João Dalmolin, um homem de grande determinação e habilidade, teve uma vida marcada por desafios, superações e contribuições significativas para a comunidade em que viveu. Sua trajetória, no entanto, é cercada por algumas divergências em relação à sua data de nascimento. De acordo com seu atestado de óbito, ele nasceu em 18 de outubro de 1919, em Rio do Sul, Santa Catarina. Contudo, registros do batismo na Igreja Católica de Ascurra, Santo Ambrósio, indicam que ele nasceu em 25 de outubro de 1925, na cidade de Ascurra. Além disso, um documento do Cartório de Registro Civil de Ascurra atesta que João Dalmolin nasceu em 25 de setembro de 1921. Essas discrepâncias históricas não diminuem a importância de sua vida e legado, mas acrescentam um aspecto intrigante à sua biografia.
Filho de Guerino Dalmolin e Clementina Gandini, imigrantes italianos originários da região do Vêneto, que chegaram ao Brasil por volta de 1875, João cresceu em uma família de agricultores. Aos três anos de idade, perdeu o pai, o que o obrigou a assumir responsabilidades desde cedo, ajudando no sustento da família e permanecendo na propriedade rural até sua juventude.
A vida de João foi marcada por momentos de dor e resiliência. Casou-se jovem com Helena Chiminelli, natural de Rodeio/SC, nascida em 20 de maio de 1921, em 21 de setembro de 1946, em Rodeio, Santa Catarina. Na época, o casal residia em Rio do Oeste, território de Rio do Sul. A felicidade do casal, no entanto, foi abruptamente interrompida em 29 de junho de 1947, quando Helena faleceu devido a complicações no parto de sua única filha, batizada com o mesmo nome da mãe, Helena. A criança sobreviveu por pouco mais de um mês, vindo a falecer em 30 de julho de 1947. Ambos foram sepultados no cemitério de Rodeio. A perda da esposa e da filha foi um golpe devastador para João, que, em meio à dor, decidiu buscar novos rumos para sua vida.
Mudou-se para Curitiba, Paraná, onde permaneceu por dez anos. Nesse período, aprendeu a profissão de construtor civil, destacando-se pela dedicação e habilidade. Trabalhou em obras importantes, como a construção do Teatro Guaíra, um marco cultural da cidade. Essa experiência profissional foi fundamental para moldar sua carreira e consolidar sua reputação como um construtor competente e confiável.
Em 1955, João retornou para a região de Rio do Sul, onde reencontrou Nice dos Santos, uma conhecida de sua juventude. Os dois se casaram e, em 1957, recebeu uma proposta para trabalhar na construção da Usina do Salto Correntes, em Curitibanos, Santa Catarina. João aceitou o desafio e mudou-se para a cidade com sua esposa, levando consigo 22 operários e recursos financeiros próprios para iniciar o projeto. No entanto, as dificuldades financeiras e as adversidades do local fizeram com que o contrato não fosse cumprido conforme o esperado. João e seus funcionários decidiram rescindir o contrato, mas muitos deles optaram por permanecer em Curitibanos, uma cidade em pleno desenvolvimento.
Foi então que João recebeu um convite que mudaria sua trajetória em Curitibanos: Otto Hoppen o contratou para construir o Cine Teatro Ópera, localizado no centro comercial da cidade. Essa obra, concluída com maestria, impressionou a comunidade e marcou o início de uma nova fase na vida de João. O sucesso do Cine Teatro Ópera abriu portas para inúmeras outras oportunidades, e ele passou a ser um dos construtores mais requisitados da região. Construiu residências, estabelecimentos comerciais e obras públicas, deixando um legado significativo na cidade.
Entre suas obras mais notáveis estão a Igreja São Pedro, no bairro São Luiz, e a colaboração final na construção da Igreja Matriz Imaculada Conceição. Quando a igreja estava quase pronta, faltava ainda erguer a torre e instalar os três sinos e o relógio. Sobre a execução dessa importante obra, há registros de que o construtor responsável foi o senhor João Dalmolin. Além disso, ele teve participação destacada na instalação dos vitrais da Igreja Matriz Imaculada Conceição, trabalhos que exigiam grande expertise e foram realizados com primor. João era conhecido por sua integridade, honestidade e dedicação à profissão, características que o tornaram uma figura respeitada e admirada em Curitibanos.
João e Nice tiveram seis filhos: Ederli, Rosani, Luiz, Sirlei, Glaucia e Claudia Karin, todos nascidos e criados em Curitibanos. A família cresceu, e João teve a alegria de ver sua descendência se expandir, com dez netos e sete bisnetos. Ele construiu não apenas edifícios, mas também laços profundos de afeto e amizade com a comunidade, escolhendo Curitibanos como seu lar definitivo.
Após cinco anos na cidade, João adquiriu um terreno na Rua Medeiros Filho, onde construiu sua residência. Esse local, que mais tarde abrigou a Celesc, tornou-se um ponto de referência na cidade e permaneceu ocupado por seus familiares mesmo após sua morte. João era um homem reservado, mas orgulhoso de sua família e de sua profissão, dedicando-se incansavelmente a ambos.
João Dalmolin faleceu em 15 de abril de 2003, aos 83 anos, em Curitibanos, cidade que escolheu para viver e onde foi sepultado. Sua esposa, Nice Dalmolin, faleceu muitos anos depois, em 26 de outubro de 2023, aos 94 anos, e foi sepultada ao lado do marido.
João Dalmolin deixou um legado que transcende suas obras físicas. Sua história de superação, dedicação e amor pela família e pela comunidade continua a inspirar gerações. Ele foi um exemplo de perseverança e integridade, um homem que construiu não apenas estruturas, mas também um lugar no coração daqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo. Sua vida, embora marcada por datas incertas em seu início, foi certamente marcante em seu impacto e significado para todos que o cercaram.
Em 22 de maio de 2020, o então prefeito de Curitibanos, José Antonio Guidi, sancionou a Lei Ordinária nº 6.295/2020, que denominou uma rua do bairro Santo Antônio de Pádua com o nome de Rua João Dalmolin. A homenagem foi um reconhecimento justo e merecido à trajetória e ao legado de João Dalmolin, que dedicou sua vida à construção de obras significativas e ao desenvolvimento da cidade, deixando marcas profundas na história e no coração da comunidade curitibanense.
Referências para o Texto:
Câmara de Vereadores de Curitibanos
Com informações de Hercílio Beppler
Portal FamilySearch On-line
Curitibanos — Lei Ordinária nº 6.295/2020
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