quinta-feira, 10 de março de 2022

Irmã Leônia Modkovski


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Helena Bernardete Modkovski, conhecida por todos os curitibanenses que tiveram contato com ela, entre os anos de 1948 e 1984, simplesmente, por Irmã Leônia. Nasceu no dia 17 de maio de 1924, na pequena cidade de Áurea, no Rio Grande do Sul. Na época, o lugar era chamado de “Treze de Maio”, data alusiva à Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil.

Seus pais se chamavam José Modkovski e Joana Kuzminski Modkovski. Helena era a filha mais velha do casal. Ela teve outros 11 irmãos e irmãs. Seus nomes são: Praxedes, Vicente, Rafael, Longuino, Estanislau, Juliano, Joaquim, Maria, Pedro, Alexandre e Miguel.

Como nasceu num lar católico, foi batizada no dia 22 de junho de 1924, onde hoje é a cidade de Getúlio Vargas, na época, era uma colônia da cidade de Passo Fundo. Os padrinhos do batismo foram os seus avós João Modkovski e Rozalia Kuzminski. Dez anos depois, em junho de 1934, foi crismada e a sua madrinha foi Rozalia Kuzminski.

Foi matriculada no Colégio das Irmãs, em Áurea, onde fez o Curso Primário. Devido à proximidade com as religiosas, em 8 de maio de 1938, com praticamente 14 anos, ingressou na Congregação das Irmãs da Sagrada-Família, na comunidade de Áurea, como “Aspirante”. Em dezembro daquele ano, foi para Curitiba para ingressar no “Postulantado”. Em dezembro de 1939, Helena ingressou no “Noviciado”, e em 3 de dezembro de 1940, fez os “Primeiros Votos Religiosos”. No mês de dezembro de 1946, com 22 anos, fez a “Profissão Perpétua”. Algumas irmãs relataram que enquanto Helena, agora conhecida por Irmã Leônia, enquanto esteve em Curitiba, rezava e cantava em polonês.

Sua vida religiosa necessitava de uma formação educacional, pois um dos grandes serviços da Congregação das Irmãs da Sagrada-Família é justamente o ensino em grupos escolares. Para se qualificar, Irmã Leônia, de 1941 a 1944 fez o Curso Ginasial no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Curitiba. De 1945 a 1947 cursou o 2.° Grau, Magistério, na cidade de Porto União, Santa Catarina.

A sua transferência para a cidade de Curitibanos, no ano de 1948, teve um grande propósito, o de ensinar e ajudar as demais Irmãs que mantinham em funcionamento o Colégio Santa Teresinha. A Irmã Leônia lecionou no 2.º e no 3.º ano do antigo 1º Grau, e para os alunos de 5.ª a 8.ª séries, as disciplinas de Língua Portuguesa e Literatura. Também ensinou aos estudantes daquele colégio, a Educação Religiosa, como disciplina prevista na grade curricular. Exerceu essas atividades de professora por 32 anos, até o ano de 1980. Mesmo depois dessa data, muitas vezes, ela substituía outros professores que por algum motivo não podiam lecionar. Ela dominava outras matérias e ajudava prontamente quando solicitada. Além de docente, ela também foi auxiliar de Direção do Colégio.

Era uma artista, lecionou música (piano), aos principiantes e também pintura. Em sua trajetória de vida, preparou inúmeras crianças para a 1.ª eucaristia. Ela dirigiu a “Cruzada Eucarística” por 10 anos. Ajudou na formação das Aspirantes.

Na casa das Irmãs da Sagrada-Família, a Irmã Leônia ocupou-se com vários serviços gerais, como o cuidado do jardim, da horta e dos animais. Houve uma época em que ela ordenhava algumas vacas-leiteiras, provendo o precioso e o puro leite matinal para o desjejum.

Era uma mulher incansável na busca do saber, com os seus 50 anos, entre os anos de 1973 e 1976, ela cursou a Faculdade de Letras, na cidade de Caçador, em Santa Catarina. Aposentou-se em 1980, como Professora do Estado. Entre os anos de 1981 e 1983, foi “Superiora” da comunidade do Colégio Santa Teresinha, em Curitibanos. Nos meses de agosto e setembro de 1984, em Brasília, realizou o Curso do Centro de Renovação Espiritual — CERNE. Esse curso visa estimular o exercício de um pensamento mais introspectivo para refletir sobre o que é preciso mudar na própria vida e no relacionamento com aqueles que estão ao nosso redor.

Em 1984, com 60 anos, a Irmã Leônia foi transferida para a “Casa Provincial de Erechim”, Rio Grande do Sul. Sentindo que poderia ser mais útil em seu trabalho religioso, de 24 de abril de 1985 a 15 de setembro de 1989, ela trabalhou no município gaúcho de Paulo Bento, com a catequese, naquela cidade, ela foi também “Superiora” por três anos. Em janeiro de 1991, foi novamente transferida para a “Casa Provincial de Erechim”. No local, foi escolhida como a IV Conselheira e a Secretária do Conselho Provincial, da Província de São Francisco. Atuou como Secretária até o final do ano de 2003. Em agosto de 2004, Irmã Leônia foi transferida para a Casa Imaculada Conceição de Viadutos, onde permaneceu até o dia da sua morte, em 31 de janeiro de 2022.

Antes, ainda nos seus anos de lucidez e saúde física e mental, escreveu sobre a sua infância: “Se falar da vida cristã inicial, das coisas bonitas que mais me marcaram, falo que foi na família — os pais rezavam com os filhos, incutindo neles a fé pela oração. Os filhos rezavam com os pais, diariamente, de manhã: Pai-Nosso, Ave-Maria, o Creio, os 10 Mandamentos de Deus, os Cinco Mandamentos da Igreja, os Sacramentos e a Oração do Santo Anjo da Guarda. Também rezavam o Terço, geralmente à noite. Todos os domingos, participavam da Missa, a pé ou de carroça, 5 quilômetros. As festas da Páscoa e do Natal eram as mais marcantes”.

A vocação da jovem Helena Bernardete Modkovski surgiu quando conviveu com as Irmãs da Sagrada-Família, na Escola da pequena comunidade de Áurea, com os estudos da catequese. Ela pertencia à Associação das Filhas de Maria. Ainda em seus escritos, encontramos a continuação das suas recordações: “Foi uma época de crescimento espiritual e de devoção mariana. Os períodos do Postulantado, Noviciado e do Juniorato foram um tempo de vivência espiritual muito ricos. Através das orações, estudos, conhecimentos sobre o valor da convivência... A 1.ª “Profissão” e os votos perpétuos foram dias de júbilo de muita alegria, entusiasmo e vontade de servir a Deus e aos irmãos. As devoções do Sagrado Coração, do Imaculado Coração de Maria e do Santíssimo Sacramento sempre estavam em primeiro lugar. Os Retiros Anuais da Congregação sempre foram de grande crescimento e amadurecimento espiritual. Todas as Festas Litúrgicas da Igreja e da Congregação, especialmente o Natal, a Páscoa, o Pentecostes e as Festas Marianas, sempre foram celebradas com maior amor, confiança e esperança. O maior ponto de apoio, nas horas difíceis, sempre foi o Coração Eucarístico e Misericordioso de Jesus. E não posso esquecer do Ano Jubilar — Bimilenar do Nascimento de Jesus”.

A Irmã Leônia era sempre grata por muitas maravilhas em sua vida e também na vida da Congregação das irmãs da Sagrada-Família. Segundo as suas palavras, “me tornei religiosa para servir melhor a Deus e ao próximo”.



Referências para o texto:



CERNE. Portal da CNBB. ‘On-line’, disponível em: https://www.cnbb.org.br/curso-reflete-sobre-os-pontos-cardeais-da-espiritualidade-missionaria/


Fotografia fornecida pela Congregação das Irmãs da Sagrada-Família de Curitibanos, Santa Catarina.


Informações da Irmãs da Sagrada-Família de Viadutos, Rio Grande do Sul.


Informações das irmãs da Sagrada-Família de Curitibanos, Santa Catarina.

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