Texto de Antonio Carlos Popinhaki
João Popinhaki Sobrinho foi mais conhecido pela alcunha de “Polaco”, apesar de ser descendente de imigrantes ucranianos. Foi um homem com características de empreendedorismo que viveu em Curitibanos. Dentro da sua comunidade, demonstrou uma alta capacidade de realizações, se destacando entre os demais homens da sua época.
Era mesmo incomum, pois nasceu pobre e teve uma infância muito conturbada, cheia de privações, semelhante às muitas crianças pobres. A sua juventude também foi de privações, pois teve que trabalhar cedo e estudar pouco. Foi ajudante do Frei Narciso Pollmeier em suas viagens pelo interior, indo, às vezes, a cavalo, até os sertões de localidades distantes, pois as estradas eram escassas e quando existiam, eram de difícil conservação.
Nasceu no dia 26 de janeiro de 1929, na Colônia Tigre, interior da cidade de Três Barras, Santa Catarina. Veio com a família em 1937 para Curitibanos, pois as condições de sobrevivência familiar naquela cidade estavam difíceis, principalmente, devido às atividades da madeireira “Southern Brazil Lumber & Colonization Company”, que estavam diminuindo gradativamente devido à intervenção e estatização nacional. Havia muito desemprego na região, as famílias dos operários começaram a migrar para outros lugares, em busca de melhores condições para subsistência.
Ainda na juventude, João Popinhaki Sobrinho trabalhou para as empresas Marombas & Cia., Indústria e Comércio Correntes Ltda. e Marombas & Bernardoni. Como não tinha muito estudo, sempre foi operário, desempenhando atividades braçais e rudes. Todavia, ao observar como o mundo girava, como as pessoas agiam, usou de inteligência, determinação e constância, objetivando também ser um gerador de empregos e não apenas um empregado por toda uma vida. A pobreza, as privações e as dificuldades não foram suficientes para segurar o seu espírito empreendedor. Ele não parou, até a satisfação de bem cumprir os seus deveres como empresário, objetivo final de sua caminhada.
Em 20 de maio do ano de 1950, casou-se com Inês Ana Ronzani, na igreja católica de Curitibanos. Do casamento, nasceram os seguintes filhos: Joseli Popinhaki, Ilton Popinhaki, Ilse Popinhaki, João Marcos Popinhaki e Adilson Popinhaki. Enquanto os filhos cresciam, João exercia diversas atividades, foi um modesto taxista em Curitibanos, com um Jeep Willys, ano 1951. Esse primeiro Jeep serviu aos curitibanenses por anos. João prestava vários serviços solicitados, como, ir nas residências do interior, levar ou buscar pessoas, ou mercadorias.
Após trabalhar diuturnamente, João Popinhaki Sobrinho aumentou o seu patrimônio, anulou empecilhos, construiu uma belíssima casa que lhe serviu como residência familiar. Depois, continuou a trabalhar, colocando à disposição do povo de Curitibanos uma moderna “limousine”, em seguida, comprou mais um automóvel, numa promissora e constante de iniciativas, somou esse, aos dois veículos, aumentando as suas possibilidades de melhor servir os seus muitos fregueses. Finalmente, com o capital de um milhão de cruzeiros da época, instalou uma bem montada loja revendedora de máquinas de costura, das mais variadas e famosas marcas, aproveitando a oportunidade que o seu irmão Antônio tinha aberto em Curitibanos, a Alfaiataria Mara, na Rua Dr. Lauro Müller. Além do crédito amplo de que gozava junto à indústria e ao comércio da cidade, João Popinhaki Sobrinho, que antes era um operário, representou, sem dúvida, apreciável força econômica e financeira, até se concentrar na venda de veículos.
Ao lado do senhor França Abraão, montou uma revendedora de automóveis em Curitibanos. Essa empresa foi a base para a futura “Auto França Ltda.”, concessionária Volkswagen, situada na Rua Lages. Após romper com o sócio, João Popinhaki Sobrinho, montou a Distribuidora Planalto Ltda. Dessa forma, tornou-se um grande vendedor de veículos na região. Com a enorme demanda por carros, a marca Willys emplacou com a Rural, o Jeep, o Gordini e o Aero Willys. Esses carros eram adequados para as ruas e estradas sem pavimentação, existentes nos anos das décadas de 1950, 1960 e 1970.
Ele construiu um barracão novo na Avenida Salomão Carneiro de Almeida e um Posto de Combustíveis que tinha a bandeira Shell. Esse posto se chamava Posto Planalto. Hoje essas edificações ainda existem, o posto é o Auto Posto Capital e o barracão está localizado próximo ao posto. Todos os anos, no dia 1.º de maio, dia do trabalhador, João Popinhaki Sobrinho fazia um grandioso churrasco para os mecânicos, funcionários e suas famílias.
Ele faleceu no dia 25 de janeiro de 1978, na cidade de Curitibanos, por problemas relacionados a um câncer de pulmão. Seu velório e enterro foi um dos maiores que Curitibanos já presenciou. Algum tempo após, a administração municipal curitibanense, indicou a colocação de seu nome para uma rua. A Rua João Popinhaki Sobrinho fica no bairro São Luiz, em Curitibanos. Amável e amigo, o “Polaco”, efetivamente, fez jus à homenagem municipal, tal qual se devam prestar aos homens que são trabalhadores e determinados.
Referências para o texto:
ALVES, Sebastião Luiz. Anos 1960. Inauguração do Posto Planalto. Curitibanos — Memórias da nossa terra. Facebook. On line: Disponível em: https://www.facebook.com/memoriasdecuritibanos/photos/a.1519402961685210/1491557897803050
ALVES, Sebastião Luiz. Anos 1958. Imagens do tempo — Empresa Distribuidora Planalto. Curitibanos — Memórias da nossa terra. Facebook. On line: Disponível em: https://www.facebook.com/memoriasdecuritibanos/photos/a.1450582395233934/1530271497265023
Cartório de Registro Civil de Curitibanos. folha 112 verso e 113, n.º 242. Casamento de João Popinhaki Sobrinho e Inês Ana Ronzani.
Cartório de Registro Civil de Curitibanos. Folha n.º 276, n.º 4.017. Registro de Óbito de João Popinhaki Sobrinho.
Cartório de Registro Civil de Três Barras. Folha 90 e 90 verso, n.º 21. Registro de Nascimento de João Popinhaki Sobrinho.
João Popinhaki Sobrinho — 1929 — 1978. Portal FamilySearch. On line. disponível em: https://www.familysearch.org/tree/person/details/KC2Z-6H8
POPINHAKI, Antonio Carlos. Popiwniak / Antonio Carlos Popinhaki. — Blumenau: 3 de Maio, 2015. 173 p.
Revista Focalizando — Curitibanos e Campos Novos (1957).
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