quarta-feira, 14 de maio de 2025

Raul Bilck


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Raul Bilck nasceu em 28 de fevereiro de 1913, na antiga Freguesia de Teresópolis, então parte da Comarca da Palhoça, hoje município de Águas Mornas, em Santa Catarina. Filho de Henrique Carlos Bilck e Rosa Maria da Silva, Raul foi um dos oito irmãos, incluindo Edésio, Elza, Otacílio, Matilde, Carlos, Valmor e Osvaldo, todos já falecidos. Sua infância foi marcada por dificuldades financeiras, que o levaram a deixar a casa dos pais aos oito anos de idade para trabalhar como auxiliar de cozinha no Departamento de Estradas e Rodagem (DER). Durante sua infância e adolescência, viveu nas proximidades de Palhoça, Angelina e Taquaras, regiões do litoral catarinense, onde a vida simples e o trabalho precoce moldaram seu caráter.

A educação formal de Raul foi limitada. Frequentou apenas os primeiros anos do Primeiro Grau ou Primário, o equivalente aos primeiros anos do atual Ensino Fundamental I, em uma escola do interior, onde aprendeu a ler, escrever e fazer contas básicas, mas sem aprofundar seus estudos. As circunstâncias da vida o obrigaram a priorizar o trabalho desde cedo, deixando pouco espaço para os sonhos típicos da infância. Apesar disso, Raul construiu uma trajetória profissional notável. Seu primeiro emprego, ainda na infância, foi no DER, onde começou como auxiliar de cozinha, acompanhando as equipes que abriam e conservavam estradas no interior de Santa Catarina. Com o tempo, ele ascendeu na carreira, assumindo funções cada vez mais importantes.

Na vida adulta, em 30 de dezembro de 1942, Raul tornou-se “Fiscal de Estradas de Rodagem” e responsável pelo pagamento dos funcionários do DER, setor de Curitibanos. Seu trabalho era essencial em uma época em que as transações bancárias não eram imediatas, exigindo grande responsabilidade e confiança. Ele era conhecido por sua seriedade e integridade, características que lhe renderam o respeito de colegas e motoristas, mesmo sendo de baixa estatura. Sua dedicação ao trabalho durou mais de 30 anos, até sua aposentadoria em 11 de fevereiro de 1960. Mesmo depois de aposentado, continuou trabalhando como contratado enquanto sua saúde assim o permitia.

Em 27 de outubro de 1951, Raul casou-se com Hedy Camargo de Moraes, uma mulher 20 anos mais jovem, que conheceu quando foram convidados a ser padrinhos de batismo de um bebê. O casamento e o nascimento de sua filha, Leonilda Bilck, em 29 de novembro de 1951, foram os momentos mais marcantes de sua vida pessoal. Raul valorizava o amor, o respeito e o companheirismo, e era profundamente apegado à família que formou. Além disso, tinha vários amigos e gostava de jogar futebol e fazer pequenas viagens, sendo o primeiro morador de Curitibanos a possuir um “Ford Bigode”. Sua filosofia de vida era simples: “Viver em paz, com a consciência tranquila”.

Raul enfrentou desafios de saúde ao longo da vida, incluindo problemas auditivos causados pela exposição prolongada a condições climáticas adversas durante seu trabalho. Ele também tinha o hábito de consumir bebidas alcoólicas, mas sempre retornava para casa, mesmo que às vezes deixasse seu carro e chegasse a pé. Em seus últimos anos, refletiu que talvez devesse ter bebido menos, um conselho que provavelmente daria a seu “eu” mais jovem.

Raul Bilck faleceu em 17 de março de 1971, num dos leitos do antigo Hospital Frei Rogério, em Curitibanos, vítima de problemas cardíacos. Foi sepultado no Cemitério Público Municipal São Francisco de Assis, em Curitibanos. Seu legado foi reconhecido postumamente em 19 de setembro de 1980, quando a Lei Ordinária Municipal n.º 1463/1980 denominou uma rua no Bairro Nossa Senhora Aparecida com o seu nome, uma homenagem promulgada pelo então prefeito Wilmar Ortigari. Raul desejava ser lembrado como um homem sério, responsável, confiável e honesto, valores que guiaram sua vida e seu trabalho. Sua história é um testemunho de superação, dedicação e amor à família, deixando um exemplo inspirador para as futuras gerações.



Referências para o Texto:


Portal FamilySearch. On-line, disponível em: https://www.familysearch.org/

Informações da família (descendentes)

Curitibanos — Lei Ordinária Municipal n.º 1463/1980

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