Graciliano Alves dos Santos nasceu em 25 de maio de 1908, em Curitibanos, Santa Catarina, filho de Justino Alves dos Santos e Roza Maria de Moraes. Desde cedo, Graciliano demonstrou uma disposição ímpar para o trabalho, crescendo na fazenda Estancia Velha, de propriedade de Faustino Costa, onde seu pai era agregado. Os filhos de Faustino Costa lembravam-se de Graciliano como um jovem altivo e trabalhador, sempre disposto a ajudar nas tarefas da fazenda. Sua infância foi marcada por uma vida simples no campo, onde aprendeu desde cedo o valor do trabalho árduo e da honestidade.
Em 5 de abril de 1932, Graciliano casou-se com Alvina Rodrigues dos Santos, com quem teve três filhos: Nerico, Nilza e Nivaldo. Ele se dedicou a criar e educar seus filhos da melhor maneira possível, sempre valorizando a família e o trabalho. Graciliano era um pai presente e amoroso, que se esforçava para proporcionar o melhor para sua família. Ele e Alvina formaram uma parceria sólida, baseada no respeito mútuo e no compromisso com o bem-estar de seus filhos.
Graciliano serviu ao Exército Nacional na Terceira Companhia de Artilharia Montada em Curitiba, onde participou das tropas revolucionárias de 1930 até o Rio de Janeiro, retornando a Curitiba após a posse do Presidente Getúlio Dornelles Vargas. Essa experiência militar moldou o seu caráter e disciplina, que ele carregou por toda a vida. Ele era conhecido por sua coragem e determinação, qualidades que o ajudaram a superar muitos desafios ao longo dos anos. Durante seu serviço militar, Graciliano desenvolveu habilidades de liderança e um forte senso de dever, que se refletiram em todas as áreas de sua vida.
Iniciou suas atividades econômicas como tropeiro, conduzindo suínos de Curitibanos até a estação ferroviária das Perdizes em Videira. Posteriormente, trabalhou como tropeiro de bovinos, transportando gado de Curitibanos até Itajaí. Um episódio marcante foi quando uma tropa da família Lopes de Campos Novos estourou na Serra dos Pires, resultando em oito dias de buscas, resultando em vários animais feridos. Graciliano também transportava gêneros alimentícios de Curitibanos até o Vale do Rio Itajaí Na volta, era um dos responsáveis pelo abastecimento da Casa Comercial dos irmãos Lourenço e Felisbino Ortiz. Graciliano contava que, em um ano inteiro, fez 14 viagens com a tropa carregada na rota Curitibanos até Blumenau.
Os resultados financeiros de seu trabalho foram investidos na compra de terras. Formou uma parceria com o madeireiro Aloísio Werneck, fornecendo-lhe as toras de araucárias das suas propriedades. Após a comercialização da madeira serrada, o resultado foi o reinvestimento em novas terras. Com isso, adquiriu uma quantidade significativa de terras, permitindo-lhe doar 200 alqueires para cada um de seus três filhos, permitindo a partilha com seus 10 netos, totalizando aproximadamente 600 alqueires. Graciliano tornou-se um pecuarista de sucesso, sempre buscando o melhor para sua família. Ele acreditava firmemente na importância de deixar um legado para as futuras gerações, garantindo que seus filhos e netos tivessem uma base sólida para construir suas próprias vidas.
Graciliano enfrentou problemas de saúde ao longo da vida, incluindo uma grave enfermidade na década de 1930 e um AVC aos 78 anos, que resultou em paralisia do lado esquerdo. Mesmo assim, manteve-se ativo e recuperou-se bem, seguindo as recomendações médicas e adaptando-se às suas limitações. Ele era conhecido por sua resiliência e capacidade de superar adversidades. Após o AVC, Graciliano seguiu um rigoroso regime de exercícios recomendados pelo médico, demonstrando sua determinação em recuperar a mobilidade e continuar ativo.
Na sociedade curitibanense, Graciliano foi membro do corpo de jurados do Fórum e da Comarca, sócio da Associação e Sindicato Rural, e colaborador em diversas obras comunitárias. Ele contribuiu para a construção de igrejas e do Monumento ao Tropeiro, erguido no Paço Municipal, onde seu nome está registrado. Graciliano também foi um colaborador fiel nas obras para a construção da Igreja Matriz, Igreja do Bom Jesus, Igreja de Ponte Alta do Norte e Igreja do Faxinal Paulista. Sua dedicação à comunidade religiosa era evidente em suas ações e no respeito que conquistou ao longo dos anos.
Graciliano Alves dos Santos viveu de maneira simples e humilde, sempre disposto a ajudar os outros. Era conhecido por seu temperamento espontâneo e destemido, e por sua inteligência, otimismo e honestidade. Ele era um grande cidadão, filho de Curitibanos, que deixou um legado de trabalho árduo e dedicação à família e à comunidade.
Em 11 de setembro de 2001, Graciliano recebeu a Comenda do Mérito Curitibanense pelos seus relevantes trabalhos de tropeirismo, conforme Decreto do Legislativo n.º 22/2001. Ele faleceu em 28 de maio de 2009, em Curitibanos, aos 101 anos, deixando uma história rica e inspiradora para as futuras gerações.
Graciliano também era conhecido por suas habilidades como domador de mulas, uma atividade que desempenhou com maestria durante a Revolução de 1930. Ele era voluntário e se destacava pela coragem e destreza ao lidar com os animais. Sua experiência como tropeiro e domador o tornou uma figura respeitada e admirada na comunidade. Ele era frequentemente chamado para domar mulas difíceis, uma tarefa que exigia paciência, habilidade e uma compreensão profunda do comportamento animal.
Além de suas atividades profissionais, Graciliano era um homem de fé e contribuiu significativamente para a construção de várias igrejas na região de Curitibanos. Ele era o responsável pela venda oficial das prendas recebidas nas diversas festas da igreja católica, ajudando a arrecadar fundos para as obras. Sua dedicação à comunidade religiosa era evidente em suas ações e no respeito que conquistou ao longo dos anos. Graciliano acreditava que a fé e a comunidade eram pilares fundamentais para uma vida plena e significativa.
Graciliano Alves dos Santos era um homem de muitos talentos e virtudes. Sua vida foi marcada por trabalho árduo, dedicação à família e à comunidade, e uma fé inabalável. Ele deixou um legado duradouro que continua a inspirar aqueles que conheceram a sua história. Sua trajetória de vida é um testemunho de perseverança, coragem e amor ao próximo.
Graciliano também era conhecido por suas histórias e memórias das tropeadas. Ele frequentemente compartilhava suas experiências com amigos e familiares, relembrando os desafios e as aventuras que enfrentou ao longo dos anos. Uma de suas lembranças mais vívidas era a de sua primeira tropeada, aos 8 ou 10 anos, quando viajou de Curitibanos a Caxias do Sul, enfrentando neve e outras adversidades. Essas histórias não só entretinham, mas também ensinavam lições valiosas sobre resiliência e determinação.
Ao longo de sua vida, Graciliano sofreu vários acidentes, incluindo oito fraturas, resultado de seu trabalho árduo e perigoso como tropeiro e pecuarista. No entanto, ele nunca deixou que esses contratempos o desanimassem. Sua capacidade de se recuperar e continuar trabalhando era uma prova de sua força de vontade e determinação.
Graciliano também era um homem de negócios astuto. Ele sabia como negociar e maximizar os lucros de suas atividades. Durante suas viagens como tropeiro, ele frequentemente comprava e vendia mercadorias, garantindo que sempre tivesse um fluxo constante de renda. Sua habilidade em identificar oportunidades de negócio e sua disposição para trabalhar duro garantiram seu sucesso financeiro ao longo dos anos.
Na comunidade de Curitibanos, Graciliano era uma figura respeitada e admirada. Ele era conhecido por sua generosidade e disposição para ajudar os outros. Muitas vezes, ele oferecia seu tempo e recursos para ajudar vizinhos e amigos em necessidade. Sua casa era um lugar de acolhimento, onde todos eram bem-vindos.
Graciliano também desempenhou um papel ativo na preservação da cultura e das tradições locais. Ele participou de várias iniciativas para promover e preservar o tropeirismo, uma parte importante da história e da identidade de Curitibanos. Sua contribuição para a construção do monumento ao tropeiro é um exemplo de seu compromisso com a preservação da história local.
Além de suas contribuições para a comunidade, Graciliano também era um homem de família dedicado. Ele sempre colocava a família em primeiro lugar e fazia questão de passar tempo de qualidade com seus filhos e netos. Ele ensinou-lhes valores importantes, como honestidade, trabalho árduo e respeito pelos outros. Seu legado familiar é um testemunho de seu amor e dedicação.
Graciliano Alves dos Santos viveu uma vida plena e significativa. Sua história é um exemplo de como a determinação, a fé e o trabalho árduo podem superar qualquer obstáculo. Ele deixou um impacto duradouro na comunidade de Curitibanos e em todos que tiveram a sorte de conhecê-lo. Sua vida e legado continuam a inspirar e motivar as futuras gerações.
Em 19 de junho de 2015, o então prefeito de Curitibanos José Antonio Guidi denominou, através da Lei Ordinária Municipal n.º 5.502/2015 uma rua do município de Curitibanos com o nome de “Rua Graciliano Alves dos Santos”, localizada no Loteamento Nova Alvorada.
Mais dos seus feitos, bem como, da sua esposa, a senhora Alvina Rodrigues dos Santos, encontram-se registrados no livro A Saga dos Tropeiros em Curitibanos. Justas homenagens.
Referências para o texto:
A Saga dos tropeiros em Curitibanos / Aldair Goeten de Moraes. . . [et. al.]. 1.ª ed. Curitibanos, SC : Ed. dos Autores, 2024.
Com informações de Aldair Goeten de Moraes.
Com informações de Luiz Marcos Cruz.
Curitibanos — Decreto do Legislativo n.º 22/2001.
Curitibanos — Lei Ordinária Municipal n.º 5.502/2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário