeiros donos legítimos das terras americanas. Esses, sempre eram encontrados em busca de alimentos para a subsistência individual ou coletiva, estavam sempre caçando no interior das matas. Sem deixar de citar a presença das feras e animais selvagens, como o puma ou o “leão baio” como era chamado, era o mais encontrado na região. Esses representantes dos felinos atacavam constantemente os rebanhos de gado e de suínos nas propriedades rurais.

Os problemas enfrentados por Alfredo Driessen foram além dos índios e animais selvagens, foram além do desbravamento das enormes florestas e campos nativos selvagens de outrora. Ainda precisou enfrentar os fanáticos da chamada “Guerra Santa de São Sebastião”, ou a “Guerra do Contestado”, como ficou comumente conhecida. Esses fanáticos saqueavam as fazendas, roubavam o gado e alimentos, matavam e queimavam as sedes das fazendas. Após o sufoco desses revoltosos, feito pela bravura dos homens do exército brasileiro, sob o comando do General Tertuliano de Albuquerque Potiguara, Alfredo Driessen resolveu recomeçar a sua vida, criando gado selecionado.

Também se aventurou um pouco na política. Foi diplomado pelo Tribunal Eleitoral em 28 de agosto de 1937 para o cargo de prefeito nomeado de Curitibanos. Ao tomar posse, prestou o juramento legal exigido para o cargo. Governou a cidade de Curitibanos pelo período que corresponde a 28 de setembro até o dia 23 de dezembro daquele ano (1937). Na sua gestão, deu-se por concluída as obras da usina geradora de eletricidade, movida a gás. Obra iniciada pelo seu antecessor, o Tenente Coronel Graciliano Torquato de Almeida. Ele também promoveu a conservação e a melhoria da malha viária urbana e também das estradas do interior. Na sua curta gestão à frente do poder executivo curitibanense, nomeou alguns novos secretários.

As mudanças na política na esfera nacional ocorridas a partir do dia 10 de novembro de 1937 afetaram muitas cidades do país. Getúlio Vargas, através de um “golpe de estado”, instituiu o “Estado Novo” num pronunciamento feito à nação por uma rede de rádio, no qual lançou um “Manifesto à Nação”, que dizia que o regime tinha como objetivo “reajustar o organismo político às necessidades econômicas do país”. Alfredo Driessen por ter sido instituído como um prefeito nomeado, quando da implantação dessa ditadura no país, foi exonerado do seu cargo por razões da política pelo interventor do Estado de Santa Catarina, Dr. Nereu Ramos.

Seus últimos anos foram de uma vida reclusa na sua "Fazenda da Ilha", no município de Santa Cecília. Era prestigiado pela sociedade regional. Alfredo Drissen e a sua descendência marcaram seus nomes nos anais das famílias de Curitibanos e Santa Cecília.


Referências para o Texto:


BACELAR, Juvenal Bráulio. Administração de Alfredo Driessen. Escritos biográficos. Curitibanos/SC. 1974


BALEM, Luiz Alfredo Driessen de. Origem e história da família Driessen. Curitibanos/SC. 1997.


CURITIBANOS. Termo de óbito de Anna Granemann Driessen. On line: Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-62Y9-P5H?i=2&wc=MXYG-R29%3A337701401%2C337701402%2C338670301&cc=2016197

CURITIBANOS. Termo de casamento de Antonio Signorelli e Ecilda Driessen. On line: Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-62YS-MZ1?i=247&wc=MXYG-KNL%3A337701401%2C337701402%2C338556901&cc=2016197

CURITIBANOS. Termo de casamento de Ivo Balem e Jandira Driessen. On line: Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-62Y9-P6H?i=87&wc=MXYG-G38%3A337701401%2C337701402%2C338616001&cc=2016197

CURITIBANOS. Termo de Casamento de Alfredo Driessen e Anna Granemann Sobrinha. On line: Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-X369-RH6?i=16&wc=MXYG-MZS%3A337701401%2C337701402%2C338309201&cc=2016197 Acesso 17 fev. 2021.

CURITIBANOS. Termo de Casamento de Alfredo Driessen e Izarina Granemann de Souza. On line: Disponível em:https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-6RQG-XH?i=190&wc=MXY2-NZ9%3A337702801%2C337702802%2C337911001&cc=2016197

Estado Novo. On line: Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_Novo_(Brasil)

GRANEMANN, Floresnal; RIBEIRO, Jandira Granemann; JOSÉ, Maria Aparecida Granemann. História da família Granemann. 1ª ed. Mafra/SC. Editora Nitram Ltda. ME. Jul 2009. 296 p.

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