quarta-feira, 12 de março de 2025

Auracélia Quadros de Andrade Lemos


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Auracélia Quadros de Andrade Lemos nasceu em 12 de outubro de 1905, na cidade de Curitibanos, Santa Catarina, Brasil. Filha de Salustiano Pinto de Andrade, de 42 anos, e Cherubina de Almeida Quadros, de 28 anos, Auracélia cresceu em um ambiente familiar que valorizava a educação e a cultura. Sua trajetória de vida foi marcada por uma dedicação à família, à educação e à comunidade, deixando um legado significativo para a cidade de Curitibanos.

Desde cedo, Auracélia demonstrou interesse pelos estudos. Um registro histórico que comprova sua dedicação à educação é um caderno de 1917, preservado no Museu Histórico Antonio Granemann de Souza de Curitibanos. O caderno, com 40 páginas, documenta seu desempenho acadêmico quando cursava o 3.º ano na Escola Pública Isolada, onde a professora era a senhorita Josefina Amorim. Esse documento é um testemunho de sua formação escolar e do valor que ela atribuía ao conhecimento.

Aos 17 anos, Auracélia casou-se com Romário de Oliveira Lemos, em 27 de dezembro de 1922, na Igreja Matriz de Curitibanos. O casamento foi celebrado pelo Frei João Evangelista Reinert O.F.M., e as testemunhas foram João Popinhak e Altino Gonçalves de Farias. Romário, então com 25 anos, era escrivão da Comarca de Curitibanos, e o casal formou uma família unida, tendo cinco filhos: Célia, Zélia, Mario, Rômulo e Áurea. A vida familiar de Auracélia foi marcada por um profundo senso de responsabilidade e cuidado com os filhos, refletindo os valores que ela carregava desde a infância.

A vida de Auracélia foi profundamente impactada pela morte prematura de seu marido, Romário, em 11 de novembro de 1950, aos 52 anos. Sua morte foi um momento de grande comoção para a comunidade curitibanense, a ponto de a Câmara de Vereadores da cidade cancelar sua sessão naquele dia em homenagem a ele. O presidente da Câmara, Francisco Carneiro de Farias, enviou uma carta de condolências a Auracélia, destacando a importância de Romário para a cidade. Após a perda do marido, Auracélia assumiu o papel de matriarca da família, guiando seus filhos com firmeza e amor. Célia, sua filha, foi professora e diretora de escola, enquanto Zélia, outra de suas filhas, destacou-se como escritora e pesquisadora da história de Curitibanos.

Duas décadas após o falecimento de Romário, Auracélia teve direito a receber a pensão do marido, que era escrivão da Comarca de Curitibanos. O benefício foi autorizado pelo Decreto n.º 596, de 30 de agosto de 1972, assinado pelo governador Colombo Machado Salles. O valor inicial da pensão era de Cr$ 120,00 mensais, e Auracélia precisava comprovar anualmente, por meio de atestado, que estava viva e informar seu endereço para manter o recebimento do benefício. Esse apoio financeiro foi crucial para sua subsistência e a de sua família.

Além de sua dedicação à família, Auracélia também teve um papel ativo na comunidade, especialmente no campo da educação. Sua filha, Célia de Andrade Lemos, foi diretora do Colégio “Casimiro de Abreu” na década de 1960, e foi por sugestão de Auracélia que o colégio recebeu o nome do poeta romântico brasileiro Casimiro de Abreu. Essa homenagem reflete o apreço de Auracélia pela cultura e pela educação, valores que ela transmitiu a seus filhos e à comunidade.

Auracélia faleceu de edema pulmonar e infarto cardíaco em 10 de outubro de 1984, em Curitibanos, aos 78 anos, e foi sepultada em sua cidade natal. Sua morte marcou o fim de uma vida dedicada à família, à educação e à comunidade, mas seu legado continuou vivo. Em 19 de setembro de 1989, a Câmara Municipal de Curitibanos, por meio da Lei Ordinária n.º 2317/1989, homenageou Auracélia denominando uma rua do Loteamento Santa Fé com seu nome: Rua Auracélia de Andrade Lemos. Essa homenagem foi um reconhecimento público de sua importância para a cidade e de seu papel como matriarca e educadora.

Além disso, em 20 de fevereiro de 2019, a Prefeitura Municipal de Curitibanos realizou obras de pavimentação asfáltica na Rua Auracélia de Andrade Lemos, no bairro Getúlio Vargas, com um investimento vultoso. Essas obras, que incluíram também a pavimentação de outras ruas do bairro, foram parte de um esforço para melhorar a infraestrutura da cidade e proporcionar mais qualidade de vida à população. A escolha da rua que leva o nome de Auracélia para receber essas melhorias é um testemunho do respeito e da admiração que a comunidade ainda nutre por ela.

Auracélia Quadros de Andrade Lemos foi uma mulher à frente de seu tempo, que valorizou a educação, a família e a comunidade. Sua vida foi marcada por desafios, como a perda prematura do marido, mas também por conquistas e reconhecimentos públicos. Seu nome permanece vivo na memória dos curitibanenses, não apenas por meio da rua que leva seu nome, mas também pelo impacto que teve na vida de seus filhos e na comunidade em que viveu. Sua história é um exemplo de resiliência, dedicação e amor, que continua a inspirar as gerações futuras.



Referências para o texto:


Acervo do Museu Histórico Antonio Granemann de Souza de Curitibanos


Atos do Poder Executivo. Decreto N/SEJ - Diário Oficial do Estado de Santa Catarina. 5 de setembro de 1972, p. 2.


Cartório de Registro Civil de Curitibanos


Correspondências. Jornal O Dever, n.º 98. Laguna, 30 de maio de 1920, p. 3.


Curitibanos — Lei Ordinária Municipal n.º 415/1959


Curitibanos — Lei Ordinária Municipal nº 2317/1989


Pró Asylo de Mendicidade. Jornal O Estado. Sábado, 6 de agosto de 1921, p. 4.


Santa Catarina — Resolução Ordinária Estadual n.º 2691

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