Texto de Antonio Carlos Popinhaki
João Gualberto Gomes de Sá Filho foi um militar, engenheiro e herói militar paranaense, figura central no episódio histórico conhecido como Guerra do Contestado. Sua trajetória, marcada pela formação militar e pelo serviço ao Exército Brasileiro, teve um desfecho trágico que o imortalizou na história do Paraná.
João Gualberto nasceu no Recife, Pernambuco, em 1874. Em 1890, transferiu-se para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Militar da Praia Vermelha, onde se formou como Alferes em 1894. Demonstrando grande aptidão para as ciências exatas, no Rio formou-se em Engenharia Militar, Ciências Físicas e Matemática, além de concluir o Curso de Estado-Maior. Sua carreira no Exército Brasileiro levou-o a servir no 13º Regimento de Cavalaria, em Curitiba, onde fixou residência.
No Paraná, casou-se com Leonor Moura Brito, com quem teve oito filhos: Júlia, Cecy, Julieta, João Cecília, Rosa, Xaguana e Floriano (este último nomeado em homenagem ao Marechal Floriano Peixoto, de quem era admirador). Foi um militar atuante na sociedade curitibana: Trabalhou na implantação da Linha Telegráfica entre Foz do Iguaçu e Curitiba; Foi comandante e fundador do Tiro de Guerra Barão do Rio Branco. Era conhecido por seu espírito audacioso, como atesta uma anedota em que apostou que ergueria um enorme mastro de madeira na Praça Osório para comemorar o Dia da Bandeira.
Em 1912, João Gualberto encontrava-se no auge de sua carreira, comissionado no posto de Coronel e no comando do Regimento de Segurança (Força Pública do Paraná).
Nesse período, a região do Contestado, área de disputa de limites entre Paraná e Santa Catarina, era palco de grande tensão. A movimentação do monge José Maria e de centenas de seguidores foi interpretada pelo governo paranaense como uma "invasão" do território.
Para conter o avanço, um destacamento da Força Pública foi enviado à região. Deixando o grosso de suas tropas em Palmas, o Coronel João Gualberto partiu para o arraial de Irani com apenas 64 homens, confiante na superioridade do treinamento e no poder de fogo de uma metralhadora. No entanto, a arma caiu em um riacho e inutilizou-se antes do combate.
Na manhã de 22 de outubro de 1912, suas tropas foram surpreendidas por um ataque violento de cerca de 200 seguidores do monge, armados com garruchas e facões. Em combate corpo a corpo, tanto o Coronel João Gualberto quanto o monge José Maria morreram. Relatos da época descrevem que o corpo do coronel foi “retalhado” pelos golpes dos fanáticos, em um episódio que marcou o início da Guerra do Contestado.
Seus restos mortais, juntamente com os de outros combatentes, foram trasladados para Curitiba e velados no quartel da Força Pública. Seu cortejo fúnebre percorreu a cidade com todas as honras militares, e foi sepultado no Cemitério Municipal de Curitiba, conforme registrado no relato do Cura Celso Itiberê da Cunha.
Apesar das honrarias fúnebres, sua família, em especial sua viúva Leonor, enfrentou dificuldades financeiras após sua morte, recebendo apoio de parentes.
João Gualberto era um grande admirador do Barão do Rio Branco e foi um dos principais promotores do monumento em sua homenagem, erguido na Praça Generoso Marques, embora não tenha vivido para vê-lo inaugurado em 1914.
Sua morte heroica consolidou-o como um símbolo da defesa do território paranaense. Seu retrato ocupou lugar de honra na Casa Lacerda, na família de seus cunhados, atestando a admiração que o inspirava. Seu filho, João Gualberto, seguiu a carreira militar, atingindo a patente de General.
O Coronel João Gualberto Gomes de Sá Filho é, portanto, lembrado não apenas por sua carreira promissora, mas como uma figura trágica e fundamental em um dos conflitos mais significativos da história do sul do Brasil.
Referências para o texto:
PARANÁ HISTÓRICA. Cortejo Fúnebre do Coronel João Gualberto (1912). Disponível em: https://www.paranahistorica.com.br/publicacoes/curitiba/368/cortejo-funebre-do-coronel-joao-gualberto-1912. Acesso em: 18 de novembro de 2025.
RASTRO ANCESTRAL. João Gualberto: O Defensor do Paraná. Disponível em: https://rastroancestral.com.br/joao-gualberto-o-defensor-do-parana/. Acesso em: 18 de novembro de 2025.
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO PARANÁ (IHGPR). Blog Post: 148. Disponível em: https://ihgpr.com.br/blog-single.php?post_id=148. Acesso em: 18 de novembro de 2025.
WIKIPEDIA. João Gualberto Gomes de Sá Filho. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Gualberto_Gomes_de_S%C3%A1_Filho. Acesso em: 18 de novembro de 2025.

Nenhum comentário:
Postar um comentário