sábado, 13 de setembro de 2025

Dom Daniel Henrique Hostin


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Dom Daniel Hostin, batizado como Henrique Hostin, nasceu em 2 de abril de 1890, na cidade de Gaspar, em Santa Catarina. Sua trajetória religiosa iniciou-se quando ingressou na Ordem Franciscana, recebendo o hábito de São Francisco em 18 de janeiro de 1910, no Noviciado de Rodeio (SC). Nessa ocasião, adotou o nome religioso de Frei Daniel. Emitiu seus votos temporários em 20 de janeiro de 1911 e os votos solenes em 1914. Foi ordenado sacerdote em 30 de novembro de 1917, em cerimônia realizada na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis (RJ), presidida pelo Bispo Diocesano de Niterói, Dom Agostinho Benassi.

Após sua ordenação, retornou a Santa Catarina, onde atuou como professor no Colégio Santo Antônio, em Blumenau, até 1920, quando assumiu a função de vigário na Paróquia de São Paulo Apóstolo, na mesma cidade. Sua atuação pastoral também incluiu passagens por Curitiba, onde foi Guardião do Convento Bom Jesus entre 1927 e 1928, e por Petrópolis, onde administrou o convento local em 1929.

Sua nomeação para o episcopado ocorreu em 2 de setembro de 1929, quando foi escolhido como o primeiro bispo da recém-criada Diocese de Lages, estabelecida pela Constituição Apostólica “Inter Praecipuas” do Papa Pio XI em 17 de janeiro de 1927. Sua sagração episcopal realizou-se em 29 de setembro de 1929, na Matriz de Blumenau, em uma cerimônia solene presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Florianópolis, Dom Joaquim Domingues de Oliveira, com a assistência de Dom Pio de Freitas, Bispo de Joinville, e Dom Guilherme Müller, Bispo da Barra do Piraí (RJ). A imprensa local, como o jornal O Conciliador de Lages, documentou extensamente o evento, destacando a participação de autoridades civis e eclesiásticas e a pompa das celebrações.

Dom Daniel Hostin tomou posse canônica da Diocese de Lages em 18 de outubro de 1929, iniciando um longo e frutífero governo pastoral que se estendeu por 44 anos. Sua atuação foi marcante não apenas no campo religioso, mas também no social e político da região serrana catarinense. Ele foi descrito como uma figura de grande bondade, oratória eloquente e acolhedor, conquistando o respeito e a estima de todos. Entre suas principais realizações, destacam-se a construção do Colégio Diocesano, a fundação do Centro de Formação Católica, a criação da Congregação das Irmãs Franciscanas do Apostolado Paroquial e a organização do Congresso Eucarístico de Lages. Sob sua liderança, a diocese expandiu-se significativamente, abrangendo mais da metade do território de Santa Catarina, com 58 paróquias, aproximadamente 800 capelas, 90 sacerdotes e 500 irmãs religiosas, além de 50 estabelecimentos de ensino católico.

Em Curitibanos, Dom Daniel exerceu influência decisiva na consolidação das obras religiosas e educativas. No início da década de 1930, o prefeito Antônio Granemann de Souza, percebendo a precariedade do sistema educacional local, buscou o apoio da Diocese para revitalizar o ensino no município. Atendendo a essa solicitação, Dom Daniel articulou a vinda das Irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Maria, da Província Menino Jesus, sediada em Curitiba, que assumiriam a missão educativa. Assim, em 4 de fevereiro de 1933, chegaram à cidade as primeiras religiosas: Irmã Irene Wisniewski, que assumiu como superiora e diretora do novo colégio, Irmã Felícia Greboge e Irmã Isidora Charnikowska. Instalaram-se no prédio que fora residência dos padres franciscanos, fundando o Colégio Santa Teresinha, que iniciou suas atividades com 83 alunos, oferecendo ensino primário e internato, aliado à catequese.

Poucos anos depois, em 1935, também se destacou a atuação da Irmã Florentina, que passou a integrar a comunidade religiosa local. Conhecida por sua dedicação às crianças e à vida paroquial, ela se tornou uma figura de referência em Curitibanos, ajudando a expandir as atividades do Colégio Santa Teresinha e fortalecendo a presença feminina na educação católica.

Esse esforço contou ainda com a colaboração e apoio de famílias influentes e profundamente ligadas à vida paroquial, como os Abbade Ferreira, os Granemann e outros nomes tradicionais da cidade. Personalidades como Egydio Abbade Ferreira e Filippe Granemann foram atuantes no cenário social e religioso, contribuindo para que a presença das irmãs e as iniciativas apoiadas por Dom Daniel Hostin encontrassem terreno fértil para florescer. Essa rede de apoio entre Igreja, comunidade religiosa e famílias locais fortaleceu a vida cultural e espiritual da cidade, fazendo de Curitibanos um polo educacional e catequético de relevância regional.

Dom Daniel faleceu em Lages no dia 8 de novembro de 1973, aos 83 anos. Seu corpo foi sepultado na cripta da Catedral Diocesana de Nossa Senhora dos Prazeres. Em seu testamento, reafirmou seu compromisso franciscano com a pobreza, declarando não possuir bens pessoais e que qualquer bem encontrado em seu nome pertencia à diocese. Seu legado é perpetuado em monumentos, como o busto em sua homenagem na Praça João Ribeiro, em Lages, erigido em 1969 para comemorar seus 40 anos de episcopado, e também nas comunidades que receberam sua atenção pastoral. Após o seu falecimento, vários municípios o homenagearam de forma póstuma com nomes de logradouros. Em Curitibanos, não foi diferente, uma rua leva o seu nome, bem como a lembrança da chegada das Irmãs da Sagrada Família e da fundação do Colégio Santa Teresinha permanece como uma das marcas mais duradouras de sua visão de Igreja comprometida com a educação e a formação integral da juventude.



Referências para o texto:


Arquivos: "Apendicite 1 de 2.jpg", "Apendicite 2 de 2.jpg", "bispo de Gaspar.jpg", "CNC1929029.pdf", "Diocese de Lages.pdf", "IMG_20250404_105838020.jpg", "Monumento Dom Daniel H. Hostin em Lages_ 1 opiniões e 6 fotos.pdf", "Sagração de Bispo.jpg".


Biografias e registros franciscanos da Província da Imaculada Conceição.


Documentos históricos da Diocese de Lages e registros da imprensa catarinense da época.

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