quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Antonio Della Giustina


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Taddeo Della Giustina, nasceu em Ceneda (que juntamente com Serravalle, formam atualmente a cidade de Vittorio Veneto), no ano de 1868. Chegou ao Brasil em 1889, com 21 anos. A viagem da travessia do oceano Atlântico foi num navio à vela que aportou na cidade de Santos no Brasil. Uma vez cumpridos os protocolos de quarentena exigidos por lei para os imigrantes, foi designado, juntamente com seus pais, para o Sul do Brasil, mais precisamente para a cidade de Antônio Prado. Coube ao casal, um pedaço de terras na localidade chamada Ipê, no lote de número 27, da Linha Trajano de Medeiros, colônia de Antônio Prado (seu pai Giacinto foi proprietário do lote de número 28, da mesma linha e mesma colônia). Taddeo casou-se em Caxias do Sul, no ano de 1894, na Paróquia Santa Teresa (hoje Catedral), com Anna Rosa Meneguz, nascida em Serravalle. O casal teve dez filhos, entre esses, estava Antonio Della Giustina

Para poderem sobreviver naquele pedaço de chão, precisavam viver em harmonia e coletividade. No início não foi fácil, entretanto, a família superou todas as dificuldades que a vida lhes apresentou, Taddeo e Anna derrubaram parte da mata nativa, construíram uma casa, à qual chamaram lar. Em seguida, prepararam a terra para o plantio. Outros imigrantes vizinhos também ajudavam, Taddeo e Anna colaboraram para que todos pudessem prosperar. Desta forma, os imigrantes italianos sobreviveram e progrediram nas atividades da agricultura e da pecuária.

Foi nessa localidade de Ipê, na época, território da bela cidade serrana de Antônio Prado, que no dia 13 de maio de 1902, Antonio Della Giustina nasceu, trazendo alegria ao casal italiano.

Antônio casou-se com Guilhermina Zanotto, filha de Lourenço Zanotto e Rosa Anziliero Rosa, com origem italiana da região do Vêneto, em 16 de outubro de 1930, na vila Ipê. O local se chama assim pela existência natural de muitos ipês. A região faz parte do antigo caminho das tropas, por onde os tropeiros levavam lentamente milhares de cabeças de gado e muares do Sul para a região Sudeste do Brasil.

Antonio Della Giustina e Guilhermina Zanotto também tiveram sete filhos, aos quais chamaram de: Lourenço, Reinaldo, Samuel, Maurilia, Pedro, Lourdes e Tadeu. No dia 26 de agosto de 1942 chegou com a família em terras curitibanenses para se instalar definitivamente com o ramo de marcenaria. De acordo com informações encontradas em textos antigos, a marcenaria de Antonio Della Giustina foi a primeira conhecida e documentada em Curitibanos. A marcenaria estava assentada comercialmente na Rua Dr. Lauro Müller, em frente à Praça Nereu Ramos (Pracinha dos Dotti). Antonio trabalhava com a confecção de carroças, carretas, carrocerias, rodas de madeira com ferro e cangas para boi cargueiro. Também fabricava móveis e caixões artesanais.

Como a cidade não possuía energia elétrica consistente, todo o serviço era feito de forma manual e mecânica. Desde o final dos anos da década de 1930, os moradores da vila de Curitibanos estavam tentando, de forma unida, achar uma solução para a vinda ou geração de energia elétrica definitiva. Já haviam tentado produzir energia elétrica de duas usinas termoelétricas, uma à lenha e outra a carvão, essas, não se mostraram consistentes, antes disso, incendiaram-se. Essa demanda somente foi atendida com a instalação da Usina Hidrelétrica Força e Luz Curitibanense, no Rio Marombas e da usina de Salto Pery, no Rio Canoas.

Antonio ensinou os seus filhos, a exercerem as atividades de marcenaria e carpintaria. Nesse segundo ofício, Antônio Della Giustina foi o responsável pela construção e a reforma de várias casas em Curitibanos.

No dia 15 de outubro de 1956, à meia-noite e vinte minutos, na sua residência, que ficava na Rua Francisco José de Carvalho, faleceu de problemas relacionados ao coração, conforme está anotado no registro de óbito do Cartório de Registro Civil de Curitibanos. Foi sepultado no dia seguinte, no cemitério público municipal. Na ocasião do seu falecimento, contava com 54 anos.

Apesar de não ocupar nenhum cargo público, deixou registrado nos anais da história de Curitibanos a sua força e determinação, os filhos continuaram com as atividades de marcenaria e fábrica de móveis, ampliando o negócio para duas lojas localizadas em Curitibanos, a matriz, que estava localizada na Rua Dr. Lauro Müller, e a filial, com duas capelas mortuárias, na esquina da Rua Coronel Vidal Ramos, com a Rua Coronel Albuquerque (local do antigo Cine Teatro Monte Castelo). Essas atividades funcionaram até uma década após a virada do segundo milênio.

Através da Lei Ordinária n.º 1077/1974, o então prefeito Onofre Santo Agostini nomeou uma das ruas de Curitibanos com o nome de “Rua Antonio Della Giustina”, localizada no bairro São Luiz, como forma de homenagear esse brilhante homem.



Referências para o Texto:



Curitibanos — Lei Ordinária n.º 1077/1974. Nomeia rua.


Fotografia: Acervo do Museu Histórico Antônio Granemann de Souza.


Memórias Curitibanenses. Jornal A Semana. On line. Disponívelç em: https://asemanacuritibanos.com.br/2.4174/mem%C3%B3rias-curitibanenses-1.2064735


NERCOLINI, Maria Batista. Antonio Della Giustina. Escritos biográficos. Curitibanos, maio de 1973. Acervo do Museu Histórico Antônio Granemann de Souza.


Óbito de Antonio Della Giustina. Portal FamilySearch. On line. Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:S3HY-62Y9-2P2?i=49&wc=MXYG-128%3A337701401%2C337701402%2C338783801&cc=2016197


POPINHAKI, Antonio Carlos. As primeiras tentativas de gerar energia elétrica para Curitibanos.; Blog pessoal. On line: Disponível em: http://antoniocarlospopinhaki.blogspot.com/2021/01/as-primeiras-tentativas-de-gerar-de.html


(1942) Antonio Della Giustina — Curitibanos memórias da nossa terra. Facebook. On line: Disponível em: https://www.facebook.com/memoriasdecuritibanos/photos/a.1450582395233934/1480708318888008

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