Texto de Antonio Carlos Popinhaki
Josefina Amorim nasceu na cidade de Lages, Santa Catarina, no dia 30 de outubro de 1887. Seus pais se chamavam José Henriques de Amorim e Maria José de Camargo. Sua mãe era nascida no Rio Grande do Sul. Seus irmãos se chamavam: Pedro, João e Antonio Amorim. Suas irmãs: Constantina e Maria dos Prazeres Amorim. Cresceu em Lages, onde estudou no conceituado Colégio Rio Branco, da professora Sophia Jovita Moritz de Carvalho. Esse colégio era voltado para alunas do sexo feminino. Naqueles anos iniciais do século XX, nas vilas, termos e cidades, a maioria das escolas era para o sexo masculino e poucas escolas para o sexo feminino. Em Lages havia uma delas, a da Dona Sophia Jovita Moritz de Carvalho. Algumas alunas que passavam por aquele educandário, saíam aptas a ensinar, como professoras. Foi o caso de Josefina Amorim.
Para ser uma professora, a moça precisava dominar a “leitura, entender de geografia, história-pátria, gramática, escrita, ditado e contas”. Essas eram as atribuições das alunas/professoras.
Josefina era uma moça muito bonita, elegante, inteligente e culta. Dedicou-se ao magistério, pois tinha determinação e gostava de ensinar. Após prestar concurso para o Estado de Santa Catarina, foi designada para a vila de Curitibanos, onde ensinou pessoas importantes, como o senhor Sebastião Calomeno, que seria uma das pessoas ilustres de Curitibanos, com destaques culturais, sendo professor, secretário municipal, e advogado. Ele lembrava sempre que aprendeu inicialmente, as primeiras letras, com a professora Josefina Amorim. Ela foi a primeira professora nomeada para ensinar em Curitibanos. Atuou desde 1915 até 1933, quando se aposentou por motivos de saúde.
A jovem professora abraçou a bela e nobre carreira, tendo auxiliado na educação escolar duas ou três gerações de curitibanenses. Aqueles que me antecederam, escreveram que ela era uma professora exemplar, tinha um espírito dinâmico, lutadora, austera quando era necessário, entretanto, era compreensiva e sabia julgar. Ela ensinava os alunos da escola pública para alunos do sexo masculino, desde as primeiras letras (alfabetização), até a quarta séria.
Para quem é um profissional da área, sabe que dentre os requisitos para ser um bom educador é necessário ter didática e conhecer um pouco de psicologia humana. Josefina Amorim possuía esses dois requisitos. Seus alunos a adoravam, pois, ela conseguia envolvê-los de uma maneira muito peculiar, fazendo-os aprender as lições passadas. Era amiga dos alunos e também dos pais dos alunos. Ela também tinha duas auxiliares que a ajudaram muito, as senhoras, Leonina Varela Almeida e Eulália Proença Rossa, conhecida entre todos pela alcunha de "Lica Rossa". Essas duas mulheres, também deram uma significativa contribuição para a área educacional de Curitibanos.
Era praticante da fé católica e por essa razão, tinha um bom relacionamento com a maioria das pessoas do seu tempo. Nunca se casou, talvez por opção própria, visto que, por ser uma mulher muito bonita, certamente, não lhe faltaram pretendentes.
Após ensinar em Curitibanos por 17 anos, em 28 de abril de 1932, conforme noticiado numa nota na página 3 do Jornal “A República”, requereu seis meses de licença. Na ocasião, a nota do jornal de Florianópolis, ressaltou que ela era a professora da escola pública de Curitibanos. Naquele mesmo ano, no dia 20 de setembro de 1932, requereu mais 90 dias de licença da escola pública de Curitibanos. Parece que a sua situação era difícil, pois no dia 16 de maio de 1933, pela Resolução estadual n.º 2.473, o Interventor Federal no Estado de Santa Catarina, Aristiliano Ramos, no uso das suas atribuições, resolveu aposentar a professora Josefina Amorim do cargo de “professora da escola pública masculina da vila de Curitibanos”, com os vencimentos anuais de novecentos e cinquenta e oito mil e cinquenta réis (958$050), visto que a mesma foi declarada em inspeção médica, ser incapaz para continuar a trabalhar ensinando as crianças.
Após a aposentadoria, a professora Josefina Amorim voltou a morar na sua terra natal, Lages. Lá, ela permaneceu até o dia 8 de novembro de 1950, quando tinha 63 anos. Faleceu nesta data, foi sepultada no dia seguinte no cemitério público daquela cidade. Os curitibanenses da sua época prestaram homenagens à antiga professora. Alguém escreveu: “Foi professora incomparável, viveu cumprindo a sua missão de educadora, estimada e amada por seus alunos e pelos pais dos mesmos. Deixara a semente da árvore do saber ensinar em boa terra. Tempos depois, a semente germinou, cresceu e multiplicou-se, tornando-a uma Mestra, Guia e Luz. Muito obrigado Josefina! Deus a tenha em um bom lugar”.
Através da lei Ordinária n.º 191/1953, de 14 de fevereiro de 1953, o então prefeito, Lauro Antonio da Costa, denominou a praça em frente ao antigo Hospital Frei Rogério de “Praça Josefina Amorim”. Uma homenagem justa para uma pessoa que, como mulher, num tempo dominado pelo machismo, impôs sua marca, de forma determinada, transmitindo o conhecimento aos filhos dos coronéis, dos fazendeiros e dos curitibanenses, em geral. A Praça Josefina Amorim é um belo lugar, com vista ampla de boa parte da cidade. Algumas pessoas vão até o lugar, nos finais das tardes, apreciar o pôr do sol em Curitibanos.
Referências para o texto:
ALVES, Sebastião Luiz. Josefina Amorim. Portal Curitibanos Memórias da nossa terra. ‘On-line’, disponível em: https://www.facebook.com/memoriasdecuritibanos/photos/a.1450582551900585/1456005304691643/ — publicado em 16 de abril de 2015.
Curitibanos — Lei Ordinária n.º 191/53, de 14 de fevereiro de 1953, denomina praça.
CORDOVA, Tânia. O novo compõe com o velho: O lugar do grupo escolar no cenário do ensino público primário na cidade de Lages, no Estado de Santa Catarina (1904-1928). Dissertação de Pós-graduação em Educação. Universidade Federal do Paraná. Curitiba. 2008.
Diversas Notícias. Jornal A República. Florianópolis, quinta-feira, 28 de abril de 1932. Ano II, n.º 460, p. 3.
Fotografia: Acervo do Museu Histórico Antonio Granemann de Souza de Curitibanos/SC.
Diversas Notícias. Jornal A República. Florianópolis, terça-feira, 20 de setembro de 1932. Ano II, n.º 580, p. 2.
Resolução n.º 2.473 — Jornal A República. Florianópolis, quinta-feira, 18 de maio de 1933. Ano II, n.º 776, p. 6.
Registro de óbito de Josefina Amorim "Brasil, Santa Catarina, Registro Civil, 1850-1999," database with images, FamilySearch (https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-XC6F-BV?cc=2016197&wc=MXYT-VNG%3A337700801%2C337700802%2C339979801 : 10 July 2020), Lages > Lages > Óbitos 1947, Dez-1952, Mar > image 196 of 339; cartórios no estado de Santa Catarina (city registration offices), Santa Catarina.
Jornal "O Imparcial". Edição de 11 de dezembro de 1901.
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