quarta-feira, 12 de março de 2025

Hilário Quadros de Andrade


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Hilário Quadros de Andrade nasceu em 1902, na cidade de Curitibanos, Santa Catarina, Brasil. Filho de Salustiano Pinto de Andrade, de 39 anos, e Cherubina de Almeida Quadros, de 25 anos, Hilário cresceu em uma família que valorizava o trabalho, a educação e o engajamento comunitário. Sua vida foi marcada por uma trajetória de dedicação à família, ao empreendedorismo, à política e às tradições tropeiras, deixando um legado significativo para a região de Curitibanos.

Hilário casou-se pela primeira vez com Alzira Colônia da Silva (que, após o casamento, passou a assinar como Alzira da Silva Andrade) em 23 de dezembro de 1926, em Curitibanos. Desse casamento, nasceram cinco filhos: Maria de Lourdes, Zilda, Iolanda, Zilma e Hélio. Posteriormente, Hilário casou-se com Virgínia Rodrigues (que, após o casamento, assinou como Virginia Rodrigues Lemos de Andrade), com quem teve mais dois filhos: Rogério e Hilário. A família de Hilário era conhecida por sua união e pelo respeito que cultivavam uns pelos outros, valores que ele transmitiu a seus descendentes.

Hilário Quadros de Andrade foi um homem de visão e empreendedor. Em 1942, ele foi um dos sócios fundadores da empresa Sbravati, Bula, Granemann & Cia. Ltda., uma sociedade composta por nomes importantes da região, como José Bula, João Granemann de Souza, Juvenal Bráulio Bacelar, Hilário Andrade e o técnico alemão Augusto Gröne. A empresa, inicialmente registrada sob a sigla Sbravati, Bula, Granemann & Cia. Ltda., posteriormente mudou seu nome para Marombas & Cia. Ltda., simplificando a denominação original. A empresa foi um marco no desenvolvimento econômico da região, contribuindo para o crescimento de Curitibanos e arredores.

Além de sua atuação empresarial, Hilário também se dedicou à agricultura. Na década de 1950, ele plantava trigo na Vila de Marombas, às margens do Rio Marombas, demonstrando seu interesse e contribuição para o setor agrícola da região.

Hilário Quadros de Andrade teve uma carreira política ativa em Curitibanos. Em 1950, ele foi candidato a prefeito, indicado por Salomão Carneiro de Almeida. A eleição ocorreu em 3 de outubro de 1950, e Lauro Antonio de Costa, candidato da coligação PTB e UDN, foi eleito, assumindo o cargo em 31 de janeiro de 1951. Hilário obteve 1.997 votos, uma votação expressiva, mas insuficiente para superar os 2.055 votos de Lauro Antonio da Costa.

Em 1952, Hilário era o vice-presidente do Partido Social Democrático (PSD) de Curitibanos. As reuniões do partido ocorriam nas dependências do Cine Teatro “Monte Castelo”, um espaço importante para a vida social e política da cidade. Sua atuação no PSD demonstrava seu compromisso com a política local e seu desejo de contribuir para o desenvolvimento da comunidade.

Hilário também foi conhecido por seu espírito solidário e disposição para ajudar os outros. Em 20 de junho de 1941, ocorreu um grave acidente com um ônibus da empresa Figueiredo, que vinha de Caçador conduzindo 12 passageiros. Na descida do morro que levava à balsa no Rio Marombas, o ônibus perdeu os freios e despencou em alta velocidade, resultando em cinco mortos e vários feridos. Hilário foi uma das pessoas que auxiliaram no resgate dos passageiros e no atendimento aos feridos, demonstrando sua coragem e compaixão.

Hilário era uma figura sociável, hospitaleira e querida pela comunidade. Um episódio marcante de sua vida foi a surpresa organizada por sua esposa, colaboradores da fazenda e vizinhos para comemorar seu aniversário. A festa, que incluía um baile e um churrasco, foi planejada sem que ele soubesse, demonstrando o carinho e o respeito que as pessoas tinham por ele. A celebração reflete o espírito festivo e acolhedor de Hilário, que valorizava momentos de convívio com familiares, amigos e vizinhos.

O episódio do visitante inesperado, que causou confusão no baile, foi resolvido com firmeza, mas sem perder a cortesia. Isso mostra que Hilário sabia lidar com situações difíceis de maneira equilibrada, mantendo as tradições de hospitalidade do interior.

Hilário Quadros de Andrade faleceu em 5 de novembro de 1978, em Curitibanos, aos 76 anos. A causa da morte foi úlcera perfurada e insuficiência cardíaca. Ele foi sepultado no Cemitério Público Municipal São Francisco de Assis de Curitibanos, local onde sua memória é preservada.

Seu legado permanece vivo na história de Curitibanos, tanto por sua atuação empresarial e política quanto por seu engajamento comunitário e familiar. Hilário foi um homem que dedicou sua vida ao progresso de sua cidade e ao bem-estar de sua família, deixando um exemplo de trabalho, dedicação e solidariedade.

Hilário Quadros de Andrade foi uma figura central na história de Curitibanos, destacando-se como empreendedor, político, tropeiro e líder comunitário. Sua vida reflete os valores e costumes do interior de Santa Catarina, especialmente no contexto tropeiro. A história de sua vida, marcada por momentos de celebração, trabalho e solidariedade, continua a inspirar as gerações futuras. Hilário é lembrado não apenas por suas conquistas, mas também por seu caráter humano e sua capacidade de unir pessoas em torno de objetivos comuns.

Em 19 de setembro de 1980, o então prefeito de Curitibanos, Wilmar Ortigari, valendo-se da Lei Ordinária Municipal n.º 1463/1980, denominou uma rua de Curitibanos como o nome de “Rua Hilário Quadros de Andrade”. Uma justa homenagem.



Referências para o texto:


Acervo do Museu Histórico Antonio Granemann de Souza de Curitibanos


Atos do Poder Executivo. Decreto N/SEJ - Diário Oficial do Estado de Santa Catarina. 5 de setembro de 1972, p. 2.


Cartório de Registro Civil de Curitibanos


Correspondências. Jornal O Dever, n.º 98. Laguna, 30 de maio de 1920, p. 3.


Curitibanos — Lei Ordinária Municipal n.º 1463/1980


FELIPPE, Euclides J. Caminho das Tropas em Santa Catarina (O), O Pouso dos Curitibanos, 1ª edição do autor, 1996, Curitibanos-SC. 158 p.


Pró Asylo de Mendicidade. Jornal O Estado. Sábado, 6 de agosto de 1921, p. 4.


Registros históricos de Curitibanos, Santa Catarina.


Santa Catarina — Resolução Ordinária Estadual n.º 2691

Nenhum comentário:

Postar um comentário