Texto de Antonio Carlos Popinhaki
Maximiliano Scolaro nasceu na cidade de Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul, em 28 de novembro de 1923. Seus pais eram imigrantes italianos, os quais se chamavam João Scolaro e Celestina Tessaro. Maximiliano, ainda muito jovem, naquela cidade, trabalhou na agricultura familiar, juntamente com os seus pais e os irmãos. Ainda na cidade de Getúlio Vargas, conheceu a jovem Olga Voloski, de família de origem polonesa, com quem se casou e teve seis filhos, aos quais receberam os nomes de Ivanir, Luci, Luíza, João Maria, José Antônio e Lorena.
Após percorrer algumas localidades gaúchas, a família chegou em Curitibanos na década de 1950. Com uma junta de bois, começou a prestar serviços para uma grande serraria localizada no Taquaruçu. Com crianças pequenas, o casal dirigia-se diariamente para as matas com a intenção de derrubarem araucárias para a empresa contratante. Maximiliano e Olga recebiam por quantidade de toras estaleiradas e carregadas em caminhões da empresa. De posse de uma serra de mais de dois metros de extensão, o casal tinha a árdua tarefa de serrar e derrubar as araucárias, num serviço extenuante, complicado e perigoso, uma vez que as crianças pequenas acompanhavam tudo de perto. Aquela era uma época de ouro para o setor madeireiro da região. Os pinheiros derrubados eram cortados em toras com a mesma serra manual, depois as toras eram estaleiradas para o carregamento em caminhões. Para estaleirar as toras era necessário arrastá-las pelo meio da mata até o estaleiro. Para esse serviço eram utilizados, antes dos primeiros tratores, juntas de bois. Uma das filhas de Maximiliano relatou, que ainda lembra, que mesmo com a tenra idade, muitas vezes recebiam a tarefa dos pais para aparar ou limpar os terrenos onde os estaleiros seriam construídos, ou por onde as toras seriam arrastadas. Para isso, utilizavam ferramentas, como enxadas, pás e facões.
Após permanecerem por uns dois anos no Taquaruçu, a família mudou-se para a localidade conhecida na época por “Três Serrarias”, interior do que hoje é o município de Brunópolis. Lá, adquiriram uma pequena propriedade, sendo logo contratados para trabalhar na extração de toras de araucária para uma das serrarias do local, de propriedade do senhor Roberto Becker. O serviço era praticamente o mesmo que o executado no Taquaruçu, oferecendo todos os riscos à saúde. Permaneceram no local por anos, até venderem a propriedade ao dono da serraria e mudarem para a cidade de Curitibanos. Maximiliano construiu várias amizades duradouras nesse tempo de árduo trabalho no setor madeireiro.
Em Curitibanos, Maximiliano adquiriu ou aperfeiçoou um dom, como uma alternativa paralela e consciente aos médicos e enfermeiros do local, ele aprendeu a colocar os membros destroncados ou deslocados no seu devido lugar. Era mais do que comum, geralmente, nas segundas-feiras, atletas, praticantes principalmente do futebol curitibanense, procurarem a residência do senhor Maximiliano para que ele pudesse aliviar as suas dores. As suas filhas contam, que naquela época, era comum rasgarem alguns lençóis para confeccionar tiras ou ataduras para serem empregadas nos ferimentos daqueles que procuravam os serviços do pai. Um detalhe muito importante, e que não pode ficar de fora deste texto, segundo os familiares, nunca foi cobrado nada em valores monetários pelo auxílio aos machucados. Maximiliano efetuava todo o serviço com amor, e com altruísmo.
Maximiliano Scolaro sempre teve um bom relacionamento com todos. Entre os vizinhos, na pequena cidade de Curitibanos, no bairro e rua onde morava com a família, não foi diferente. As amizades foram duradouras e sólidas. O casal Maximiliano e a esposa Olga estavam sempre prontos para ajudar aqueles que a eles pediam socorro. Talvez, por ser descendente de italiano, Maximiliano tornou-se um católico fervoroso. Tão fervoroso que também acabou se tornando uma espécie de beato benzedor. Como já citado, não era raro encontrar pessoas em sua residência solicitando alguma ajuda espiritual, ou mesmo física, pois aprendera a técnica de realocar alguns membros deslocados em seus devidos lugares, como braços e pernas destroncados ou deslocados.
Como uma pessoa boa, sempre recebia os vizinhos, parentes e amigos nos finais de tarde, principalmente, nos finais de semana para uma boa conversa regada a uma roda de chimarrão. Ele gostava muito de Curitibanos, o lugar que fincou raízes com a sua família. A sua casa sempre estava cheia e era acolhedora. Tinha um belo quintal, muito bem cuidado por ele, com muitas árvores frutíferas e um parreiral, que produzia, na sua estação, cachos de uvas admiráveis. Em época de colheita, sempre dividia com quem o visitava, as suas frutas e as verduras plantadas e cuidadas com muito zelo e carinho.
Apesar de não possuir muito estudo, acreditava nas pessoas. Ele esbanjava carinho e passou aos seus descendentes os princípios de honestidade, responsabilidade social, carisma e devoção religiosa. Maximiliano Scolaro acreditava que as pessoas deveriam ajudar umas às outras, de forma altruísta, sem nada pedir em troca. Confiava na família, dizia constantemente que um casamento era uma grande responsabilidade, que os casais deveriam ser companheiros e cúmplices, permanecerem juntos para manter a base sólida do núcleo familiar, para perpetuar e fortalecer a união. Seus familiares o consideravam um excelente pai, avô e bisavô. Apesar de não possuir "Luiz" em seu nome, era conhecido como "Seu Luiz", "Tio Luiz" e "Vô Luiz".
No dia 17 de dezembro de 2003, com seus invejáveis 80 anos, já viúvo, faleceu num dos leitos do Hospital Hélio Anjos Ortiz, às 23:30 horas de Insuficiência Respiratória Aguda (Broncopneumonia). O seu corpo foi sepultado no cemitério público municipal São Francisco de Assis, na cidade de Curitibanos. Na ocasião do seu falecimento, Maximiliano deixou 6 filhos, 26 netos e 41 bisnetos. Uma grande e invejável prole, que aumenta gradativamente, conforme os anos avançam, esses, tem uma enorme responsabilidade, a de perpetuar os seus ensinamentos de vida.
Para homenagear esse grande homem que adotou Curitibanos como se fosse a sua terra natal, no dia 14 de dezembro de 2020, a bancada do Movimento Democrático Brasileiro — MDB, apresentou na Câmara Municipal de Vereadores de Curitibanos, o Projeto de Lei do Legislativo n.º 0040/2020, que denominaria um prédio público a ser construído de “Ginásio de Esportes Maximiliano Scolaro”. No dia seguinte, os pareceres das comissões da Câmara de Vereadores de Curitibanos foram favoráveis à tramitação do Projeto, sendo ele aprovado em 17 de dezembro de 2020. A sanção do prefeito, que na época era o senhor José Antonio Guidi, foi no mesmo dia, tornando-se na Lei Ordinária Municipal n.º 6410/2020.
O referido Ginásio de Esportes foi construído após aquela data, na gestão do então prefeito Kleberson Luciano Lima, sendo inaugurado no dia 20 de junho de 2023, às 19:00 horas. Estiveram presentes no ato de inauguração, três filhas e demais parentes de Maximiliano, sendo o momento muito emocionante, com belas recordações de um tempo que não existe mais. O ex-vereador de Curitibanos e parente de Maximiliano, o senhor Angelo Scolaro representou a família, juntamente com o prefeito e autoridades presentes. Ele forneceu, em seu discurso, importantes informações, principalmente, justificando, que por atender inúmeros atletas lesionados no passado, Maximiliano Scolaro sempre esteve ligado ao esporte local, sendo apropriada a homenagem ao mesmo.
A localização do referido Ginásio de Esportes é na esquina das Avenidas Duque de Caxias com a Rua Luiz Brocardo no Bairro Nossa Senhora Aparecida, anexo ao Núcleo Municipal Professora Teresa Lemos Preto. Com certeza, foi uma justa homenagem.
Referências para o texto:
Histórico encontrado na pasta digital da Câmara de Vereadores de Curitibanos.
Fotografia: Acervo da família Scolaro.
Com informações de Angelo Scolaro.
Com informações de Ucride Scolaro.
Com informações de Luci Maria Scolaro Zambilo.
Com informações de Lorena Scolaro.
Com informações de Luiza Scolaro.
Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais de Curitibanos.
Curitibanos — Câmara de Vereadores de Curitibanos. Projeto de Lei do Legislativo n.º 0040/2020.
Curitibanos — Lei Ordinária Municipal n.º 6410/2020.
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