quinta-feira, 26 de junho de 2025

João Reinaldo Popinhaki


Texto de Antonio Carlos Popinhaki


João Reinaldo Popinhaki nasceu em Curitibanos, Santa Catarina, no dia 5 de outubro de 1964, filho de Pedro Popinhaki e Terezinha Ferreira Popinhaki. Era o segundo filho do casal que ainda tinha: Antonio Carlos Popinhaki, Pedro Popinhaki Filho, Lígia Teresinha Popinhaki, Paulo Henrique Popinhaki e Jaqueline Popinhaki. Criado em um ambiente urbano, teve uma infância simples ao lado de seus irmãos, entre eles Pedro Popinhaki Filho, que foi uma figura importante em sua vida. Desde pequenos, os dois sempre estavam juntos em várias atividades, no futebol, na escola, nas brincadeiras de criança e nas caçadas de pássaros com suas espingardas de pressão. Os dois tinham uma boa habilidade para mirar e abater as aves.

Conforme cresciam, experimentaram e participaram de várias oportunidades de atividades ao redor do lar dos pais, frequentaram bares da cidade, onde aprenderam a jogar com baralhos e bilhar, e a sinuca, uma variação do bilhar. Por frequentarem esses ambientes, também aprenderam desde muito jovens a fumar e a beber álcool, o que era considerado pela maioria das pessoas da década de 1970 e 1980 como normal para uma mocidade rebelde, ignorando ou não sabendo dos malefícios que essas substâncias poderiam causar ao organismo humano.

Em 1985 a família de Pedro Popinhaki mudou-se para um terreno rural no interior de Curitibanos. João e Pedro que trabalhavam na atividade de comercialização de lenha também mudaram e se estabeleceram no mesmo terreno. Na época, eles tinham uma camioneta Chevrolet C-10 de cor vermelha. A lenha era disponibilizada e franqueada pelo tio Antonio para que os sobrinhos pudessem ter uma renda e prosperar. Havia muitos lares com muitos fogões à lenha, então a comercialização de lenha era uma atividade rentável e próspera. Infelizmente, todo o dinheiro ganho diariamente era direcionado ao consumo de bebidas. Com o passar do tempo, o trabalho ficou em segundo plano até venderem a camioneta e comprarem um carro de passeio.

No sítio, plantaram por vários anos, feijão e milho. Mas o que mais lhes chamou atenção foi a extração, a coleta e a comercialização de pinhão (o fruto da araucária). Por décadas tinham como principal atividade esse serviço. Os anos passaram e os irmãos João e Pedro nunca casaram ou arrumaram companheiras, nem tiveram filhos. Anualmente, faziam um bom dinheiro com a atividade do pinhão, o que lhes dava um fôlego para viverem uma vida cômoda até a próxima safra anual. É impossível não citar que por causa das bebedeiras havia desentendimentos e desarmonização familiar, causando um grande pesar aos pais pelos dois. Em 2010, Pedro Popinhaki faleceu. Por algum tempo, João e Pedro diminuíram o consumo do álcool, mas nunca o deixaram permanentemente. Isso foi muito ruim, pois sempre houve vários atritos com os demais membros da família, principalmente, quando estes os aconselhavam com relação aos cuidados com a saúde e ao modo de viver e de se relacionar.

Assim, juntamente com seu irmão Pedro Popinhaki Filho (que faleceu em 2023), conforme já citado, João Reinaldo dedicou-se ao trabalho no campo, especialmente à colheita e à venda de pinhão. Pedro era seu principal apoio, e após sua morte, João enfrentou crescentes dificuldades. Já debilitado por problemas ósseos (devido à falta de cálcio) e sem a ajuda do irmão, entrou em um declínio físico e emocional.

Nos últimos anos, João Reinaldo viveu isolado no sítio da família, em uma casa separada da de sua mãe. Aparentemente, lutava contra a depressão e o alcoolismo, condições que se agravaram após a perda do irmão. Não conseguiu vencer nenhum dos dois obstáculos. Apesar de suas próprias dificuldades, mantinha um coração generoso, abrigando cães abandonados que chegavam à propriedade.

Na madrugada de 24 de junho de 2025, durante a noite mais fria do ano (-3°C), João ingeriu bebidas alcoólicas e remédios controlados antes de adormecer. Enquanto dormia, um dos cães que viviam com ele abriu uma janela, deixando o frio polar invadir o ambiente. Incapaz de reagir, João faleceu vítima de hipotermia. Ele tinha na ocasião, 60 anos.

Foi encontrado na manhã seguinte por sua irmã, Jaqueline. Seu velório ocorreu na manhã seguinte na Capela do Cemitério Municipal São Francisco de Assis, e seu sepultamento foi realizado no mesmo dia, 25 de junho de 2025, às 11 horas.

Sua história é um retrato das dificuldades enfrentadas por muitos trabalhadores rurais-homens que, após perdas familiares e problemas de saúde, muitas vezes são consumidos pelo próprio abandono, isolamento pessoal e pelos vícios. Apesar de tudo, João Reinaldo Popinhaki manteve até o fim um gesto de bondade solitária e solidária, abrigando animais que, assim como ele, não tinham para onde ir. 



Referências para o texto:


Memórias familiares

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