segunda-feira, 27 de novembro de 2023

José Romeo Kochhann


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


José Romeu Kochhann nasceu na cidade gaúcha de Cruz Alta em 21 de julho de 1932. Seus pais se chamavam, Baldoino Kochhann e Leonida Elizabeta Kaiser Kochhann. Após estudar e passar a sua infância na sua terra natal, serviu o exército, como um soldado, na cidade de Passo Fundo. Após cumprir com o que era exigido pelo serviço militar, mudou-se para a cidade de Curitibanos/SC, com a finalidade de trabalhar. José Romeo estava noivo e dessa forma, comprometido. Em Curitibanos conheceu uma bela menina, cujo nome era Iracy Larsen, filha de um ex-delegado de polícia. Ela tinha 13 anos, o que não foi um empecilho para o namoro. Acabou por desfazer o noivado e comprometer-se com Iracy. Quatro anos passaram, o amor que José Romeo sentia por Iracy mostrou-se grande demais. Depois desses anos, quando ele tinha 23 e ela 17, assumiram o compromisso de viverem juntos e formar uma família. No dia 17 de dezembro de 1955, em Curitibanos, casaram-se. Iracy passou a assinar como Iracy Larsen Kochhann. Do casamento, nasceram 4 filhos, aos quais se chamam: Solange Kochhann, Zulmara Kochhann, Márcio Nilton Kochhann e Alessandra Kochhann. Até os dias atuais, seu filho e filhas o consideram uma pessoa honrada, dedicada à família e uma espécie de herói. Ao preparar o material para o presente texto, constatou-se o quão querido José Romeo Kochhann era no seio familiar. As melhores recordações surgiram do passado, em forma de saudade e nostalgia. 

Em Curitibanos, José Romeu Kochhann ficou conhecido simplesmente como "Romeo". Trabalhou no ramo da contabilidade. Seu irmão, Arli Nery Kochhann, tinha um escritório de contabilidade e nessa área, ofereceu-lhe uma oportunidade de trabalho. Fez vários amigos, tornando-se uma pessoa influente e conhecida. Foi membro do disputadíssimo Rotary Club. Com toda essa influência, acabou entrando para a política local. Foi, em 1966, um dos fundadores do partido chamado Movimento Democrático Brasileiro — MDB, criado nacionalmente, em 27 de outubro de 1965, através da publicação do Ato Institucional n.º 2 — AI-2.

Em 3 de outubro de 1965, elegeu-se vereador, sendo o candidato mais votado naquele pleito. Na casa legislativa de Curitibanos, foi Presidente da Câmara de Vereadores, isso, numa época em que os parlamentares municipais não recebiam salários por suas atuações no Poder Legislativo. José Romeo Kochhann nutria um amor muito grande por Curitibanos, tinha sonhos de tornar o lugar melhor para se viver. Então, em 1969, colocou o seu nome, para ser um dos candidatos à prefeito pelo MDB. O Diretório Municipal do partido acolheu a sua proposta, sendo então escolhido candidato contra o arenista Hélio Anjos Ortiz. Aquela campanha não foi fácil para Romeo. Houve, além de ameaças, também agressões físicas. Alguém, certo dia, espancou Romeo, enquanto estava fora de casa.  Chegou no seu lar todo ensanguentado. A eleição ocorreu no dia 30 de novembro de 1969. Aquele era um tempo difícil para as pessoas que compunham um partido de oposição. Na apuração dos votos, constatou-se que o vencedor foi o candidato da ARENA. Entretanto, o MDB local não se deixou abater. O partido, a cada pleito eleitoral, daquele ano em diante, lançou candidatos para tentar derrotar os representantes da ditadura militar. Na eleição seguinte, ocorrida em 15 de novembro de 1972, José Romeo disputou a eleição como vice-prefeito, juntamente com o empresário Ulysses Gaboardi (Pai). O candidato da ARENA era Onofre Santo Agostini, que venceu a disputa. O empresário Ulysses ainda disputaria outra eleição em 1976, com outro vice.

Naquele tempo, havia muitas intrigas por causa da política local, e com essas intrigas, vinham junto, algumas ofensas e humilhações. Devido às seguidas derrotas do MDB, algumas pessoas começaram a provocar os Kochhann, inclusive, passando com carros em frente à sua residência, com gritos e buzinas de provocações. No início da década de 1970, Romeo adquiriu um pomar no Núcleo Celso Ramos, onde trabalhou com alguns descendentes de japoneses na produção de frutas. Certo dia, ao passar mal enquanto trabalhava no pomar, pediu para um amigo ou empregado trazer o carro de volta para Curitibanos. Ele, por não estar muito bem, resolveu permanecer no sítio. No caminho para Curitibanos, o motorista foi surpreendido com vários tiros contra o automóvel. Uma bala atingiu o seu braço. Ao chegar em Curitibanos, foram encontradas oito marcas de tiros na lataria do veículo.

Pessoas anônimas do partido da situação (ARENA) ameaçaram de sequestrar a sua família. Tudo isso aconteceu pouco tempo antes da eleição de 1972. Chegou um ponto que Romeo tomou uma decisão, caso perdessem a eleição, iriam embora de Curitibanos. Com todas aquelas ameaças e a tentativa de assassinato na rodovia que levava Curitibanos ao Núcleo Celso Ramos, Romeo decidiu, juntamente com a sua esposa e filhos, que se mudariam para outro lugar, deixando para trás a cidade que ele tanto amou e desejou sempre o melhor. Assim, após a derrota nas urnas, Romeo abandonou a política. Em 1973 a família Kochhann se mudou para Curitiba, capital do estado do Paraná, onde José Romeo trabalhou por alguns anos em empresas locais.

A decisão foi difícil, e foi tomada sob pressão. A esposa de José Romeo, dona Iracy Larsen Kochhann possuía, em Curitibanos, um salão de beleza. Ela tinha uma excelente freguesia. Era bem requisitada, principalmente, quando havia casamentos, bailes e eventos culturais, envolvendo a sociedade local. Romeo encerrou as suas atividades no ramo contábil, desfez-se do pomar e a esposa do salão de beleza. A família permaneceu em Curitiba até o ano de 1977. Depois, recebeu uma proposta para trabalhar no ramo de comercialização de madeiras em Belém do Pará. Naquele emprego, permaneceu por 1 ano, quando recebeu nova proposta para assumir um cargo de sócio da mesma empresa, cuja matriz estava localizada na cidade paulista de São José do Rio Preto.

José permaneceu naquela cidade, na empresa madeireira até 1983, quando surgiu-lhe a oportunidade de voltar a Curitiba. Devido ao seu conhecimento na área madeireira, a empresa Ronconi Móveis o contratou para ser o gerente de vendas. Local, que permaneceu até o seu falecimento. Em 19 de maio de 1987, faleceu de um infarto do miocárdio na cidade de Curitiba. Todavia, a sua participação na história política de Curitibanos não foi esquecida. Seu nome permanecerá nos anais do Partido do Movimento Democrático Brasileiro — MDB, onde militou arduamente, arriscando a sua própria vida e a dos familiares, no anseio de ver o município melhor. Em 17 de março de 1994, o então prefeito Generino Fontana, denominou a Cancha de Bolão, construída ao lado do Ginásio de Esportes Onofre Santo Agostini de "Cancha José Romeo Kochhann. Uma justa homenagem!



Referências para o Texto:


POPINHAKI, Antonio Carlos Popinhaki. A História do MDB em Curitibanos. 2023. 28 p.


Com informações de Zulmara Kochhann


Com informações de Márcio Nilton Kochhann


Curitibanos — Lei Ordinária Municipal n.º 2778/1994.


Fotografias: acervo familiar

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