Texto de Antonio Carlos Popinhaki
Alcebíades Miranda foi um destacado vereador que integrou a Câmara Municipal de Vereadores de Curitibanos, Santa Catarina, no período de 1977 a 1982, durante a Ditadura Militar no Brasil. Nascido em 13 de março de 1925, em Jaguariaiva, Paraná, era filho de Balduíno de Miranda e Camila Carneiro da Silva. Desde cedo, Alcebíades enfrentou os desafios da vida no campo, iniciando sua jornada de trabalho aos dez anos de idade, auxiliando o pai nas atividades agrícolas. Concluiu o curso primário no Grupo Escolar de Sengés (Sengés/PR) e continuou dedicando-se à lavoura até os vinte anos, quando decidiu mudar de atividade. Tornou-se empregado da empresa Klabin S.A., onde trabalhou com reflorestamento. Passados três anos, voltou a trabalhar na lavoura por conta própria, ficou nessa atividade por dez anos.
Aos trinta e três anos, Alcebíades retornou à Klabin S.A., empresa na qual já havia trabalhado anteriormente, agora como Fiscal Florestal na Indústria de Papel e Celulose Catarinense S.A., em Curitibanos/SC. Sua experiência no setor florestal e agrícola moldou sua visão sobre os desafios enfrentados pelos trabalhadores rurais, especialmente a falta de apoio técnico e financeiro do governo. Essa vivência influenciou sua atuação política, sempre voltada para o desenvolvimento rural e a melhoria das condições de vida da população.
Sua trajetória política começou sob influência paterna e por sua convicção social democrata. Participou ativamente da vida partidária antes do golpe militar de 1964, integrando lideranças de partidos democráticos. Com a instauração do regime militar e a extinção dos partidos políticos existentes, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional — ARENA, o partido de sustentação do governo militar. Acreditava na necessidade de revitalizar as instituições e restaurar a ordem, apoiando a lenta e gradual devolução das prerrogativas democráticas.
Em 15 de novembro de 1976, Alcebíades foi eleito vereador por Curitibanos, obtendo 641 votos. Assumiu o cargo em 1º de janeiro de 1977, destacando-se como um dos edis mais assíduos e produtivos da Câmara Municipal. Durante seu mandato, buscou conciliar as aspirações da comunidade com as possibilidades orçamentárias do município, enfrentando os desafios de um erário debilitado e a crescente inflação que afetava as finanças públicas.
Entre suas principais conquistas, destacaram-se a doação de três escolas de 1º grau pela Indústria de Papel e Celulose Catarinense S.A. (Escola Isolada Fazenda Paredão, Escola Isolada Ester e Escola Isolada Estadual Paiol de Dentro), a abertura de 25 quilômetros de estradas rurais, a construção de pontes de madeira e a recuperação de bueiros. Além disso, promoveu a instalação de um Posto de Higiene e um Posto Telefônico em São Cristóvão do Sul, a ampliação da rede de eletrificação rural e a melhoria das condições de trabalho dos funcionários municipais.
Alcebíades também atuou em comissões importantes da Câmara, como a Comissão de Finanças e a Comissão de Justiça, onde contribuiu com sua experiência técnica e compromisso com a seriedade legislativa. Católico praticante, foi tesoureiro da Igreja do Taiti e participou ativamente de eventos religiosos e comunitários. Além disso, era um entusiasta do esporte, tendo sido presidente do Clube Esportivo Monte Alegre e apoiador de entidades sociais e recreativas.
Casado inicialmente com Laura Aparecida Inácio, com quem teve dois filhos, Araci e Ademir, ambos com o sobrenome Miranda, o casamento não perdurou devido a incompatibilidades, resultando em divórcio. Posteriormente, Alcebíades Miranda casou-se com Maria de Jesus Miranda, com quem teve duas filhas e um filho, Adair, apelidada carinhosamente de Ada e Anacilda, o filho chamava-se Alcides e faleceu em 9 de abril de 1969. Reconhecido por sua sensibilidade aos problemas humanos e sociais, era um homem de diálogo, compreensão e fé no futuro. Sua dedicação à comunidade e sua atuação política deixaram um legado significativo para Curitibanos e seus distritos, como São Cristóvão do Sul e Ponte Alta do Norte, que posteriormente se emanciparam em 30 de março de 1992.
Alcebíades Miranda faleceu em 24 de agosto de 2008 na cidade de Florianópolis. Seu corpo foi trasladado, velado e sepultado no cemitério de São Cristóvão do Sul/SC. Como um cidadão respeitado e admirado, deixou um exemplo de trabalho, dedicação e compromisso com o bem-estar coletivo. Sua história permanece como um testemunho da importância do serviço público e da luta por um futuro melhor para todos.
Após seu falecimento, em 20 de julho de 2009, o então prefeito de São Cristóvão do Sul, Jaime Cesca, prestou-lhe uma homenagem por meio da Lei Ordinária Municipal n.º 529/2009, que denominou uma rua do município como Rua Alcebíades Miranda. Além dessa honraria póstuma, Alcebíades já havia sido reconhecido em vida pelo poder executivo municipal. Em 23 de novembro de 2000, por meio da Lei Ordinária Municipal n.º 147/2000, a passarela de pedestres sobre a BR 116, no setor urbano de São Cristóvão do Sul, recebeu o nome de “Passarela Alcebíades Miranda”. Essas justas homenagens refletem o reconhecimento de seu legado e de suas contribuições significativas para a região.
Referências para a produção do Texto:
Com informações de Claudia Sena
Com informações de Nelson Antonio de Moraes
Com informações de Dirceu Miranda
Com informações de Anacilda Miranda
Com informações de Osny Bittencourt Batista
Enciclopédia Políticos Catarinenses
São Cristóvão do Sul — Lei Ordinária Municipal n.º 147/2000.
São Cristóvão do Sul — Lei Ordinária Municipal n.º 529/2009.
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