segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Bruno Jayme Seemann


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


O surgimento da farmácia no Brasil teve início com a vinda dos padres jesuítas. Eles criaram as primeiras boticas, que para nós, em nossos dias, parece uma palavra incomum, na verdade, era uma caixa de madeira onde se levavam os primeiros remédios. A caixa era transportada, tanto por padres jesuítas, como por mascates, que percorriam vários povoados e fazendas do interior do Brasil-colônia.

Os primeiros farmacêuticos brasileiros foram graduados somente a partir de 1900, entretanto, na sua maioria, eram “práticos de farmácia”, um profissional indispensável no setor da saúde.

Em Curitibanos, pequena cidade do interior de Santa Catarina, entre os anos de 1959 e 1999, os moradores tiveram a oportunidade de convivência com um profissional destacado na atividade farmacêutica. Muitos atualmente ainda lembram dele, trata-se de Bruno Jayme Seemann, prático de farmácia, que contribuiu brilhantemente com os seus conhecimentos, responsável por manter os negócios de pelo menos, quatro farmácias curitibanenses entre as décadas de 1970 e 1980.

Bruno Jayme Seemann nasceu em 30 de maio de 1931 na cidade de Bom Retiro, Santa Catarina. Filho de Manoel Seemann e de Gunilda Schlischting Seemann, estudou, na sua infância, na Escola Estadual Básica Alexandre Gusmão, daquela mesma cidade.

Com 19 anos serviu o Exército brasileiro na então capital federal, Rio de Janeiro. Fez parte do Batalhão da Polícia do Exército Brasileiro — P.E., entre os anos de 1950 e 1952. No exército, Bruno teve, entre outras funções, a de trabalhar na enfermaria do Batalhão, lá, naquele serviço, ele despertou seu talento para o lado da medicina e dos remédios. Esteve também ocupado com serviços prestados às famílias dos oficiais. Enquanto Bruno estava no exército, a sua família mudou-se de Bom Retiro para a cidade de Alfredo Wagner, onde seu pai tinha negócios no ramo madeireiro.

Ao retornar do exército, retomou os seus estudos no ramo farmacêutico, recebendo o seu “Diploma” de “Prático de Farmácia”, habilitado pelo Departamento de Saúde Pública do Estado de Santa Catarina, em 11 de agosto de 1953. Antes disso, no ano de 1952, mais precisamente no dia 4 de outubro de 1952, casou-se com a jovem Maria Elia de Almeida, filha do casal Nicolau Fernandes de Almeida e Maria Rosa Walter de Almeida. Do casamento, nasceram os seguintes filhos: Paulo Roberto, Bruno Guilherme e Sandra Helena. 

Após habilitado profissionalmente, montou o seu próprio negócio no ramo farmacêutico na cidade de Alfredo Wagner. Foi muito requisitado naquela cidade, inclusive para fazer partos em lugares ermos e de difícil acesso. Pessoas desses lugares, mandavam alguém buscar Bruno na cidade de Alfredo Wagner, levando junto um cavalo de reserva para o profissional da saúde. Quase sempre essas pessoas buscavam auxílio para inúmeras mulheres em trabalhos de parto. Bruno permaneceu naquele município até o mês de junho do ano de 1959, quando decidiu subir um pouco mais a serra.

Em Curitibanos, a primeira farmácia que Bruno atuou foi numa sociedade com o senhor Ivandel Macedo, à qual chamaram “Farmácia São José”, localizada inicialmente, perto do antigo “Bar e Hotel Cristo Rei”. Depois, trabalhou para o senhor Atecir Guidi, nas farmácias Santo Antônio e Aurora. Naqueles idos tempos, o ramo das farmácias era promissor, mesmo que o proprietário não tivesse prévios conhecimentos na área, simplesmente, com a contratação de um prático de farmácia, os lucros estavam seguros.

Com o passar dos anos, o senhor Atecir vendeu a Farmácia Aurora para o senhor Bruno Jayme Seemann. Nesse tempo, seus serviços profissionais eram requisitados ainda na “Farmácia Curitibanos” do seu cunhado, Luiz Gonzaga de Almeida, localizada na Avenida Salomão Carneiro de Almeida, bem no centro de Curitibanos. Como Prático de Farmácia provisionado, Bruno podia assinar por várias farmácias em simultâneo.

Bruno gostava muito de futebol. Estava sempre atento e ligado aos campeonatos e aos times da região de Curitibanos. Dentro do seu campo profissional, estava sempre disponível para atender as pessoas, quer essas, morassem na área urbana, rural ou em outras cidades próximas, tentando de todas as formas, conforme o seu conhecimento técnico, curar, independente da retribuição financeira. Sentia-se feliz por ajudar. Também era solicitado em sítios e fazendas do interior, principalmente, quando o enfermo não tinha condições de locomoção.

Era também um filantropo, pois contribuía com as instituições sociais e assistenciais, no atendimento a crianças carentes. Durante 40 anos, fez de Curitibanos a sua terra natal, lugar onde granjeou muitos amigos. No ano de 1999, mudou-se para a cidade de São José, com o propósito de fazer um tratamento de saúde e também, de permanecer mais próximo dos filhos que lá residiam. Antes da mudança, vendeu a Farmácia Aurora para a família Tambosi, que a incorporou à sua rede de farmácias.

Bruno faleceu no dia 29 de agosto de 2007. Foi sepultado no Cemitério da Palhoça, no bairro Passa Vinte, no município de Palhoça, Santa Catarina. Deixou saudades entre aqueles curitibanenses que o conheceram, apesar de ser um homem popular, nunca se envolveu com questões de política. Certa vez, recebeu uma homenagem no jornal local “A Semana”, à qual ainda é lembrada pela descendência.



Referência para o texto:



A história da profissão farmacêutica no Brasil e no Mundo. on-line: Disponível em: https://farmacotecnica.com.br/historia-da-profissao-farmaceutica-no-brasil-e-no-mundo


Informações pessoais da sua filha Sandra Helena Seemann


https://www.oswaldocruz.br/

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