quarta-feira, 23 de março de 2022

Benjamim Dacol


Texto de Antonio Carlos Popinhaki

Benjamim Dacol era o sexto filho do casal Luiz Dacol e Luiza Deola Dacol. Ele nasceu no dia 29 de junho de 1911, dia de São Pedro e São Paulo, na cidade de Indaial, Santa Catarina. Morou em Indaial, Apiúna e Curitibanos, na última cidade, seu pai adquiriu terras no lado leste do riacho Pessegueirinho, onde hoje fica a área campestre do Clube Pinheiro Tênis Clube. As terras da família Dacol iam além da atual estrada que liga o centro de Curitibanos à localidade denominada “Campo da Roça” (fundos da pedreira abandonada). Naquele local, toda a família mantinha-se ocupada, inclusive com os afazeres de um moinho construído na margem do riacho, que tinha suas águas límpidas e cheias de peixes. A residência da família Dacol era o que os curitibanenses da época, classificaram como uma casa alegre, além de abrigar a própria família italiana/brasileira, ela era diferenciada das demais, pois fora construída com “tijolos à vista”, em estilo europeu.

A infância de Benjamin Dacol foi de muito trabalho, junto com os pais e irmãos. Seu pai, além do terreno e dos afazeres cotidianos que eram pertinentes a um proprietário rural, ainda exercia, na vila de Curitibanos, a profissão de carpinteiro. Demorou mais anos do que o normal para que Benjamim viesse a casar-se. Todavia, no dia 1º de maio de 1943, com quase 32 anos, casou-se com a jovem Dalcema Almeida, filha do fazendeiro Petronilho Ferreira de Almeida e da sua esposa Francelina de Almeida, apelidada carinhosamente por todos, de “Dona França”. Dalcema, tinha na ocasião, 18 anos. A diferença de idade entre os nubentes não era muito aceitável, principalmente, pela família da noiva, que achava Benjamim velho demais para a filha. Há relatos de que os apaixonados, antes do casamento, chegaram a fugir das casas dos pais, vivendo dessa forma, escondidos na casa de um tio, de nome Ângelo Rossa Sobrinho e sua esposa Joana Maria Dacol Rossa, até que houvesse o consentimento das famílias para o casamento. O local dessa residência do casal Rossa era exatamente onde está a sede campestre do Pinheiro Tênis Clube de Curitibanos, na margem esquerda da rodovia Ullysses Gaboardi, sentido a São Cristóvão do Sul.

Benjamim e Dalcema viveram felizes após o casamento, contrariando muitas pessoas que tinham preconceito, mostrando a elas que o amor não tem idade. Do casamento, nasceram a filha Ivonete Almeida Dacol e o filho Luiz Gonzaga Dacol. Moravam na Avenida Salomão Carneiro de Almeida (muito antes dessa via ter esse nome), ao lado de onde fica atualmente a loja “Princesa do Lar”, em frente à antiga rodoviária de Curitibanos.

No dia 20 de maio do ano de 1947 houve um completo eclipse solar. Esse foi um evento raro, presenciado pelos brasileiros que tiveram a oportunidade de ter um céu sem nuvens. Naquele dia, Benjamim Dacol estava próximo ao Hotel Montibeller, no centro de Curitibanos, atento em observar tal fenômeno. Parecia que todos estavam se esforçando, de alguma forma, voltando os olhos para o alto. Era pouco mais de 09:30 horas da manhã, por alguns segundos ou minutos, literalmente, houve um escurecimento, como se o dia virasse noite, a temperatura também caiu alguns graus e pôde ser sentida. Havia em Curitibanos um farmacêutico que possuía um velho caminhão, por distração de ambos, por causa do eclipse, Benjamim Dacol foi atropelado pelo caminhão do farmacêutico local. Com os parcos recursos existentes na época, precisaram removê-lo para outros centros maiores. Foi transferido para a cidade de Lages, pois houve algumas fraturas generalizadas, que não podiam ser tratadas em Curitibanos. O fato é que, depois daquele atropelamento, Benjamim Dacol nunca mais teve a sua saúde plenamente recuperada.

Certo dia, numa viagem ao Rio de Janeiro, sentiu-se mal. Ao fazer os exames solicitados pelos médicos, foi constatado que se tratava de um câncer no pâncreas. Desde que foi descoberto esse mal, Benjamim começou uma luta silenciosa, sabendo que não havia cura, se apegou com a fé católica, característica dos italianos e seus descendentes. Em 1950 e 1951, ele foi assinante do jornal católico “O Apóstolo”, onde encontramos o registro de uma contribuição de Cr$ 144,00, em 15 de janeiro de 1950 e Cr$ 200,00 em 15 de janeiro de 1951. Ele também participava do Grupo Mariano da Igreja católica. Certa vez, ajudou seu pai, Luiz Dacol na construção do jardim da antiga Igreja matriz, demolida anos depois, para dar lugar à edificação da atual. Ainda existem, no centro de Curitibanos, pelo menos, duas casas que ele construiu, e que estão servindo de moradia, o detalhe dessas casas é o forro que era feito de forma artesanal.

Mesmo não estando em sua melhor forma de saúde, como bom “getulista” que era, no dia 26 de agosto de 1954, fez uma grande viagem de 700 quilômetros até a cidade gaúcha de São Borja, para poder acompanhar o enterro do ex-presidente da república, Getúlio Dornelles Vargas, pessoa que ele respeitava e admirava muito.

Benjamim era um comerciante conhecido em Curitibanos. Além disso, era músico, carpinteiro e pedreiro. Membro atuante do Clube 7 de Setembro, local onde além das suas obrigações como associado, era também atuante em prol do clube, não media esforços para que as atividades recreativas do local fossem de excelência.

No dia 2 de setembro do ano de 1957, Benjamim estava mal de saúde por causa do câncer. Ele e sua esposa estavam na casa do seu cunhado, o senhor Sergino Webber Leite, casado com a irmã de Benjamim, de nome Elisabete Dacol Leite, que morava em Videira, Santa Catarina. O registro de óbito diz que ele faleceu às 06:00 horas. A causa da sua morte foi ocasionada por causa do câncer de pâncreas. O corpo foi transferido para Curitibanos, onde foi sepultado no dia 3 de setembro de 1957, no cemitério municipal.

No dia 19 de setembro de 1980, o então prefeito Wilmar Ortigari, através da Lei Ordinária n.º 1463/1980 denominou uma rua localizada no bairro São José, de Rua Benjamim Dacol.



Referências para o texto:



Amigos do Apóstolo. Jornal “O Apóstolo”. Florianópolis, 15 de janeiro de 1950. Ano XXI, n.º 470, p. 2.


Amigos do Apóstolo. Jornal “O Apóstolo”. Florianópolis, 15 de janeiro de 1951. Ano XXII, n.º 494, p. 4.


Curitibanos — Lei Ordinária nº 1463/80, de 19 de setembro de 1980, denomina rua.


Fotografia: acervo da família.


Informações da senhora Merces Maria Rossa.


Informações da senhora Silvana da Silveira.


Registro de Casamento: "Brasil, Santa Catarina, Registro Civil, 1850-1999," database with images, FamilySearch (https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-62Y9-5CX?cc=2016197&wc=MXYG-KNL%3A337701401%2C337701402%2C338556901 : 22 May 2014), Curitibanos > Curitibanos > Matrimônios 1941, Mar-1947, Mar > image 87 of 303; cartórios no estado de Santa Catarina (city registration offices), Santa Catarina. — Ver também em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-62Y9-5CX?i=86&wc=MXYG-KNL%3A337701401%2C337701402%2C338556901&cc=2016197


Registro de Óbito: "Brasil, Santa Catarina, Registro Civil, 1850-1999," database with images, FamilySearch (https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-X3XP-1V?cc=2016197&wc=MXY5-PNG%3A339264801%2C339264802%2C339474301 : 22 May 2014), Videira > Videira > Óbitos 1944, Jan-1959, Jul > image 242 of 302; cartórios no estado de Santa Catarina (city registration offices), Santa Catarina. — Ver também em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-X3XP-1V?i=241&wc=MXY5-PNG%3A339264801%2C339264802%2C339474301&cc=2016197

Um comentário:

  1. Nosso agradecimento ao Sr. Antônio Carlos Popinhacki,por seu profissionalismo e carinho com uma matéria histórica de grande alegria a memória das famiglias DaCol e Dela.

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