quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Gregório Pereira da Cruz


Texto de Luiz Marcos Cruz

Gregorio Pereira da Cruz nasceu em 8 de janeiro de 1881, em São Joaquim, Santa Catarina. Conforme documentos ainda existentes, seguem informações da Paróquia de Lages.


Aos 25 de agosto de 1881, nesta Matriz de Lages, batizei e pus os Santos Óleos ao inocente Gregório, nascido em 08 de janeiro do corrente ano, liberto pela lei de 28 de setembro de 1871 (Lei do Ventre Livre), filho de Ignácia, parda, solteira, escrava de Thimóteo Pereira da Cruz. Foram padrinhos João Francisco de Medeiros e [?] Pereira de Medeiros. Ass. Vigário Antônio Luiz Esteves de Carvalho. (Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres de Lages, 1881, liv. 28B, p. 19).


Dentro do seio da família de Gregório, como não havia registro, perpetuou-se a informação de que ele fazia aniversário no Natal. Casou-se com Maria da Conceição Borges de Melo em 15 de agosto de 1909, em São Joaquim, Santa Catarina. Tiveram pelo menos três filhos e uma filha, chamados Clodomiro, Maria Inácia, Valdomiro e Altamiro, todos com o sobrenome Pereira da Cruz. Clodomiro casou-se com Jurandy Brasil, Maria Inácia casou-se com Cornelio Huguen Neto, Valdomiro casou-se com Arciria da Rosa (Tiloca) e Altamiro casou-se com Madalena Maciel. Na ocasião do casamento, Gregório declarou que ocupava a profissão de “criador”.

Depois, por viuvez, no dia 27 de julho de 1918, casou-se com Domingas Fontanella, com quem teve três filhos: Normélia Fontanella Cruz, Norma Fontanella Cruz e Alcidomiro Cruz. Normélia casou-se com Cícero Pereira, Norma casou-se com Jarbas do Amarante Ferreira e Alcidomiro casou-se com Zilma Nunes. Já na ocasião desse casamento, Gregório declarou que ocupava a profissão de “comerciante”.

No ano de 1906, Gregório fez parte do corpo de jurados da Comarca de São Joaquim da Costa da Serra. Em 1908, através da Resolução n.º 7, o então Coronel Cezario Joaquim do Amarante, Superintendente Municipal, exonerou Gregório dos cargos de Agente Arrecadador e Zelador de obras públicas municipais.

No dia 26 de dezembro de 1926, houve a inauguração do sino da igreja Matriz de São Joaquim, sendo madrinhas as senhoras da sociedade joaquinense, entre elas, a senhora Domingas Fontanella Cruz.

Em 1928, foi criado o Banco de Crédito Popular e Agrícola de São Joaquim. Gregório Pereira da Cruz foi um dos fundadores. Também exerceu o cargo de Diretor Superintendente da instituição bancária até a data da incorporação pelo Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina — INCO, em 3 de setembro de 1942.

No ano de 1930, ocupou o posto de Major da Guarda Nacional. Nessa ocasião, era o administrador municipal em exercício, com o título de sub-prefeito em exercício. No dia 11 de julho de 1930, concedeu, através da Lei Ordinária Municipal n.º 267, uma autorização à firma Ghizoni & Irmão o privilégio de explorar por trinta anos o fornecimento de energia elétrica para o povoado de Urubici, local que na época pertencia ao território de São Joaquim.

Em 23 de agosto de 1931, nas dependências do Clube Astréa, houve a eleição para a diretoria da Sociedade São Vicente de Paula, sendo Gregório o mais votado naquela eleição, tornando-se presidente até 1933. No dia 25 de fevereiro de 1934, na Igreja Matriz de São Joaquim, estiveram reunidos os membros da diretoria da Sociedade São Vicente de Paula, presidida por Gregório Pereira da Cruz, com a finalidade de proceder à eleição para presidir os destinos da Associação Beneficente Bento Cavalheiro do Amaral. Na ocasião, Gregório foi eleito o primeiro presidente dessa Associação.

No dia 1.º de fevereiro de 1936, houve eleições para prefeito. Gregório foi diplomado no dia 1.º de março daquele ano, às 13 horas, pelo excelentíssimo Doutor João Henriques, Juiz Eleitoral da 20ª Zona, bem como diplomou os vereadores da nova Câmara: Hercílio Vieira do Amaral, Raul Araujo Arruda, Gasparino Velho, José Vieira da Rosa, Felicíssimo Rodrigues e Venâncio Borges, estando ausente o vereador Lourival Pereira do Amaral. Procedida a eleição para a composição da mesa, ficou assim constituída: Presidente: Hercílio Vieira do Amaral, Vice-presidente: José Vieira da Rosa, Primeiro secretário: Raul Araujo Arruda, Segundo secretário: Gasparino Velho. Perante ela (mesa), prestou compromisso legal o senhor Gregório Pereira da Cruz que em seguida foi pelo presidente da Câmara empossado no cargo de prefeito do município. Passando ao Gabinete de Despachos para a cerimônia de posse. O novo prefeito imediatamente entrou a despachar o expediente que constou das respostas dos telegramas recebidos e dos ofícios dos funcionários da prefeitura que pediram exoneração dos respectivos cargos.

Já no seu primeiro ano de mandato, conforme relatório do exercício de 1936 e orçamento para o ano de 1937, encontramos as seguintes obras e benfeitorias: No setor de Viação e Obras Públicas, constam as manutenções e melhorias das estradas de São Joaquim e Urubici; estrada São Joaquim a Bom Jesus; estrada São Joaquim a Bom Jardim; estrada Painel a Sant’Anna. Construção e manutenção da Balsa sobre o Rio Lavatudo, no Passo do Barreiro. No setor de Instrução Pública, encontramos a criação de novas escolas municipais subvencionadas: Escola da Capela de São Francisco do Boqueirão, Escola São Mateus, Escola do Morro Grande e Escola dos Morros Altos, conforme os Decretos e as Resoluções de 1937, pertinentes ao setor.

No setor da saúde pública, encontramos um ferrenho combate à varíola proveniente da região do Contestado. No setor das finanças e economia, havia otimismo com a demonstração de quadros comparativos com anos anteriores. Era animador o otimismo com exportação de produtos do estado, atingindo os produtos produzidos no município como a batata-inglesa, milho e feijão. Havia no final de 1936 uma dívida herdada de administrações anteriores, desde 1930, principalmente com pessoas que bancaram obras públicas (Joaquim Goulart, José Bendo, Avelino Del Castanhel e Hipólito da Silva Matos). Foi elaborada uma lei para o pagamento parcelado até a quitação total dessas dívidas. Os pagamentos estavam suspensos desde 1930 por força da intervenção municipal da Revolução de 1930.

Da Ordem Pública, o governador do estado atendeu à solicitação de reforçar o destacamento de policiais locais, mandando um contingente de trinta praças da força pública, restabelecendo aos poucos a tranquilidade da população.

Ele exerceu o seu mandato até o ano de 1941. No seu mandato destacaram-se importantes obras. Em 24 de fevereiro de 1938, a seu mando, houve a construção da primeira usina hidrelétrica de São Joaquim (Usina Hidrelétrica do Rio São Matheus).

Em janeiro de 1936, foi dissolvida a sociedade da empresa “Pereira Arruda & Cia. Ltda.”, sendo afastados ou retirados da sociedade Francelizio Pinto de Arruda e Clodomiro Pereira da Cruz. O distrato é datado de 11 de janeiro de 1936 e está registrado na Junta Comercial do Estado de Santa Catarina sob o n.º 1523.

No dia 28 de setembro de 1941, houve uma Assembleia Geral Extraordinária na sede da Agência do Banco de Crédito Popular e Agrícola de São Joaquim, com a presença de vários acionistas, estando à frente o Diretor-Superintendente, no exercício do cargo de Diretor Presidente, o senhor Gregório Pereira da Cruz. O objetivo era a encampação do banco pelo Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina — INCO. Os assuntos discutidos na reunião foram aprovados. A ata foi registrada no livro n.º 12-A, às folhas n.º 43 a 44 do livro de pessoas jurídicas pelo cartório Oficial de Registro Especial, sendo o Oficial, o senhor Cícero Pereira, no dia 3 de setembro de 1942.

Como gerente do Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina — INCO, Gregório permaneceu até a data da sua aposentadoria. Ao aposentar-se, transferiu o cargo para o seu filho Valdomiro Cruz e este, por sua vez, ao irmão Alcidomiro Cruz.

Ele faleceu em 11 de novembro de 1960, em sua cidade natal, com 79 anos, e foi sepultado em São Joaquim, Santa Catarina, Brasil.



Referências para o texto:


Portal FamilySearch. On-line, disponível em: https://www.familysearch.org/tree/person/about/9QJ4-YBP


São Joaquim — Lei Ordinária Municipal n.º 267/1930.


Gazeta Joaquinense. Anno III, São Joaquim, Santa Catarina, 1.º de junho de 1908, edição n.º 10, p. 1


Jornal A Gazeta, Florianópolis 14 de março de 1936, página 5.


São Joaquim — Lei Orçamentária para o ano de 1937.

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