sexta-feira, 13 de maio de 2022

Euclides Gonçalves de Freitas


Texto de Antonio Carlos Popinhaki

Euclides Gonçalves de Freitas nasceu no dia 20 de dezembro de 1937, na cidade paranaense de Rio Negro. Filho de pai desconhecido e da senhora Teófila Gonçalves de Freitas. Ficou órfão precocemente, tendo uma enorme missão de vida a cumprir, com responsabilidade e zelo pelo que fazia. Com 16 anos, mudou-se para a cidade catarinense de São José do Cerrito, onde viveu a sua mocidade. Local onde encontrou a sua esposa, a jovem Emília Vellozo de Freitas (in memoriam), com quem se casou no dia 6 de fevereiro de 1959. Ele tinha na ocasião do casamento, 22 anos e ela, 21. Emília era natural de São José do Cerrito.

Do casamento, nasceram três filhos, aos quais deram os nomes de: Maria Lúcia de Freitas, Salete Aparecida de Freitas e Antonio Lorenzatto de Freitas (in memoriam). Dessa forma, o casal e os filhos formaram uma bela família. Como tinha pouco tempo de estudo formal, Euclides, que ficou conhecido popularmente como “Seu Cride”, trabalhou grande parte da sua vida como empregado em diversas serrarias e fábricas de beneficiamento de madeira. 

No ano de 1972, a família mudou-se para a região do Guarda-mor, interior de Curitibanos, onde Euclides trabalhou para a Serraria Santa Fé, de Antônio Magalhães. Com o passar dos anos, ele teve a oportunidade de adquirir um lote para moradia, localizado numa área de terras completamente isolada e baldia, ao Sul da BR-470, local que seria futuramente loteado pela família do proprietário (Antônio Magalhães) e que se tornaria no que é hoje o bairro Getúlio Vargas. Dessa forma, Euclides Gonçalves de Freitas foi, efetivamente, o primeiro morador desse bairro. Isso foi no início dos anos da década de 1980. O proprietário do terreno, que também era o patrão de Euclides, facilitou a venda em quarenta parcelas de mil cruzeiros, totalizando o montante de quarenta mil cruzeiros. Na época, não havia escritura e o loteamento era totalmente irregular e ilegal, mesmo assim, Euclides confiou que futuramente, tudo daria certo com relação à legalização daquele lote e a infraestrutura (fornecimento de água, energia elétrica e a abertura de ruas).

Com Euclides, outras famílias começaram a se estabelecer no local, formando um aglomerado de casas. Antonio Magalhães facilitava a venda de forma parcelada, em condições que era possível até para um assalariado poder pagar por seu lote. Lembrando apenas que as propriedades não tinham escritura pública, e que o local não tinha nenhuma infraestrutura. Demorou vários anos para que o loteamento fosse legalizado e que os órgãos públicos voltassem seus olhos para o local, levando água e energia elétrica. Somente na época da gestão de Ulysses Gaboardi Filho é que foram realizadas as primeiras legalizações de propriedades, com a outorga de escrituras públicas aos proprietários dos terrenos. A infraestrutura apareceu nas gestões dos prefeitos Generino Fontana, Wanderley Teodoro Agostini e José Antonio Guidi.

Euclides foi, além do primeiro morador do bairro, o primeiro empreendedor. Abriu, com a família, um bar e mercearia, onde atendia os moradores com mercadorias e bebidas, em geral. Hoje o local fica localizado na Rua Aldo Pereira Scoss, ou na estrada geral, saída para a SC-120/São José do Cerrito.

Depois, nos anos das décadas de 1980 e 1990, Euclides trabalhou para as empresas Cadoriti — Papel e Celulose, Madeireira Brochmann Polis e Mendes & Cia. Ltda. As funções desempenhadas nas serrarias e fábricas de beneficiamento de madeiras eram variadas, desde operador de máquinas para madeira, até operador de caldeira. Na empresa Mendes & Cia., trabalhou até a data da sua aposentadoria. Pouco tempo depois, no dia 12 de julho de 2008, com seus invejáveis 70 anos, faleceu de parada cardio-respiratória num dos leitos da Fundação Hospitalar de Curitibanos.

Euclides, enquanto morador do Loteamento Santa Fé, primeiro nome do local que seria o bairro Getúlio Vargas, foi Diretor de Patrimônio e membro por duas gestões, da Associação de Moradores do bairro. A história da escolha do nome para o bairro deu-se da seguinte forma. Enquanto os primeiros lotes eram comercializados, o proprietário da área chamava o local de Loteamento Santa Fé, em homenagem à sua antiga Serraria Santa Fé, localizada no Guarda-mor. Depois, os primeiros moradores começaram a chamar o local de Bairro Petrópolis. Entretanto, o que vingou mesmo foi o nome de Getúlio Vargas (nome escolhido por Antônio Magalhães, em homenagem ao ex-presidente da República). É atribuída a algumas pessoas a escolha do nome, com Antônio Magalhães, após consulta pública realizada a pedido do prefeito. Entre os que contribuíram, estavam: João de Jesus de Lima, Armando do Nascimento, Euclides Gonçalves de Freitas e Milton Schmidt. Essa escolha foi realizada na gestão do prefeito Ulysses Gaboardi Filho.

No dia 15 de agosto de 2016, o então Vereador Sidnei Furlan, do Partido dos Trabalhadores — PT, deu entrada na Câmara Municipal de Vereadores de Curitibanos de um Projeto de Lei do Legislativo, de n.º 26/2016, com a finalidade de denominar de “Centro Comunitário Euclides Gonçalves de Freitas”, o antigo prédio do Centro de Educação Infantil Irmã Irene — CEI Irmã Irene, localizado no bairro Getúlio Vargas. Por alguma razão, o Projeto não tramitou em nenhuma Sessão Ordinária da Câmara sendo arquivado em 6 de dezembro de 2016, após os pareceres favoráveis à tramitação, das Comissões de Constituição e Justiça, e do Técnico Jurídico da Câmara Municipal de Vereadores. Após a transferência do Centro de Educação Infantil Irmã Irene para as novas instalações naquele bairro, o antigo prédio foi transformado em Capela Mortuária e Igreja Evangélica.

Dessa forma, o que podemos fazer para perpetuar o nome desse, considerado o primeiro morador daquele bairro, ao Sul da Rodovia BR-470, em Curitibanos, é deixar escrito a sua história de vida, de trabalho, de determinação, de sociabilidade e de honradez. Era, entre muitas qualidades, também uma pessoa altruísta, de acordo com uma filha, “certa vez, percorreu, a pé, quase todo o perímetro urbano da cidade de Curitibanos, oferecendo e vendendo uma rifa, somente para ajudar uma menina que precisava de uma cirurgia e que não tinha condições financeiras”. Essa é a história de vida e de valor desse homem, que para muitos, trata-se de um desconhecido, mas que deixou um belo exemplo de vida.



Referências para o texto:



Cartório de Paz de Curitibanos. Atestado de Óbito de Euclides Gonçalves de Freitas.


Curitibanos — Câmara Municipal de Vereadores de Curitibanos. Projeto de Lei do Legislativo n.º 26/2016, denomina prédio.


Fotografia — Acervo da família.


FREITAS, Salete Aparecida de. Depoimento pessoal sobre Euclides Gonçalves de Freitas.


Jornal A Semana. — Associação de Moradores (recorte anexado à Pasta Digital do processo da Câmara Municipal de Vereadores).


Jornal A Semana. — O primeiro morador (recorte anexado à Pasta Digital do processo da Câmara Municipal de Vereadores).


PESSOA, Gabriela Magalhães. Depoimento pessoal sobre Antônio Magalhães.

Nenhum comentário:

Postar um comentário