
Texto de Antonio Carlos Popinhaki
(Atualizado em 6 de dezembro de 2024)
Pedro Popinhaki nasceu em 1º de dezembro de 1927 no antigo Distrito de Três Barras, região de Canoinhas, Santa Catarina. Curiosamente, devido ao costume da época de registrar tardiamente as crianças, seu pai o registrou oficialmente como nascido em 20 de dezembro do mesmo ano. Esta particularidade resultava em duas celebrações anuais de seu aniversário.
Filho de Gregorio Popinhaki e Emília Tulchak, Pedro mudou-se ainda criança, com aproximadamente 9 anos, para a localidade de Marombas, atual distrito “Marombas Bossardi”. Nessa região, iniciou a sua formação educacional sob os cuidados da Irmã Florentina e outras freiras, responsáveis pela alfabetização de diversas crianças na região de Curitibanos.
Sua trajetória profissional iniciou-se nas fábricas locais. Trabalhou na Fábrica de Papelão Marombas e posteriormente na Fábrica de Pasta e Papelão localizada no Rio das Pedras. Nesse período, também desenvolveu atividades conjuntas com seus irmãos João e Antonio Popinhak, demonstrando o espírito colaborativo familiar.
A vida amorosa de Pedro foi marcada por dois casamentos significativos. Sua primeira união foi com Heleonora Matthez (Hélia) em 9 de maio de 1953, na Igreja Católica. Dessa relação, nasceu sua filha Adélia Matthez Popinhaki. O casamento, contudo, não foi duradouro, e o casal optou pela separação.
Anos depois, Pedro conheceu Terezinha Ferreira de Souza, filha do fazendeiro João Ferreira de Souza, apelidado de Terézio. O encontro aconteceu de forma peculiar: Pedro, trabalhando como vendedor nas Lojas Mara Popinhak Ltda., de propriedade de seu irmão Antonio, vendeu um moderno rádio para a família de Terézio. O aparelho era tão especial que para adquiri-lo, Terézio precisou vender um caminhão de milho.
As visitas de Pedro à família começaram em janeiro de 1962, e em março do mesmo ano, ele e Terezinha noivaram. O casamento foi realizado rapidamente, no Cartório de Registro Civil de Curitibanos, no dia 16 de junho de 1962. Na ocasião, Pedro tinha 34 anos, e Terezinha estava prestes a completar 18.
O casal teve seis filhos: Antonio Carlos, João Reinaldo, Pedro Popinhaki Filho, Lígia Teresinha, Paulo Henrique e Jaqueline Popinhaki. A família se estabeleceu em Curitibanos, onde Pedro trabalhou como funcionário público municipal entre 1967 e 1971.
Um capítulo memorável em sua vida ocorreu em 17 de março de 1971, quando ganhou o primeiro prêmio da Loteria Federal. A história por trás desse prêmio é quase mística: em uma noite fria, uma mariposa insistia em pousar em seu braço durante uma conversa com o vigia da prefeitura. Interpretando esse evento como um sinal, Pedro comprou três bilhetes com o número associado à "borboleta" no jogo do bicho.
O bilhete premiado, número 36.414, rendeu-lhe 60 mil cruzeiros, o equivalente a aproximadamente 500 mil reais em valores atualizados de 2018. Essa conquista representou um momento de transformação em sua vida.
Pedro Popinhaki era conhecido por sua extraordinária generosidade. Amigos e familiares o descreviam como alguém capaz de, literalmente, tirar a própria roupa para ajudar um necessitado. Sua bondade e simplicidade marcaram profundamente quantos o conheceram.
A sua trajetória terrena findou em 4 de dezembro de 2010, deixando um legado de amor, trabalho e solidariedade. Pedro Popinhaki foi mais que um cidadão comum de Curitibanos; foi um homem que representou os valores de sua comunidade, sua época e sua família.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Texto de Antonio Carlos Popinhaki
Tem tantas coisas para escrever sobre meu pai que nem sei por onde começar. Tempos atrás, escrevi umas trinta páginas com algumas das minhas recordações. Essas foram sobre a época quando eu ainda era uma criança. Nos idos anos 1960 e 1970. Quero colocar algumas postagens lembrando alguns eventos vividos com meu pai, mesmo que avulsos. Sem uma cronologia apurada. Diversas pessoas que conviveram com ele me disseram algumas coisas. Muitas dessas, eu nem imaginava, ou não tinha conhecimento. Acredito que tudo seja verdade, pois não vejo o porquê de alguém contar uma mentira sobre uma pessoa tão simples e humilde, como fora meu pai.
Recentemente, fizemos algumas pequenas reformas lá em casa. Precisamos substituir alguns metros quadrados de forro de dois quartos. Como conseqüência dessa obra, sobrou pedaços de forro velho de madeira. Eu e minha esposa guardamos estas sobras num local para doarmos a alguma pessoa ou família. Para ser usada como lenha. Procuramos pela vizinhança, alguém que tenha um fogão a lenha. Constatamos que a maioria dos nossos vizinhos está se desfazendo do velho fogão a lenha. É como se uma antiga tradição fosse morrendo bem aos nossos olhos. Talvez esteja mesmo, só que não percebemos. Curitibanos está perdendo suas características de cidade fria, de inverno rigoroso. Numa recente manhã, por volta das sete horas e trinta minutos da manhã, fui verificar porque a minha cadela estava tão alvoroçada. Ela estava latindo muito e atrapalhava o sono de alguns que insistiam em dormir, postergando o levantar das suas camas. Eu já tinha levantado. Tomado banho e também o meu café matinal. Percebi que tinha alguém mexendo nos entulhos ou sobras de forro de madeira que tínhamos arrumado para doação. Fui verificar e constatei que minha esposa tinha doado o forro para um vizinho que mora não muito próximo, se bem que nós podemos avistar sua casa da janela de um dos nossos quartos.
O seu nome é Osni e ele tem já certa idade. Creio, pela sua aparência, se não tem oitenta anos está perto. Conversando com ele, me contou algumas coisas sobre meu pai. Eles trabalharam juntos na Prefeitura Municipal de Curitibanos, no inicio da década de 1970. Meu pai trabalhava como motorista de uma caçamba da Prefeitura Municipal. Ele transportava de tudo, pedras, terra, areia, mercadorias e costumeiramente, fazia mudanças. Naquela época bastava alguém ir pedir para o prefeito, o senhor Wilmar Ortigari, que ele designava algum motorista para transportar a mudança, inclusive para levar ou trazer de outra cidade. O senhor Osni era o vigia noturno da garagem da Prefeitura Municipal. Naquele local onde também funcionava a oficina mecânica e um escritório.
O senhor Osni me contou sua versão sobre a ocasião em que meu pai acertou no primeiro premio da loteria federal. Foi precisamente no dia 17 de março de 1971. Meu pai morava perto da garagem da prefeitura, na Rua Benjamin Constant. Ele tinha o costume de ir à noite, conversar com o vigia e se aquecer no fogo que era feito num dos barracões da oficina. Naquele tempo, o frio era mais intenso. Em março já se sentia as baixas temperaturas. Era um prognóstico que antecederia o inverno, quase sempre bem rigoroso. Segundo fui informado, numa noite fria, antes do dia 17 de março, em volta do fogo, aconteceu algo digno de registro. Pode ser até besteira, mas foi justamente por acreditar, que houve a contemplação do premio. Nessa noite, meu pai estava conversando com o senhor Osni. Enquanto conversavam, obstinadamente, tinha uma mariposa que insistia em pousar sobre seu braço. Várias vezes, segundo o senhor Osni, meu pai tentou afastar a mariposa, com cuidado para não machucá-la ou matá-la. De tanto essa mariposa pousar no braço de meu pai, ele finalmente falou que no dia seguinte, compraria um bilhete de loteria com o final que correspondesse ao bicho borboleta. Pois achava que era um sinal para jogar na borboleta. Mariposa e borboleta era quase a mesma coisa segundo seu entendimento.
No outro dia, ele e outros funcionários da Prefeitura estavam num antigo posto de gasolina. Este posto era da bandeira Atlantic. Disso eu lembro até hoje. Ficava na saída para São Cristovão do Sul, na Avenida Jorge Lacerda. Depois dos frentistas abastecerem a caçamba, meu pai viu que tinha para venda, na vitrine do posto, um bilhete de loteria com o final 14. No jogo de bicho, o final 14 é borboleta. Ele não tinha dinheiro naquela hora. Pediu emprestado ao tratorista da Prefeitura, o senhor Luiz Dacol. Ele comprou três bilhetes que correriam na próxima quarta-feira, dia 17 de março de 1971. Era a extração nº 845, que pagaria um prêmio de 400 mil cruzeiros para os 20 bilhetes da série. O bilhete premiado foi o número 36.414. Meu pai comprou três bilhetes e resultaram num premio de 60 mil cruzeiros, equivalente a mais ou menos uns 200 mil reais hoje em dia (2011).
A próxima parte da história me parece estranha. Contou-me o senhor Osni, que no dia seguinte, de manhã cedo, ele já tinha ouvido rumores de que alguém da Prefeitura tinha acertado na Loteria Federal. Meu pai, que sempre chegava cedo ao trabalho, muitas vezes, antes do horário, estava com pressa para limpar a caçamba. Ele tinha sido designado para fazer uma mudança. Como tinha transportado terra, a caçamba estava toda suja. O vigia emprestou uma enxada com cabo comprido. Essa enxada sempre estava à disposição dos motoristas para limparem suas caçambas. Meu pai basculou ou levantou a caçamba. Com o motor ainda ligado, o senhor Osni perguntou-lhe se não era ele que tinha acertado na loteria. Ele disse que não sabia. Não se passaram alguns minutos e meu pai desapareceu da Prefeitura. Deixou o motor ligado da caçamba, a mesma estava levantada e a enxada estava abandonada dentro da mesma. Alguém depois desligou o motor.
Ele só retornou passados das 10 e meia da manhã, contando a novidade a todos. O que ele fez com o dinheiro é outra história ... (Por Antonio Carlos Popinhaki)
Pedro Popinhaki nasceu no dia 01 de dezembro de 1927, no antigo Distrito de Três Barras, Canoinhas/SC. Todavia devido ao costume de registrar tardiamente as crianças, seu pai o registrou no cartório como nascido no dia 20 de dezembro de 1927. Sendo assim, anualmente, em sua casa, havia duas comemorações do seu aniversário.
Filho de Gregorio Popinhaki e Emília Tulchak veio morar em Marombas (atual distrito Marombas Bossardi) ainda pequeno, com 9 anos de idade. Nessa localidade, ele cresceu e teve aulas com a Irmã Florentina e outras freiras, responsáveis pela alfabetização de muitas crianças na região de Curitibanos.
Trabalhou na sua juventude na Fábrica de Papelão Marombas, e também na Fábrica de Pasta e Papelão localizada no Rio das Pedras, também na localidade de Marombas. Posteriormente, Pedro Popinhaki executando diversas atividades com seus irmãos João e Antonio Popinhak.
Casou no dia 09 de maio de 1953 na Igreja Católica com Heleonora Matthez (Hélia). Tiveram uma filha de nome Adélia Matthez Popinhaki. O casamento não durou muito. O casal optou pela separação.
Alguns anos depois da sua separação, Pedro Popinhaki trabalhou como vendedor da empresa de seu irmão Antonio, “Lojas Mara Popinhak Ltda.” - Ele vendeu um rádio na localidade de Palmares (atualmente Brunópolis/SC) para o fazendeiro João Ferreira de Souza (Apelidado de Terézio). Para pagar o rádio, Terézio teve que vender um caminhão de milho. O rádio era de excelente marca e era moderno para a época. Ele funcionava à pilha. À noite, a família de Terézio se reunia. Todos escutavam atentamente as emissoras de rádio, principalmente as do Rio Grande do Sul. Esse rádio fez muito sucesso naquela família. As visitas de Pedro Popinhaki à casa de Terézio começaram em janeiro de 1962. Terézio tinha uma filha de nome Terezinha Ferreira de Souza. Em março do mesmo ano, ou seja, uns três meses depois, Pedro e Terezinha noivaram. Depois desse evento, o casamento foi marcado para poucos meses da data do noivado.
Pedro Popinhaki e Terezinha Ferreira de Souza casaram no Cartório de Registro Civil de Curitibanos no dia 16 de junho de 1962. Ele tinha na época, 34 anos de idade e ela, 17 anos de idade, quase 18.
No ano seguinte começaram a nascer os filhos. Antonio Carlos Popinhaki, João Reinaldo Popinhaki, Pedro Popinhaki Filho, Lígia Teresinha Popinhaki, Paulo Henrique Popinhaki e Jaqueline Popinhaki.
Aqui está o Sr. Pedro Popinhaki e seus filhos, da esquerda para a direita: Pedro Popinhaki Filho, João Reinaldo Popinhaki, Lígia Teresinha Popinhaki e Antonio Carlos Popinhaki, em 1968.
Pedro Popinhaki trabalhou como funcionário da Prefeitura Municipal de Curitibanos de 1967 até 1971, quando foi o ganhador do primeiro prêmio da Loteria Federal. Foi precisamente no dia 17 de março de 1971. Pedro Popinhaki morava perto da garagem da Prefeitura, na Rua Benjamin Constant. Ele tinha o costume de ir à noite, conversar com o vigia e se aquecer no fogo que era feito num dos barracões da oficina. Naquele tempo, o frio era mais intenso. Em março já se sentia as baixas temperaturas. Era um prognóstico que antecedia o inverno, quase sempre bem rigoroso.
Numa dessas noites frias, antes do dia 17 de março, em volta do fogo, aconteceu algo digno de registro. Pode ser até besteira, mas foi justamente por acreditar, que houve a contemplação do prêmio. Nessa noite, Pedro estava conversando com o vigia da Prefeitura. Enquanto conversavam, obstinadamente, tinha uma mariposa que insistia em pousar sobre seu braço. Várias vezes, Pedro tentou afastar a mariposa, com cuidado para não machucá-la ou matá-la. De tanto essa mariposa pousar no seu braço, ele finalmente falou para o vigia, que no dia seguinte, compraria um bilhete de loteria com o final que correspondesse ao bicho borboleta. Pois achava que era um sinal para jogar na borboleta. Mariposa e borboleta era quase a mesma coisa segundo seu entendimento.
No outro dia, ele e outros funcionários da Prefeitura estavam num antigo posto de gasolina. Esse posto era da bandeira “Atlantic”. Ficava na saída para São Cristóvão do Sul, na Avenida Jorge Lacerda. Depois dos frentistas abastecerem a caçamba, Pedro viu que tinha para venda, na vitrine do posto, um bilhete de loteria com o final 14. No jogo de bicho, o final 14 é borboleta. Ele não tinha dinheiro naquela hora. Pediu emprestado ao tratorista da Prefeitura, o senhor Luiz Dacol Neto. Ele comprou três bilhetes que correriam na próxima quarta-feira, dia 17 de março de 1971. Era a extração nº 845, que pagaria um prêmio de 400 mil cruzeiros para os 20 bilhetes da série. O bilhete premiado foi o número 36.414. Pedro Popinhaki comprou três bilhetes e resultaram num prêmio de 60 mil cruzeiros, equivalente a mais ou menos uns 500 mil reais atualizados (2018).
Pedro Popinhaki viveu bem com sua família até o final da sua vida. Faleceu em 04 de dezembro de 2010. Foi uma pessoa boa com todos que o procuravam. Tirava a própria roupa do corpo para servir um necessitado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário