quarta-feira, 24 de julho de 2013

Augustho Gröne


Filho de August Gröne e Lina Linck Gröne. Nasceu em 15 de agosto de 1900, na cidade de Lemgo, na Alemanha. Era o mais velho de sete irmãos. Seus pais faleceram quando ainda era muito jovem e seus irmãos terminaram de ser criados pelos avós.

Naquela época, na Alemanha, todas as crianças frequentavam a escola em período integral durante oito anos (era obrigatório). Nos dois anos seguintes, iam aprender uma profissão. Após este período, ingressavam no serviço militar. Só então atingiam a maioridade e estavam aptos a trabalhar em suas profissões.

Augustho teve seus estudos interrompidos, pois, aos 16 anos de idade, foi convocado para a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Sua função como soldado era de rádio telegrafista na frente de batalha. Permaneceu durante dois anos perto da fronteira da Alemanha. Somente em 1918, após o término dos conflitos, com 18 anos de idade, ele pode reiniciar seus estudos, aprender um ofício. Sua profissão na Alemanha era modelador de automóveis (as cabines dos carros eram feitas de madeira).

Em 1923, aos 23 anos de idade, imigrou para o Brasil. Chegou ao Porto de Santos e continuou sua viagem até Porto Alegre (RS). Em Santos, precisou vender o relógio que havia herdado de seu pai, para poder se alimentar e continuar sua viagem. Nunca mais em sua vida ele quis usar relógio.

Foi se estabelecer em Erechim (RS), onde se encontrou com algumas famílias alemãs, aprendeu a falar a língua portuguesa e iniciou suas atividades como marceneiro. Com o passar do tempo, montou sua própria marcenaria. Casou-se em Erechim, em 1925, com Leocádia Knapp, que era descendente de alemães e natural de São Sebastião do Caí (RS).

Leocádia era costureira e trabalhava em casa, costurando para as alfaiatarias da cidade, confeccionando ternos e camisas.

Com os conhecimentos de mecânica industrial, parte adquiridos na Alemanha, tornou-se montador de moinhos de erva-mate, de trigo e especializou-se em montagens de serrarias (existia muita extração de madeira na época). Era sempre muito solicitado para este trabalho.

Por volta de 1934/1935, vendeu sua marcenaria em Erechim e montou sua primeira serraria no interior de Caçador (SC), assim como outras de amigos seus. Trouxe sua família para morar ali e mais tarde fixou residência em Caçador.

Precisou vender seus bens quando iniciou a Segunda Guerra Mundial, pois os imigrantes (alemães, italianos, japoneses) não podiam possuir bens no Brasil (os que possuíam eram confiscados pelo governo). Foram tempos muito difíceis para os imigrantes. Foi graças à grande amizade que possuía com o delegado de Polícia de Caçador, o qual sempre encontrava serviços indispensáveis para ele fazer, que não foi preso como os outros. 

A partir de então, começou a montar fábricas de Pasta Mecânica. A convite do Sr. Napoleão Sbravatti, veio para Marombas – Curitibanos montar uma fábrica de Pasta Mecânica, da qual tornou-se sócio após o término da montagem da mesma. A sociedade foi constituída em 1941 e era composta por diversos sócios. A razão social era Bula Sbravatti & Cia Ltda. Com o passar dos anos, mudou a razão social para Marombas & Cia Ltda. e, hoje, esta empresa é a Marombas Indústria e Comercio de Madeiras e Papelão Ltda.

 Augustho Gröne foi responsável pela montagem da primeira serraria (muito moderna para a época) de outra empresa, porém, com os mesmos sócios da primeira empresa, sendo atualmente a Indústria de Cartão Sbravatti Ltda., pertencente à família Sbravatti.

Construiu, no interior de Ponte Alta do Norte, junto com seu genro Doromeu Bossardi e teve como sócio o Sr. Alfredo Goetten, a fábrica de Pasta Mecânica Bossardi e Goetten Ltda., posteriormente Bossardi & Groene Ltda. A mesma foi desativada em 2010 e, atualmente, é uma filial da Marombas Ind. e Com. de Madeiras e Papelão Ltda., e mudou sua atividade para Geração de Energia Elétrica.

Quando veio para Marombas, ficou morando na casa do Sr. Napoleão Sbravatti por algum tempo e tornaram-se grandes amigos. Mais tarde, foi morar no hotel que existia ali e cujo proprietário era outro amigo. O Sr. João Popinhak. Em 1952, estabeleceu-se definitivamente em Curitibanos com sua família que havia ficado em Caçador.

Augustho e Leocádia tiveram duas filhas: Helga Wilma Grone e Helena Cecilia Grone Bossardi.

Ele gostava de tocar gaita de boca nas horas de folga, reunir-se com a família para cantar, principalmente na época do Natal, momentos esses que ele adorava. Gostava muito de ler, de conversar sobre filosofia, ciência e sobre o futuro da humanidade. 

Conquistou muitas amizades em todos os lugares onde viveu, amava o Brasil e principalmente esta terra que o acolheu de braços abertos.

Faleceu em 1965, aos 65 anos de idade, vítima de leucemia galopante. Sua esposa e companheira já havia falecido no ano anterior, com 64 anos de idade. As filhas acreditavam que a tristeza pela perda da esposa o levou a contrair esta doença.

Foi um pioneiro. Partiu muito cedo, mas viveu intensamente todos os dias de sua vida, assim como outros pioneiros de nossa terra.

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Texto atribuído a Miriam Bossardi, Dhebora Costa Pellizzaro e Jornal A Semana. On-line: Disponível em: http://www.adjorisc.com.br/jornais/asemana/coluna-tradicionalismo-dhebora#.UfBk343FVWQ


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