segunda-feira, 14 de julho de 2025

Pedro Moacir Gobbi




Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Pedro Moacir Gobbi, carinhosamente apelidado de “Pintado” durante a infância, nasceu em 29 de junho de 1934, na cidade de Soledade, no estado do Rio Grande do Sul. Brasileiro de nascimento e de coração, Pedro foi exemplo de dedicação familiar, perseverança profissional e amor pela vida simples e justa. Filho primogênito de Alexandre Domingos Gobbi e Julia Vieira Gobbi, Pedro teve uma infância marcada por mudanças geográficas e profundas raízes familiares.

Com apenas cinco anos, mudou-se com a família para Água Doce, em Santa Catarina, e, aos sete, estabeleceram-se em Herval d’Oeste, próximo a Joaçaba, onde Pedro cursou o primário e o ginásio no tradicional Colégio Marista Frei Rogério. Foi também em Herval que ele desenvolveu suas primeiras paixões: fabricar carrinhos de rolimã, tomar banho no Rio do Peixe, pescar com tarrafa, jogar futebol e brincar com as peças do futebol de botão. Desde cedo, mostrava-se um menino criativo, ativo e prestativo, características que sua mãe fazia questão de reconhecer e valorizar.

A religiosidade também marcou sua juventude. Como coroinha, ajudava os padres durante as missas, o que reforçou sua formação ética e o respeito pelas tradições da Igreja Católica. Os grandes influenciadores de sua formação foram seu pai, exemplo de caráter e disciplina, e os vários padres que conduziam a comunidade religiosa local.

Mesmo durante os estudos, Pedro já trabalhava para ajudar a família, atuando em uma madeireira. Com o passar do tempo, descobriu sua vocação para a Química e formou-se como Técnico em Química. Serviu ao Exército como soldado do Tiro de Guerra, experiência que reforçou ainda mais seu senso de responsabilidade.

Aos 20 anos, em 1954, Pedro Moacir Gobbi fixou-se em Curitibanos, Santa Catarina, onde começou a trilhar uma das mais emblemáticas jornadas empreendedoras da cidade. Munido de conhecimento técnico e espírito inovador, fundou uma distribuidora da marca Antártica e logo começou a fabricar refrigerantes artesanais, as famosas “gasosas” e o inesquecível Capilé Gobbi, com destaque para o sabor de framboesa. Seu empreendimento atravessou gerações, sustentando a cidade por mais de seis décadas, até sua aposentadoria em 2014.

Apesar de ser o proprietário da Indústria e Comércio de Bebidas Gobbi Ltda., Pedro sempre atuou de forma próxima à equipe, sendo um gerente comprometido, justo e respeitado. Sua liderança era marcada por honestidade, lealdade e forte senso de responsabilidade. Em reconhecimento a seus relevantes serviços prestados à comunidade curitibanense, Pedro foi agraciado com o Título de Cidadão Curitibanense pela Câmara Municipal em 8 de agosto de 2006.

Pedro também teve papel fundamental em projetos de desenvolvimento regional, como o transporte de uma turbina hidroelétrica e do maquinário que seria o embrião da S.A. Fósforos Gaboardi para Curitibanos e São Cristóvão do Sul. Outra de suas contribuições à cultura local foi a introdução do famoso “aviãozinho”, uma roleta festiva usada nas tradicionais celebrações religiosas, como a Festa do Divino Espírito Santo e a Festa da Padroeira do Município.

No campo afetivo, Pedro viveu um grande amor ao lado de Lourdes Della Giustina Gobbi, com quem foi casado por 60 anos. O casal se conheceu após uma missa e deu início ao relacionamento em matinês dançantes de Curitibanos. Juntos, construíram uma bela família, com os filhos Berenice (n. 1965), Luiz (n. 1967), Zelite (n. 1969), Alessandra (n. 1971) e Rafael (n. 1976). Enfrentaram juntos dores profundas, como a perda de três filhos, e celebraram muitas alegrias, como o nascimento de netos e a criação de um refúgio frutífero no coração da cidade.

Por mais de 50 anos, Pedro e Lourdes viveram na mesma casa, onde cultivaram um jardim encantado, repleto de árvores frutíferas e nativas da região, entre cerejeiras, jabuticabeiras, goiabeiras e parreirais. Esse espaço de natureza virou ponto de encontro para amigos, família e até pássaros como as curucacas, frequentadoras assíduas do jardim.

Mesmo após a aposentadoria da indústria de bebidas, Pedro continuou ativo. Criou a "Pinga Nota 10", cuidava do quintal com carinho e transformava o trabalho em forma de terapia. Seu lema era claro: “Exemplo pelas atitudes”, uma filosofia de vida que o acompanhou até o fim.

Entre seus gostos pessoais, destacavam-se o futebol (era torcedor do Grêmio), jogos de cartas (jogava Quatrilho), leitura, canto em italiano e a apreciação da culinária típica italiana. Tinha predileção por polenta com salame, acompanhada de um bom vinho. Admirava a música de Roberto Carlos, canções italianas, músicas gaúchas e filmes de faroeste. Mesmo sem nunca ter visitado a Itália, carregava consigo o sonho de conhecer a terra de seus antepassados, cuja cultura honrou com orgulho ao longo da vida.

Pedro Moacir Gobbi faleceu aos 90 anos de idade, deixando uma profunda marca na história do município de Curitibanos. Seu velório foi realizado no dia 2 de agosto de 2024 na Capela Ecumênica Aurea Cardoso Mondini, com sepultamento no dia seguinte no Cemitério Municipal São Francisco de Assis de Curitibanos.

Pedro gostaria de ser lembrado como um homem trabalhador, honesto, leal e alegre, e assim será. Seu legado vive nos sabores que criou, nos frutos que cultivou, nas amizades que construiu e, acima de tudo, nos exemplos que deixou.



Referências para o texto:


Com informações de Lourdes Della Giustina Gobbi (esposa);


Com informações de Maria Luíza Gobbi Longhi (neta)



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