terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

João Ferreira de Souza


Texto de Antonio Carlos Popinhaki

Quando João Ferreira de Souza nasceu em 25 de janeiro de 1901, em Campos Novos, Santa Catarina, Brasil, seu pai, Terezio Ferreira de Souza, tinha 28 anos e sua mãe, Christina Ferreira de Almeida, tinha 20 anos. João Ferreira de Souza, um homem de origem humilde e de espírito determinado, foi tropeiro e empregado da família Almeida. Ele vivia em Marombas, no interior de Brunópolis, região que, na época, ainda era conhecida como Palmares por causa da grande quantidade de palmeiras ou butiazeiros existentes no local. Foram inúmeras as viagens na sua juventude como peão e tropeiro, João transportava gado de Curitibanos até Campos Novos, e durante esses trajetos, ele e seus companheiros tropeiros costumavam pernoitar próximo a um pequeno arroio ou córrego. Era ali que João, com um olhar visionário, costumava dizer aos colegas: "um dia, este terreno será meu". Os demais tropeiros o ridicularizaram, pois achavam impossível alguém que recebia tão pouco a título de serviços prestados como peão, ter condições de comprar tão belas terras.

O tempo passou, e João casou-se com Sebastiana Julia Weber em 30 de setembro de 1926, em Curitibanos, Santa Catarina, Brasil. Eles tiveram pelo menos 1 filho e 2 filhas. Sebastiana Julia Weber, era uma mulher igualmente trabalhadora e dedicada. Ela era filha de Leopoldo Weber descendente de imigrantes alemães que se estabeleceram na região. Esses germânicos eram muito industriosos e foram muito dedicados ao progresso local. O casal João e Sebastiana fixou residência em Marombas, onde construíram uma vida simples, porém cheia de esforço e perseverança. Enquanto João seguia suas viagens como tropeiro, Sebastiana dedicava-se à fabricação de queijos e charque, produtos comercializados nas viagens que o marido fazia para o litoral. Juntos, formavam uma dupla incansável, sempre em busca de prosperidade. João levava para o litoral nas bruacas das mulas: charque e queijo e trazia para a região do planalto catarinense, açúcar, sal e café. Ambos os produtos eram comercializados com maestria por João e pela própria esposa Sebastiana, uma exímia negociante.

Com o passar dos anos, o trabalho árduo do casal rendeu frutos. Eles conseguiram juntar dinheiro suficiente para realizar o sonho de João: comprar o tão desejado terreno onde os tropeiros costumavam pernoitar. Adquiriram 140 alqueires de terras, um marco que impulsionou ainda mais seus negócios e consolidou sua estabilidade financeira.

João e Sebastiana tiveram três filhos, construindo uma família unida e cheia de amor. Um menino e duas meninas, os quais foram chamados de Pedro Weber de Souza (2 de junho de 1924), Lidia Ferreira de Souza (16 de agosto de 1933) e Terezinha Ferreira de Souza (20 de junho de 1943). Uma curiosidade importante está relacionada ao nascimento de Pedro Weber de Souza, os registros do cartório de Curitibanos atestam que eles casaram em 1926, já o nascimento de Pedro é anterior à data de casamento (1924). Ou tiveram o filho antes do casamento, ou houve erros no momento de registrar a data do nascimento do primogênito, uma vez que o registro foi feito em 1929, atestando que o filho tinha nascido em 1924. Alguns anos depois, a vida reservou-lhes (para João e os filhos) um momento de profunda dor. Sebastiana, o grande amor de João, adoeceu e veio a falecer em 15 de dezembro de 1945. Sua partida deixou um vazio imenso no coração de João, que sempre a considerou sua companheira de todas as horas e a razão de sua força. A perda de Sebastiana abalou-o profundamente, mas a memória de seu amor e a herança de trabalho e dedicação que deixaram permaneceram como um legado para as gerações seguintes.

João ficou com duas filhas pequenas por criar, Lídia tinha 12 anos e Terezinha estava com apenas 2 anos. Pedro já era um homem com 21 anos. Certa vez apareceu na fazenda um homem de nome Zenaide Cândido Ferreira dos Santos oriundo da região do Taquaruçu, interior de Curitibanos. Esse homem trabalhou para João como taipeiro e auxiliar de serviços gerais. João ficou conhecendo a família de Zenaide e viu a oportunidade de encontrar uma nova companheira para constituir uma nova família. No início da década de 1948 João casou-se com Hermínia de Souza, irmã de Zenaide.

Hermínia então acabou de criar as duas filhas de João Ferreira de Souza. Após o casamento, logo ela engravidou, em 1949 nasceu uma menina que recebeu o nome de Graçulina. Em 1952 nasceu um menino ao qual deram o nome de Darcy Ferreira de Souza.

No dia 13 de outubro de 1968, João Ferreira de Souza faleceu devido a complicações de um câncer no estômago. O velório ocorreu em sua residência na fazenda, reunindo inúmeros parentes, vizinhos e amigos. Para alimentar as pessoas que passaram a noite velando o corpo, foi necessário abater uma vaca.

No dia seguinte, seu genro, Pedro Popinhaki, que na época trabalhava na Prefeitura Municipal de Curitibanos, conseguiu com o então prefeito Wilmar Ortigari o empréstimo do carro fúnebre para transportar o corpo até o cemitério da Ronda, localizado no interior da antiga Palmares, atualmente Brunópolis. Assim, João Ferreira de Souza foi sepultado ao lado de sua amada esposa, Sebastiana Júlia Weber, no cemitério que fica ao lado da igreja da Ronda. Passados alguns meses, a família mandou construir uma estátua de um Cristo com uma cruz sobre o túmulo do casal.

Referências para o texto:

Com informações de Terezinha Ferreira Popinhaki

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